Figuras esportivas atuais como Messi, Cristiano Ronaldo, Rafa Nadal e o próprio Michael Jordan, o top 1 do clube do bilhão, são respeitadas por suas habilidades em suas respectivas modalidades esportivas e os patrocinadores e clubes são responsáveis por recompensá-los financeiramente de acordo. No entanto, nenhum deles, mesmo juntando as suas fortunas, seria capaz de igualar a riqueza acumulada pelo atleta mais popular da Roma antiga: Caio Apuleio Diocles. Caso você esteja se perguntando como um cocheiro pode ter ganhado tanto dinheiro, as corridas de bigas eram o evento estelar do Império Romano. |
O equivalente a um Grande Prêmio de Fórmula 1, mas em vez de carros com mais de 1.000 HP de potência, competiam carruagens puxadas por quatro cavalos, trigas (por três cavalos) ou bigas (por dois cavalos) e agrupados em quatro equipes ou facções: Branco, Vermelho, Azul e Verde.
Essas facções se tornaram as atuais equipes de F1 e os aurigas eram os pilotos desses carros, que eram reverenciados como verdadeiras superestrelas. Porém, embora esses atletas não assinassem contratos de exclusividade com patrocinadores, recebiam verdadeiras fortunas pela vitória em cada prova.
Caio Apuleio Diocles foi um dos cocheiros de maior sucesso do Império, e conseguiu erguer a coroa de louros em 1.462 corridas. Cada uma dessas vitórias, além da correspondente coroa de louros dos campeões, foi acompanhada por uma quantia substancial em dinheiro. A sua longa carreira fez dele um dos atletas mais bem pagos de todos os tempos e acumulou uma fortuna superior à de Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar e Michael Jordan juntos.
Apesar de ter sido um dos atletas mais reconhecidos do Mundo Antigo, a história de Caio Apuleio Diocles só chegou aos nossos dias através de duas gravuras em que a sua história é contada. A primeira e mais importante é uma lápide que os especialistas suspeitam ter sido colocada em homenagem às suas realizações pelos seus seguidores nas paredes do Circo de Nero, que ficava na atual Cidade do Vaticano.
Esta laje descreve detalhadamente todo o histórico do campeão, bem como o valor financeiro de todas as corridas em que foi vitorioso.
Caio Apuleio Diocles nasceu na província romana da Lusitânia, atual Portugal, Estremadura e sul de Castela e Leão. Conjectura-se que poderia ter nascido na capital daquela província, Augusta Emerita. O que conhecemos hoje como Mérida. No entanto, não há registro escrito disso.
O que se sabe é que ele nasceu no ano 104 e com apenas 18 anos estreou na arena. Apenas dois anos depois ele começou a provar o sabor do sucesso, levantando os louros de campeão.
O cocheiro português continuou a alimentar o fervor dos adeptos durante os 24 anos seguintes, correndo nas arenas mais prestigiadas como o Circus Maximus de Roma, com capacidade para 150 mil espectadores. Em algumas ocasiões, e por uma questão de espetáculo, o cocheiro pedia para partir da última posição para acabar vencendo.
Conforme registrado na estela encontrada no Circo de Nero (abaixo), Caio aposentou-se aos 42 anos, 7 meses e 23 dias, firmando-se como um dos aurigas com maior carreira na Roma Antiga em um esporte que se destacava pela periculosidade.
As bigas frequentemente colidiam durante a corrida e os cocheiros eram arrastados por seus próprios cavalos, pisoteados pelos cavalos de seus rivais ou atropelados por suas bigas. Um risco que nos leva de volta aos circuitos de Fórmula 1 ou MotoGP de hoje.
As inscrições testemunham um impressionante histórico composto por 4.257 corridas nas quais alcançou 1.462 vitórias e ficou em segundo lugar em 1.438 competições. A maioria delas foi alcançada dirigindo bigas, mas ele também obteve vitórias em outras disciplinas envolvendo bigas puxadas por até sete cavalos.
A inscrição que o homenageia atesta a audácia do cocheiro lusitano, especificando que em uma das provas participou em duas corridas com carros puxados por três e seis cavalos, terminando vitorioso em ambas no mesmo dia.
Somando o valor de todos os prêmios conquistados, Caio Apuleio Diocles arrecadou cerca de 36 milhões de sestércios. O professor Peter Struck, da Universidade da Pensilvânia, tentou ajustar essa fortuna à inflação, e determinou que hoje seria o equivalente a 16 bilhões de dólares, colocando-o entre as 100 pessoas mais ricas do mundo, segundo a lista da Forbes .
O campeão pôde aproveitar sua fortuna em um retiro dourado em Praeneste, que corresponde à atual Palestrina, cidade próxima a Roma. No Templo da Fortuna Primitiva daquela localidade foi encontrada a base de uma escultura onde se menciona, a título de epitáfio, o campeão lusitano que ao morrer deixou um filho e uma filha: Caio Apuleio Nimfidiano e Nimfidia.
O filme épico "Ben-Hur", de 1959, dirigido por William Wyler e estrelado por Charlton Heston, expôs bem o perigo das corridas de bigas. A adaptação do romance "Ben-Hur: um Conto de Cristo", escrito por Lew Wallace, teve o maior orçamento e os maiores cenários construídos na história do cinema até então. Com um orçamento de 15 milhões o filme de 3 horas e 42 minutos teve uma receita de 150. Bem diferente da versão homônima de 2016, com Rodrigo Santoro, que foi um fiasco, com um orçamento de 100 milhões e uma receita de 90.
As filmagens começaram em 18 de maio de 1958 e foram finalizadas apenas em 7 de janeiro de 1959, sendo gravadas seis dias por semana durante períodos de doze a catorze horas diárias. Os diretores da MGM tomaram a decisão de filmar Ben-Hur no formato widescreen, uma decisão que Wyler não gostou nem um pouquinho.
Mais de duzentos camelos, 2,5 mil cavalos e dez mil figurantes foram usados durante as filmagens. A pós-produção durou seis meses, com a batalha marítima sendo realizada com miniaturas em um grande tanque de água nos estúdios da MGM em Culver. A corrida de bigas de nove minutos de duração se tornou uma das sequências mais famosas do cinema (acima), enquanto a trilha sonora composta por Miklós Rózsa é a mais longa já composta e muito influenciou outros filmes épicos por mais de quinze anos.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários