A África é um continente de contrastes, onde épocas de abundância são seguidas por épocas de escassez. Durante a estação seca, muitos rios e poços encolhem e secam, deixando para trás poças lamacentas que prendem peixes e outras formas de vida aquática. Essas piscinas se tornam fonte de alimento para predadores como os leopardos, que aprenderam a pescar cavando com as patas. Os leopardos pescadores do canal de Savuti, em Botsuana, África, são conhecidos pelas suas habilidades únicas na captura de peixes, mas raramente são fotografados porque a seca coincide com a época de baixo turismo. |
Assim não é incomum ver grandes felinos saltando em poços lamacentos para pegar um bagre nas várias piscinas formadas pelo sazonal Rio Savuti. Em geral eles ficam parados na margem esperando que sua refeição apareça antes de saltar com reflexos relâmpagos. Não é necessário dizer que os conhecidos como leopardos-de-Savuti saem com o corpo coberto de lama espessa e escura, mas a furtividade compensa quando o leopardo pega o que quer.
Em um vídeo viral publicado por Aubrey Tseleng, fotógrafo e guia da vida selvagem, vemos um leopardo parado em uma piscina rasa na Reserva de Caça de Mashatu. O leopardo começa a cavar na água com a pata. Ele faz uma pausa por um momento, como se sentisse algo. Então, do nada, um peixe cai do "céu"! O leopardo parece atordoado, mas rapidamente se recupera e agarra o peixe com a boca. Em seguida, ele vai embora com sua captura inesperada, embora provavelmente tenha ficado bastante confuso com a forma como o peixe pousou.
Como isso aconteceu? Bem, da forma como o vídeo é cortado, parece um pouco confuso. O que provavelmente aconteceu é que o leopardo já havia capturado o peixe e colocado na grama acima da piscina lamacenta para voltar a ele mais tarde. Enquanto ele procurava mais peixes para adicionar à sua coleção, o bagre rastejou o suficiente para cair do barranco, diretamente sobre a cabeça do leopardo.
No seguinte vídeo uma mãe leoparda e seus dois filhotes chegam a uma outra poça na mesma região. Ela vê os bagres borbulhando na lama e não sabe se aquilo é uma fonte de alimento muito necessária. Muito provavelmente ela nunca viu um bagre vivo antes e eventualmente desiste. Um de seus filhos parece mais tentado a saciar sua fome, mas nesse momento os bagres param de se mexer e ele não sabe o que é barro e o que é peixe. Para sua sorte, um elefante chega a margem da piscina para tomar um banho de lama e revela a posição dos peixes.
O leopardo espera pacientemente, pois sabe que se aproximar do elefante vai arrumar briga com o grandão, mas assim que ele sai o felino tenta abocanhar um bagre enorme, sem sorte, dando credibilidade à expressão "bagre ensaboado". Ele meio que se atrapalha e não sabe o que fazer, mas finalmente conseguiu prender o peixe.
Por mais engraçado que seja, o vídeo mostra como os leopardos são adaptáveis e oportunistas. Eles podem caçar em diferentes habitats e atacar vários animais, desde antílopes a macacos e peixes. Eles também são muito inteligentes e curiosos e podem aprender novas habilidades em seu ambiente. Este leopardo juvenil pode ter acabado de descobrir uma nova forma de caçar peixes, e quem sabe o que mais ele pode fazer?
Este outro leopardo, gravado no Parque Nacional de Chobe, também cruzado pelo Savuti, é a prova que o comportamento é estendido. Ele parece ser um pescador experimentado, pois caminhou até a água calmamente e ficou olhando as potenciais presas. O leopardo entrou na água muito lentamente, com os olhos voltados para o bagre e, de repente, mergulhou na água escura. Depois de abocanhar o bagre, ele emergiu coberto de lama até a alma.
Você pode provavelmente estar coçando a cabeça e se perguntando: - "Como estes peixes sobrevivem nesse barro?" Alguns peixes africanos desenvolveram adaptações surpreendentes para sobreviver nestas condições adversas. O bagre-africano (Clarias gariepinus) pode respirar ar atmosférico, sobrevivendo em ambientes com baixo índice de oxigênio. Isso permite que ele fique ali enterrado na lama, mas se a poça ou o rio secar ele pode rastejar em terra por quilômetros atrás de um novo corpo de água.
Já o peixe-pulmonado-africano (Protopterus annectens) cava um buraco na lama onde entra verticalmente, para que a boca permaneça em contato com a atmosfera. Se o nível da água cair abaixo do seu buraco, eles começam a secretar um muco para manter a umidade em seu corpo e ali podem ficar por meses até que a água retorne.
O bagre africano é uma espécie carnívora e muito resistente. Foi introduzido no Brasil em meado da década 1980 e se tornou uma praga invasiva. Quando foi inserido em águas brasileiras, causou diversos impactos negativos na fauna nativa e por isso é considerado uma espécie invasiva.
Ele se adaptou ao ambiente onde foi introduzido, desenvolveu grande poder de reprodução e dispersão, causou a extinção de peixes e plantas e modificou habitats, entre outros impactos. Por não possuírem predadores naturais, espécies invasivas se multiplicam rapidamente, competindo ou mesmo se alimentando diretamente das espécies nativas. No ecossistema do rio Paraíba do Sul e lagoas adjacentes o bagre-africano vem dominando o território aquático. Tanto que quando chove em Campos dos Goytacazes é possível coletar bagres nas poças das ruas.
Devido a esses impactos, inicialmente, seu cultivo foi proibido, mas devido à sua fácil reprodução e à possibilidade de cultivo em alta densidade, ele saiu de controle. Por possuir respiração aérea facultativa, por meio de órgãos arborescentes, o cultivo em alta densidade pode ser feito sem uso de aeradores ou altas taxas de renovação da água. Em um tanque onde o piscicultor cria 1.000 kg de tilápias, por exemplo, pode criar até 7.000 kg de bagres.
Na época de sua introdução, muitos acreditaram ter descoberto o peixe que faria a piscicultura brasileira decolar, no entanto, a carne do bagre-africano apresenta uma coloração escura por causa de seu sangue e tem sabor de barro, pior até que a própria carpa, que por si só é um asco. Também é necessário tratá-lo para que possa ser consumido. É necessário sangrá-lo, cortar o filé e deixar na água gelada por no mínimo 6 horas para que seja retirada a amônia, do mesmo jeito que é feito com o filé de cação.
Muitos ambientalistas brasileiros acham que é necessário uma mobilização para ontem. Eles cobram que seja criado um programa governamental, em conjunto com pescadores profissionais e esportivos dispostos a retirar esses animais e reintroduzir as espécies nativas, antes que aconteça aqui o que ocorreu na Índia.
O bagre-africano foi introduzido no leste do país no início da década de 1990 como fonte de alimento. A sua criação e importação estão agora proibidas pelo Ministério da Agricultura porque prejudica a biodiversidade aquática, de fato, eles arrasaram com o ecossistema aquático da região se alimentando dos peixes nativos. No entanto, continuam a ser criados clandestinamente em todo o país devido ao baixo custo da sua carne. Os peixes escapam frequentemente de explorações aquícolas não regulamentadas e entram em corpos de água.
Para rastrear o seu eDNA, os cientistas testaram um ensaio em corpos d'água de Hyderabad, Telangana, e descobriram que 11 das 12 amostras mostravam a presença do bagre. Muitos pescadores da região tiveram que abandonar a profissão porque a carne do peixe não é rentável o bastante. A cada dez peixes que pescam, nove são bagres.
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