Para alguns, a ascensão e disseminação de elapídeos -serpentes peçonhentas com um dente inoculardor- venenosos foi apenas mais um desafio ao qual se adaptar. Para outros, foi uma catástrofe de proporções quase apocalípticas. E nós, humanos, não somos exceção, porque parece que quando os elapídeos entraram no cenário ecológico, nem mesmo os nossos ancestrais pré-históricos estavam seguros e precisaram evoluir para sobreviver ao veneno de cobra. |
Um estudo, publicado na revista BMC Biology, por pesquisadores da Universidade de Queensland adicionou uma nova camada de compreensão ao nosso passado evolutivo, mostrando como os primeiros primatas eretos desenvolveram maior visão e resistência ao veneno à medida que começaram a entrar em contato com cobras.
- "Essas características provavelmente foram construídas ao longo de milhões de anos em uma 'corrida armamentista evolutiva'", disse Richard Harris autor do estudo. - "À medida que os primatas de África ganharam a capacidade de andar eretos e foram dispersos por toda a Ásia, desenvolveram armas para se defenderem contra cobras venenosas. Isto provavelmente desencadeou uma corrida armamentista evolutiva e desenvolveu esta resistência ao veneno."
A descoberta foi feita quando a equipe descobriu que humanos, chimpanzés e gorilas compartilhavam exatamente a mesma sequência receptora, que evoluiu para resistir ao veneno de cobra, uma sequência que não foi encontrada em outras espécies de primatas arbóreos, como lêmures e outros primatas sul-americanos.
- "Humanos, chimpanzés e gorilas tiveram a maior resistência que encontramos, e a razão para isso foi que todo o grupo tinha exatamente a mesma sequência de receptores", disse Richard. - "É importante notar que esta resistência não é absoluta: não somos imunes ao veneno da cobra, apenas temos muito menos probabilidade de morrer do que outros primatas."
O estudo também analisou como o desenvolvimento da visão humana poderia ser uma adaptação evolutiva à medida que os primatas desciam das copas das árvores e precisavam ver distâncias maiores para ajudar a detectar e a defender-se contra cobras venenosas.
A descoberta abre uma nova janela para a compreensão da evolução dos primatas e também pode explicar os padrões migratórios de nossos ancestrais primatas.
- "Isso permitirá explorar ainda mais esta relação entre primatas e os primeiros hominídeos e cobras venenosas. Nos levando a melhor compreender nossa própria história evolutiva", disse Richard
Estamos reconhecendo cada vez mais a importância que as cobras desempenharam na evolução dos primatas, incluindo a forma como o nosso cérebro está estruturado, aspectos da linguagem e até mesmo o uso de ferramentas. Este trabalho revela mais uma peça do quebra-cabeça desta complexa corrida armamentista e reforça ainda mais a circunstância de porque temos tanto medo de cobras.
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