Quem é o primeiro faraó egípcio que você pode imaginar? Para muitas pessoas, a resposta é claro Tutancâmon, mais conhecido hoje como Rei Tut. Desde a descoberta de sua tumba em 4 de novembro de 1922, o rei Tutancâmon se tornou uma celebridade global. Artefatos da tumba da sua tumba percorreram o mundo, inspirando pessoas desde crianças comuns até o presidente dos Estados Unidos, Herbert Hoover, que nomeou seu cão em homenagem ao famoso faraó da 18° dinastia. |
A descoberta da tumba de Tutancâmon foi um dos maiores achados arqueológicos de todos os tempos. Em grande parte negligenciado e intocado por séculos, o túmulo continha mais de 5.000 artefatos, variando de ouro e joias a ornamentos funerários rituais e itens comuns que o rei usava em sua vida cotidiana. Quando a notícia dessa descoberta abundante foi divulgada, ela abalou o mundo.
Mas e o próprio rei? Ele deve ter sido reverenciado em sua época se foi enterrado com todo esse tesouro, certo? Muito pelo contrário.
Acredita-se que o rei Tutancâmon do Egito tenha sido um dos governantes com mais deformidades da história por ser o fruto de um relacionamento endogâmico. Seu pai, o faraó Aquenáton, era conhecido por ter se casado com sua própria irmã. Apesar de seus desafios físicos, o rei Tut ascendeu ao trono aos 9 anos de idade, mas tragicamente morreu aos 19 e foi enterrado às pressas em uma tumba que não era destinada a um faraó.
Nos anos que se seguiram, seu nome foi apagado de todos os registros e estátuas, eles queriam que sua existência fosse totalmente esquecida. Mas a história tem uma maneira de desafiar as expectativas. Hoje, o rei Tut é o faraó mais popular e reconhecível do antigo Egito e o governante mais estudado da história antiga.
Via: Griffith Institute, Oxford.
Mais de um século depois que sua tumba foi descoberta, grande parte da vida do rei Tutancâmon permanece envolta em mistério, incluindo os detalhes mais básicos. Quem eram seus pais? Como ele morreu? E em qual túmulo ele foi jogado ao acaso após sua morte prematura?
Seu reinado foi marcado por controvérsias. Após sua morte, Tut foi intencionalmente esquecido por seus sucessores, que literalmente o apagaram dos monumentos e histórias oficiais. Então, o que realmente sabemos sobre o menino rei?
Via: Griffith Institute, Oxford.
Qualquer compreensão da história do rei Tutancâmon deve começar com seu predecessor: o herege Aquenáton, um fanático religioso radical que se revoltou contra a ortodoxia egípcia. Ele rejeitou o panteão egípcio canônico, liderado por Amon, o rei dos deuses, em favor de uma espécie de monoteísmo centrado em um deus solar, Aton, que aparecia como o disco solar visível. Essa mudança estimulou mudanças na arte e na cultura do país, mudanças que foram criticadas por um grande contingente de egípcios.
Apesar de um desdém geral por sua revolução religiosa, Aquenáton herdou uma economia em expansão e aproveitou a riqueza da nação para subornar as elites, lançando ouro e glamour para qualquer um que jurasse fidelidade. Ele se tornou um iconoclasta, mobilizando seus asseclas para remover qualquer aparência de Amon dos monumentos e cidades do Egito.
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Em seu movimento mais radical, o faraó mudou seu próprio nome, de Amenófis IV, que significa "Amon está satisfeito", para Aquenáton, que significa "Perfeito para Aton". Ele então se mudou com sua família para uma nova capital, que ele construiu a partir do zero: Akhetaten, que significa "o horizonte para o Aten".
Como Aquenáton desmantelou a ortodoxia egípcia, conseguiu consolidar poder e influência. Ele escreveu hinos para sua nova religião e decretou que somente ele poderia orar diretamente a Aton; outros deviam orar por meio dele. Ele desenvolveu um estilo de arte que glorificava a si mesmo, onde sua representação era sempre maior que a de Aton e onde sua forma obscurecia as linhas entre homem e animal, rei e deus.
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Aquenáton tornou-se um fanático religioso totalitário, odiado por seu povo. Foi nessa era de inquietação cultural e na capital herética de Aquenáton que o rei Tutancâmon nasceu.
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Tut foi originalmente chamado de Tutancaten, que significa "imagem viva de Aton". Seu parentesco permanece controverso, mas evidências de DNA indicam que o menino era filho de incesto. Embora os egiptólogos tenham proposto um punhado de candidatos para o pai de Tutankhaten, a maioria concorda que ele era filho de Aquenáton.
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A identidade de sua mãe, por outro lado, permanece muito debatida. Alguns pesquisadores sugerem que uma das irmãs de Aquenáton era a mãe de Tut. Outros acreditam que uma das filhas de Aquenáton pode ter desempenhado esse pape, já que ele promoveu a filha Ankhesenamun a Grande Esposa Real. Olha o "balaio de gatos": nele pode ter sido filho da tia ou da própria irmã.
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Tutancaten assumiu o trono alguns anos após a morte de Aquenáton, quando tinha apenas 9 anos de idade. Quando criança, ele provavelmente teve conselheiros que manipulavam os cordões, incluindo Nefertiti, que governou anteriormente como rainha com Aquenáton e que pode ter reinado algum tempo imediatamente após sua morte. Seu objetivo era claro: reconciliar-se com seus súditos e restaurar a ortodoxia egípcia.
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Tut e seus conselheiros reconstruíram monumentos aos antigos deuses e trocaram Akhetaton pela capital anterior, Tebas. Ele mudou seu nome para Tutancâmon, ou "imagem viva de Amon", marcando um compromisso com os velhos costumes.
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No final das contas, sua tentativa de se reconciliar com as normas egípcias falhou. Tutancâmon morreu após apenas 10 anos no poder. Mesmo depois que sua múmia foi descoberta em 1922, ainda não sabemos a causa da morte do jovem rei.
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Algumas teorias de trabalho incluem doenças genéticas decorrentes de sua linhagem consanguínea; um acidente de carruagem; e uma ferida na perna infectada com malária. Mas, ao contrário da especulação popular, ele certamente não foi assassinado por um golpe na cabeça.
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A morte prematura do rei Tutancâmon levou a um enterro peculiar, o que pode ter contribuído para que sua tumba permanecesse escondida por mais de 3.000 anos. Embora ele tenha sido enterrado no cemitério real conhecido como Vale dos Reis, a tumba de Tutancâmon era pequena em comparação com as criptas cavernosas de seus faraós vizinhos. É claro que o espaço originalmente não era para ele.
Via: Griffith Institute, Oxford.
Sua tumba é menor do que qualquer outra encontrada no Vale dos Reis. É muito mais simples, quase totalmente sem decoração nem luxo. Assim que alguém entra na antecâmara pode ver mais ou menos a coisa toda, como mostram as fotos que ilustram o artigo. Descobrir a quem pertencia originalmente a tumba continua sendo um mistério tão profundo tal qual a vida de Tut.
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Quando se tornou rei, Tut se casou com uma rmã chamada Anquesenpaatem, que mais tarde mudou seu nome para Anquesenamom. Tiveram duas filhas, nenhuma das quais sobreviveu a infância. Uma morreu prematura de seis meses e outra nasceu com espinha bífida, escoliose e deformidade de Sprengel, certamente em decorrência da endogamia.
Assim o rei Tut não teve filhos como herdeiros. Sua morte deixou o trono vago, para ser reivindicado e repassado por homens fortes militares como um jogo real de "batata quente". A 18ª dinastia terminaria com o faraó Horemebe, antigo conselheiro que usurpou os monumentos de Tutancâmon como seus, esculpindo seu nome sobre o de Tut onde quer que o encontrasse.
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Tut fazia parte de um regime excessivo e radical dirigido por Aquenáton que devia ser esquecido. O regime era tão discordante que seus sucessores limparam seu legado. Não falaram sobre eles, não estão nas listas dos reis, não estão registrados nas paredes do templo. Assim, Tutancâmon foi praticamente apagado da história.
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Paradoxalmente, a insignificância do rei permitiria, séculos mais tarde, aos arqueólogos fazer uma das mais importantes descobertas da época. A única razão pela qual descobrimos a tumba de Tutancâmon é que ele não tinha nenhuma importância.
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Quase todas as tumbas do Vale dos Reis tiveram seus tesouros roubados na antiguidade, mas a tumba de Tutancâmon foi poupada. Os saqueadores não foram ao túmulo de Tutancâmon porque estava coberto com algumas centenas de anos de calcário, tempo perdido e lascas do túmulo de Ramsés VI.
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Desde a abertura da tumba, seus artefatos percorreram o mundo diversas vezes , e Tutancâmon alcançou o estrelato global. Não importa seu tamanho, a descoberta arqueológica de uma tumba totalmente intacta foi nada menos que espetacular, e seus tesouros continuam a produzir novas descobertas até hoje.
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A ironia é que a tumba de Tutancâmon e seu conteúdo são mais conhecidos do que o próprio faraó. O rei Tut continua sendo um governante misterioso, mas um tanto prosaico, uma nota de rodapé de um regime fanático. Sabemos muito pouco sobre seu reinado, mas pelo que sabemos, seu nome certamente não era tão amado ou renomado como é hoje, muito devido a seu pai.
A verdade é que nossa obsessão por um rei menino, cujo breve reinado se baseou em um regime extremamente impopular e que não conseguiu se reconciliar com seus súditos desiludidos, pode nos ajudar a refletir sobre nossos próprios valores.
Via: Griffith Institute, Oxford.
Alguns egiptólogos da velha escola esperam que os estudantes do antigo Egito vejam o legado de Tutancâmon através de uma lente mais crítica, questionando os antigos sistemas sociais que permitiram que um rei fosse reverenciado como um deus e um menino de 9 anos recebesse o poder absoluto.
A única razão pela qual uma criança de nove anos se torna rei do estado mais poderoso e rico do mundo antigo é porque sua família fazia parte de um sistema de desigualdade. O olhar impenitente e positivista desses reis e seus tesouros, sem lançar um olhar crítico sobre como eles acumularam esses recursos, é a parte perigosa da história.
Via: Griffith Institute, Oxford.
As fotos colorizadas pela Dynamichrome deste artigo mostram a descoberta da tumba de Tutancâmon pelo egiptólogo e arqueólogo Howard Carter e seus ajudantes, em 4 de novembro de 1922. O achado foi quase uma casualidade ocorrida quando ele revisava uma escavação previamente abandonada e descobriu um degrau talhado na rocha. Ao final do dia seguinte, uma escada inteira havia sido desenterrada revelando o sarcófago abaixo dela. Não fosse por essa vicissitude talvez a tumba jamais seria conhecida.
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