A lenda da cegonha transportando os bebês surgiu na Escandinávia, na época em que os bebês costumavam nascer em casa. As mães contavam aos filhos que o seu irmãozinho havia sido trazido pela cegonha justificando o aparecimento repentino de um novo membro na família. Para explicar o descanso da mãe depois do parto, dizia-se que, antes de partir, a cegonha havia bicado sua perna. A escolha da cegonha estava relacionada com a sua característica dócil e protetora, cujos casais permanecem juntos a vida toda. |
Mas naquele então uma das naturezas da cegonha era pouco conhecido: o infanticídio parental. Sim, as vezes, as cegonhas, geralmente machos, aceleram a redução da ninhada matando alguns dos filhotes. Surpreendentemente, embora o infanticídio parental seja um método rápido e eficiente de redução de crias, raramente era observado, antes do advento das câmeras digitais.
Em 2018, um desses eventos foi gravado no ninho das cegonhas-brancas em frente ao estuário de Urdaibai, no distrito de Busturialdea, no País Basco, Espanha. Enquanto alguém observava o ninho e os seus ocupantes, a cegonha adulta começou a atacar uma das suas crias. Após muitos golpes violentos no pescoço, o franguinho finalmente caiu do ninho.
Segundo reportagens, membros do Santuário de Vida Selvagem do Governo Regional de Biscaia mais tarde recuperaram a ave, mas ela estava gravemente ferida. Ela foi levada para o santuário, mas morreu dois dias depois.
Nas aves, o infanticídio parental é um meio de economizar energia. Ao eliminar o indivíduo que tem menos chance de sobrevivência, os adultos visam aumentar a dos demais. Este tipo de comportamento foi observado no galeirão-euro-asiático, na gaivota-mexicana e nas cegonhas branca e preta. Um estudo realizado na Andaluzia observou que o infanticídio parental ocorre em 23% dos ninhos de cegonha-branca, o que torna a lenda bastante irônica.
Em geral, é o macho quem mata os menores ou o mais encrenqueiro dos pintinhos e isso geralmente ocorre quando eles têm menos de uma semana de idade. O que tornou o evento de Urdaibai diferente é que o indivíduo morto tinha mais de um mês de idade e, portanto, estava quase adulto.
Há algumas teorias para esse comportamento incomum. Poderia estar relacionado com o desaparecimento de um dos adultos que estava ajudando a alimentar os filhotes. Outra teoria seria a diminuição de fontes de alimento próximas ao ninho. Mas a hipótese mais aceita é o número de filhotes, pois a maioria das vítimas nasce do último ovo chocado em ninhadas de 4 e 5 ovos, que são mais leves e mirrados exigindo cuidado redobrado dos pais.
Por isso, a presença de um filhote extra parece diminuir a relação custo/benefício para os pais que criam uma ninhada grande, uma vez que seus irmãos mais velhos tenham eclodido com sucesso. Esta hipótese poderia fornecer uma explicação para a existência de infanticídio parental também em outras espécies. Ainda que o vídeo abaixo possa causar incômodos antropomórficos, o pai sacrifica uma vida para salvar outras.
Um projeto criado na Polônia reúne voluntários para esquadrinhar os ninhos de cegonhas, logo depois que elas voltam da África no inverno. Todos os ovos excedentes dos ninhos com mais de 3 ovos são recolhidos e incubados em estufas.
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