Há alguns anos, apresentamos aqui no MDig a arte japonesa do kintsugi (literalmente ""carpintaria com ouro" em japonês), cujos praticantes consertam cerâmica quebrada com ouro de uma maneira que enfatiza, em vez de esconder, as rachaduras. Desde então, a ideia parece ter capturado a imaginação ocidental, inspirando não poucas pesquisas on-line, mas também livros e manuais. Mas, como nos lembra o kintsugista Yuki Matano, o kintsugi é visto como uma técnica de reparo refinada no Japão. Os japoneses geralmente não associam o kintsugi à arte-terapia ou à saúde mental. |
Para voltar à essência do kintsugi e obter uma compreensão mais clara de sua laboriosa natureza física, não faria mal nenhum observar alguns kintsugistas trabalhando. Tomemos como exemplo Hiroki Kiyokawa, que reflete sobre seus 45 anos praticando a arte em Quioto, não sem antes expressar suas próprias ideias sobre como ele sente que também está restaurando as partes quebradas dele mesmo, no vídeo da BBC abaixo.
Ou, para uma apresentação mais moderna, dê uma olhada neste vídeo tutorial de Chimahaga, um kintsugista que recentemente lançou seu próprio canal no Youtube dedicado a explicar o que faz. Ele até enviou vídeos não apenas sobre kintsugi, mas também sobre gintsugi, que consegue um efeito diferente, mas igualmente impressionante, usando prata em vez de ouro.
Kintsugi claramente não é um hobby que alguém possa dominar em alguns fins de semana, mas também não é necessário ser um artesão de Quioto ao longo da vida para se beneficiar de seu aprendizado, como enfatiza a psicóloga Alexa Altman no vídeo abaixo. Tendo aprendido kintsugi no Japão, ela o pratica de uma forma pouco convencional, reparando não cerâmica danificada pelo tempo ou por acidente, mas cerâmica que ela quebrou propositalmente.
A tigela, neste caso, representa "algum aspecto de você mesmo"; o martelo é "um instrumento de mudança”; a cola tem tudo a ver com conexão; os buracos e fissuras "podem ser representações de perda"; o ouro é "glória, uma celebração". Quer você aceite ou não essas metáforas, aqueles que praticam o kintsugi -ou qualquer ofício que exija tal grau de paciência e concentração- certamente melhoram seu estado psicológico ao fazê-lo.
A laca é uma tradição de longa data no Japão e, em algum momento, o kintsugi pode ter sido combinado com o maki-e como um substituto para outras técnicas de reparo cerâmico. Embora o processo esteja associado aos artesãos japoneses, a técnica também foi aplicada a peças cerâmicas de outras origens, incluindo China, Vietnam e Coreia.
Uma teoria é que o kintsugi pode ter se originado no final do século XV quando o xogum Ashikaga Yoshimasa enviou um de seus potes de chá favoritas para que fosse consertado na China e não gostou nada do trabalho realizado pelos artesões chineses. Ele então levou a para artesãos japoneses e disse exatamente como ele queria que fosse feito o reparo: resina de laca e pó de ouro.
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