Restaurante feito com arbustos invasores na selva do norte de Goa tem ninhos empoleirados no seu topo

Situado nos exuberantes trópicos do norte de Goa, no oeste da Índia, um novo restaurante oferece aos clientes uma vista dos penhascos de Vagator e do mar a partir de um poleiro elevado. Intitulado "Como Água", o projeto ao ar livre é dos arquitetos do estúdio Otherworlds, que construíram dois grandes ninhos no topo do bar que oferecem uma visão panorâmica da paisagem circundante. Ainda que a linguagem oficial seja o concani, existem pessoas neste estado que falam português, devido ao domínio de Portugal na região por mais de 400 anos.

O espaço de 350 metros quadrados é feito principalmente com bambu de origem sustentável e Camara lantana, um arbusto florido invasor que causa estragos na flora e fauna locais. Arko Saha, fundador da Otherworlds, conta que a planta - "...invadiu mais de 40% dos Gates Ocidentais, um total de 13 milhões de hectares de paisagem indiana. Chegando à Índia como planta ornamental no início de 1800, a lantana escapou dos jardins e dominou ecossistemas inteiros."

Para "Como Água", a equipe envolveu a Camara lantana amadeirada em torno do bar, grades de metal, divisórias e coberturas para evocar as estruturas entrelaçadas criadas pelos pássaros-tecelões. A equipe acrescenta:

- "Os tecelões são aves sociais, geralmente nidificando e alimentando-se em colônias. Eles coletam todos os tipos de materiais naturais como galhos, fibras e folhas para tecer uma membrana que funciona como ninho, geralmente pendurada no galho de uma árvore."

Os materiais usados para construir ninhos incluem fibras finas de folhas, grama e galhos. Muitas espécies tecem ninhos muito finos usando fios finos de fibra de folha, embora alguns, como os tecelões-de-búfalos, formem ninhos enormes e desarrumados em suas colônias, que podem ter ninhos esféricos tecidos em seu interior.

A Camara lantana, também conhecida como camará, cambará, camará-de-cheiro, camará-de-espinho, cambará-de-cheiro, cambará-de-chumbo, cambará-de-espinho, cambará-miúdo, cambará-verdadeiro, entre outros nomes, foi listada como uma das dez piores espécies invasoras do mundo.

Suas florezinhas amarelas e vermelhas são lindas, mas com a passagem do tempo elas se tornam embaraços de galhadas que escapam dos jardins e dominam ecossistemas inteiros através das suas múltiplas variedades híbridas. E o pior é que suas raízes entranham na terra e para arrancá-las é necessário cavadeira. Eu sei!

Nos 200 anos desde sua chegada a Goa, a planta evoluiu para agora subir na copa como uma trepadeira lenhosa, enredar outras plantas formando um matagal denso e espalhar-se no chão da floresta como um arbusto trepador. A Lantana é dispersa principalmente por pássaros frugívoros, macacos, ursos e similares, mas também é capaz de crescer a partir de suas raízes e nós.

Isto resulta no seu crescimento generalizado, afetando em última análise a biodiversidade, os meios de subsistência e a saúde humana e animal, desde a deslocação de plantas nativas e a redução da produtividade nas pastagens através da formação de densos matagais até tornar extremamente difícil às comunidades tribais o acesso à floresta para tubérculos comestíveis e recolha de lenha. Nunca plante esta merda!

Fotos: Studio Charau © Otherworlds.