O que acontece quando uma criança é forçada a aceitar outra como irmão? Bem, o que acontece quando a nova irmãzinha é na verdade um\ chimpanzé? Dois psicólogos, Luella e Winthrop Kellogg, conduziu um experimento na década de 30, usando seu próprio filho como controle e uma bebê chimpanzé chamada Gua como cobaia. No entanto, em vez da chimpanzé aprender a agir como um humano, eles obtiveram resultados inesperados, pois seu próprio filho acabou tendo problemas de desenvolvimento. Winthrop teve essa ideia durante seu período de pós-graduação desencadeada por um artigo sobre as "meninas-lobos" da Índia. |
Em 1920 descobriram duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos na Índia. A primeira tinha um ano e meio e morreu um ano mais tarde depois da descoberta. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. As duas meninas não tinham nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante à dos irmãos lobos.
Winthrop argumentou que essas crianças, e outras como elas, nasceram com inteligência normal, pois seria improvável que tivessem sobrevivido. Ele afirmou que as crianças aprenderam a viver como lobos porque era "isso que o ambiente exigia delas. Foi com base nisso que os pais decidiram criar seu filho Donald com a chimpanzé, em um experimento para determinar o efeito do meio ambiente no desenvolvimento dos chimpanzés e a possibilidade de humanizar o primata.
Este experimento foi iniciado quando Gua tinha 7 meses e Donald, 10 meses. Foram criados como irmãos, comiam na mesma hora, usavam as mesmas roupas, tinham os mesmos brinquedos e dormiam no mesmo lugar. À medida que o experimento avançava, Donald começou a copiar Gua, fazendo os sons de um chimpanzé e também andando como um.
Gradualmente ele estava se tornando uma criança selvagem. Isso levou ao encerramento abrupto do experimento, pois eles esperavam que Gua imitasse Donald, e não o contrário.
Desde o início, ficou claro que o chimpanzé está estabelecendo domínio sobre a criança. A mensagem do chimpanzé levando a criança para passear como um cachorro, enquanto o pai anda de mãos dadas com o chimpanzé, mostra à criança a ordem de dominação.
Apesar do entusiasmo de Winthrop pelo significado psicológico, antropológico e biológico do estudo, este não esteve isento de críticas. As críticas vieram de colegas, do público e até de Luella. Alguns afirmaram que o projeto era desumano, enquanto outros apontaram a inconveniência de usar uma criança como sujeito experimental por um longo período. Outros desaprovaram a separação de Gua de sua mãe e de outros chimpanzés. Além disso, como o estudo foi escrito de forma pública e divulgado pela mídia, alguns críticos caracterizaram o estudo como busca de publicidade.
Embora Gua tenha progredido de forma impressionante na aquisição de comportamentos humanos cotidianos, ela não atendeu às expectativas de Winthrop, porque não fez nenhum esforço para se comunicar através da linguagem humana. Após nove meses de trabalho, o estudo terminou na primavera de 1932. Faltavam quatro anos e três meses para seu plano inicial de cinco anos. Gua permaneceu na Flórida e morreu um ano depois de ser separada de Donald.
Sites sensacionalistas dizem que o experimento teve um efeito duradouro e deletério em Donald, que se matou aos 43 anos. Por isso fiquei curioso para saber mais sobre a vida dele após o experimento e o que o levou a tirar a própria vida, de fato, há pouca informação da vida pregressa de Donald. O site de memórias Ancient Faces, diz que Donal realmente se suicidou em janeiro de 1973 em Maryland, mas relata aspectos positivos de sua vida.
- "Donald acabou se saindo muito bem. Ele se formou na Universidade de Indiana e na Faculdade de Medicina de Harvard para se tornar um psiquiatra que atuou na Bethesda. Ele se casou com Lydia Ann Dashiells em 28 de agosto de 1955."
Infelizmente, não há muita informação sobre a vida de Donald, e nem é possível saber se a experiência o afetou, se é que o afetou, e que outros fatores contribuíram para o seu fim trágico, se é que realmente teve um fim trágico. O site Find a Grave, o obituário mais famoso da rede, com efeito, mostra uma tira de jornal com o obituário de Donald, sem citar suicídio.
A própria revista Smithsonian, que é sempre tão detalhista em suas matérias, sequer cita o nome de Donald depois do experimento. Como tal, escrevem os autores, a experiência de Kelloggs provavelmente teve mais sucesso do que qualquer estudo anterior na demonstração das limitações que a hereditariedade impõe a um organismo, independentemente das oportunidades ambientais, bem como dos ganhos de desenvolvimento que poderiam ser obtidos em ambientes enriquecidos.
De qualquer forma nunca ficou bem claro o motivo pelo qual o experimento terminou de forma abrupta e misteriosa. Pode ser que os Kelloggs estivessem simplesmente exaustos depois de nove meses de trabalho ininterrupto como pais e cientistas. Ou talvez fosse o fato de Gua estar se tornando mais forte e menos controlável, e os Kelloggs temerem que ela pudesse prejudicar seu irmão humano.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários