A espetacular fortaleza portuguesa do Arquipélago das Berlengas

Situado na costa oeste de Portugal, quase no extremo ocidental da Europa, encontra-se o Arquipélago das Berlengas, um conjunto de ilhas e ilhotas situadas no Atlântico, a cerca de 10 quilômetros do distrito de Leiria, cidade de Peniche, também conhecido como Forte de São João Baptista (classificado como Monumento Nacional desde 1938). O Arquipélago é constituído por três grupos de ilhas de origem granítica, sendo as principais as da Berlenga Grande, que é a única atualmente habitada, das Estelas e dos Farilhões.

Caracterizam-se pelas suas costas íngremes, com falésias e numerosas grutas perfuradas pela erosão marinha, e apresentam relevos abruptos que atingem os 95 metros de altitude no ponto mais alto.

A Berlenga Grande é a maior das ilhas do arquipélago, com 1,5 quilômetros de comprimento por 0,8 quilômetros de largura, e uma área superior a 75 hectares, em torno da qual se localizam uma infinidade de pequenas ilhotas e formações rochosas. Esta ilha foi um palco crucial para a defesa portuguesa ao longo dos séculos.

O geógrafo do século II d.C. Cláudio Ptolomeu menciona-a na sua Geografia como Londobris, provavelmente derivado de londo-briga, significando "fortaleza de Londos".

Os primeiros vestígios da presença humana nas Berlengas remontam à Antiguidade, altura em que eram utilizadas como refúgio pelos Fenícios e Gregos que navegavam por estas águas.

Um mosteiro foi fundado na Idade Média, embora tenha sido posteriormente abandonado devido a ataques de piratas. Os primeiros colonos permanentes chegariam apenas no século XV.

O seu isolamento natural permitiu a preservação de um ecossistema de grande riqueza biológica, com colônias de aves marinhas e diversas espécies endêmicas de plantas, razão pela qual em 1981 foi declarada Reserva Natural e em 2011, Reserva da Biosfera pela UNESCO. Antes, por decreto real de 1465, foi a primeira área protegida de Portugal.

Em uma ilhota da costa sudeste da Ilha da Berlenga Grande situa-se o Forte de São João Baptista, também conhecido como Castelo das Berlengas. É uma antiga fortaleza militar construída por D. João IV de Portugal em 1651, como parte das defesas costeiras contra os ataques da pirataria berbere e das frotas inimigas espanholas, francesas e inglesas.

A localização era estratégica: do alto das suas muralhas era possível controlar o acesso tanto à Baía de Peniche como a todo o arquipélago. A construção aproveitou as ruínas de um mosteiro do século XVI, anteriormente abandonado, e liga-se à ilha através de uma ponte de alvenaria.

Em 1655, ainda em construção, resistiu ao cerco e ao bombardeio de uma frota otomana. E em 1666 enfrentou o ataque de uma frota espanhola de 15 navios que, com grandes perdas, conseguiu finalmente conquistar a fortaleza, segundo a tradição portuguesa com a ajuda de um desertor.

Segundo outra versão, o objetivo da frota espanhola, que era raptar a rainha Maria Francisca de Sabóia à sua chegada a Portugal para se casar com o rei Afonso VI, não foi alcançado graças à resistência da guarnição da fortaleza.

O forte tem planta poligonal octogonal irregular que se adapta à morfologia da ilha, com dois pisos de altura que albergam estreitos corredores abobadados. O seu perímetro é marcado por janelas nos lados norte e oeste, enquanto a sul e leste existem canhoneiras para artilharia.

Depois de fazer parte do sistema defensivo da costa portuguesa durante séculos, em 1847 o forte foi finalmente desmantelado e abandonado. Em meados do século XX foi restaurado, classificado como monumento nacional e convertido em um pitoresco albergue que atualmente continua a oferecer alojamento aos visitantes do arquipélago.