Do submundo do mundo natural, onde os invertebrados atacam qualquer coisa em que possam colocar suas presas, temos um novo combustível de pesadelo: centopéias gigantes (Scolopendra) mastigando cobras. Em 2017, uma equipe de biólogos na Tailândia relatou a "observação fortuita" de uma centopeéia atacando uma cobra, ainda mais perturbadora pelo fato da criatura com garras escolher um momento em que a cobra estava mais vulnerável: enquanto estava pondo ovos. A Scolopendra é um gênero rico em espécies de grandes lacraias tropicais. |
O gênero contém muitas espécies de centopeias encontradas nos trópicos do mundo e em áreas temperadas mais quentes. As espécies variam consideravelmente em coloração e tamanho e podem ser muito grandes. As maiores espécies encontradas em climas tropicais podem exceder 35 centímetros e são as maiores centopeias vivas do mundo.
Todas as espécies de Scolopendra< podem desferir uma mordida dolorosa, injetando veneno através de seus forcípulos, que não são presas ou outras peças bucais; senão que são pernas modificadas no primeiro segmento do corpo.
O artrópode terrível são conhecidos por comer não apenas sua comida típica de insetos, mas também lagartos, cobras, sapos, percevejos, cupins, baratas, traças, aranhas e outras pragas domésticas. As criaturas noturnas e com várias pernas que medem até 10 cm foram capturadas rondando filhotes de ratos em ninhos, lagartos, morcegos e até pássaros.
Os biólogos acreditam que esse comportamento é amplamente oportunista, em vez de um alimento básico da dieta da centopeia, e sua ação contra cobras é uma visão bastante rara. Mas, desta vez, a equipe da Estação de Pesquisa Ambiental de Sakaerat, na Tailândia, tirou a sorte grande quando se deparou com uma monstruosidade retorcida nas folhas secas do matagal da floresta. (foto abaixo)
- "A centopéia foi encontrada já enrolada em todo o corpo da cobra, que foi capturada durante a oviposição, com três ovos já postos e outros dois aparentemente ainda dentro de seu corpo", escreveu a equipe no
Para manter sua vítima imóvel, a lacraia a agarrou com suas pernas semelhantes a garras e, para garantir, apunhalou a cobra seguidamente com seus forcípulos. Eles determinaram que a centopéia assassina era a Scolopendra dawydoffi, uma espécie grande e agressiva comum no sudeste da Ásia, e a cobra em seu abraço mortal era a cobra-triangular-de-cabeça-preta (Sibynophis triangularis).
O que torna este incidente uma espécie de "prêmio" de um biólogo é a posição indefesa da cobra: ela estava no meio de depositar uma ninhada de ovos. Como eles explicam, as fêmeas de cobra são mais vulneráveis durante esse processo de postura, então a centopéia escolheu atacar em um momento particularmente oportunista, aproveitando essa situação particular da qual o animal não poderia escapar.
Os cientistas concluem que, com base em suas observações e relatórios anteriores na literatura, é possível que a lacraias gigantes comam presas vertebradas com mais frequência do que supúnhamos, porque o retorno nutricional de uma cobra ou sapo suculento seria significativo em relação a um grilo ou besouro.
Existem no Brasil cerca de dez espécies de lacraias, sendo a mais comum a Scolopendra viridicornis que pode alcançar até 20 centímetros de comprimento. Um artrópode noturno por natureza, elas permanecem durante o dia escondidas em locais escuros e úmidos, como troncos de árvores e embaixo de folhas caídas, pedras e entulhos. Muitas pessoas acabam sendo inoculadas ao manusear tais locais sem a devida proteção. Uma mordida da viridicornis provoca dor local intensa e, em alguns casos, sintomas típicos de intoxicação, como vômito e até desmaios.
Esse é um dos casos na natureza conhecidos como "reversão predador-presa", a interação biológica em que um organismo que é tipicamente uma presa na interação de predação, age como o predador. Lacraias fazem parte da dieta de diversas espécies de serpentes do gênero Bothrops, sobretudo a jararacuçu. centopeias não são afetadas pelo veneno da cobra, mas o oposto é verdadeiro. Assim a cobra deve ter um tamanho considerável para assimilar o veneno enquanto engole a lacraia, pois do contrário vai virar lanche.
Ainda assim a cobra pode acabar morta mesmo depois de engolir uma centopéia. Na literatura zoológica há casos de centopeias que foram comidas por cobras e, em vez de aceitar seu destino, roeram a cobra por dentro abrindo um grande buraco no seu abdômen inferior.
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