Da mesma forma que usamos a voz para nos comunicarmos, a maioria das aves também vocaliza para executar a mesma função. O som é usado para fazer contato entre os indivíduos do mesmo bando, entre macho e fêmea, entre os pais e pintinhos e entre os concorrentes de um mesmo território. As aves podem vocalizar desde notas curtas e simples aos cantos longos e melodiosos. Algumas produzem sons tão estridentes e escandalosos que chegam a incomodar. Se não sabem cantar ou piar, tamborilam a madeira com o bico ou estalidos das penas, ou simplesmente entram mudos e saem calados como a maioria dos urubus. |
Arensar, arrular, bigornear, cacarejar, cantar, chalrear, cocoricar, crocitar, dobrar, fraquejar, garrular, gorjear, gralhar, grasnar, guinchar, palrear, piar, rufar, rulhar, taralhar, tintinar, trinar, zinzilular são apenas alguns poucos exemplos das vozes das aves. Dada a quantidade de espécies seria possível preencher um livro com o nome dos sons feitos por elas. Mas você já se perguntou por que algumas aves cantam, o colibri trissa, o periquito chalreia, alguns piam, outros regorjeiam e aqueles que estão do lado de fora da janela do nosso quarto às 5 da manhã grasnam? DA mesma forma que usamos s laringe para modular os diferentes sons que emitimos, as aves usam a siringe.
Ambos órgãos fonadores ficam na garganta, mas a siringe está localizada mais precisamente no final da traquéia, na bifurcação que forma os brônquios do pulmão. Isso permite que a siringe tenha duas fontes de som, uma de cada brônquio, o que dá às aves uma gama incontável de sons vocais. Quando o ar passa pela siringe ela vibra e com ela as moléculas do ar em volta. Essa vibração é amplificada e o som sai pela boca na forma de onda sonoras que escutamos.
Mas mesmo no reino das aves, a vida não é justa. A melodiosidade e versatilidade da voz de um pássaro é um produto da evolução: quanto mais músculos e mais desenvolvidos uma ave tiver ao redor de sua siringe, mais doce será seu canto. Aves que não precisam conversar com outras para encontrar uma fonte de alimento, como avestruzes e abutres, não possuem músculos seringais.
Os patos e marrecos passam os dias remando em torno de lagos e bamboleando ao longo da costa, à vista uns dos outros, por isso não precisam de canções elaboradas para atrair um companheiro. Uma simples "grassitada" seguida de uma "cacarejada" e a agitação de uma pena da cauda é suficiente.
Mas as aves que passam a maior parte do tempo nas árvores precisam de vozes que sejam transmitidas, já que todas as folhas funcionam como amortecedores de som. E também precisam de sons distintos, para que uma espécie específica possa se comunicar com outros da mesma espécie. Como resultado, os pássaros canoros têm de cinco a nove pares de músculos ao redor de suas seringes que comprimem as melodias que servem como tudo, desde um sinal de perigo até um sino para o jantar e uma canção de amor.
Da mesma forma que alguns humanos conseguem modular o ar através da vibração das pregas vocais para emitir diferentes sons -este é o segredo dos imitadores-, as aves podem variar o som controlando o volume (intensidade), a altura (frequência) e a duração das notas usando a siringe. Cada espécie possui um repertório vocal típico. Assim, os ornitólogos, mesmo sem ver a ave, podem identificá-la, apenas ouvindo o seu canto. Mas o pássaro-lira consegue fazer tudo isso ao mesmo tempo.
Curiosamente, as aves podem cantar por até 7 minutos, porque, diferentemente de nós, elas podem respirar enquanto cantam. Se não acredita, experimente falar qualquer coisa enquanto inspira o ar! Viu como é difícil? Nós seres humanos falamos enquanto expiramos o ar, pois quando inspiramos as pregas vocais se fecham.
Em geral, as fêmeas dos pássaros canoros só piam, mas como toda a regra tem sua exceção, em algumas espécies, as fêmeas também cantam, fazendo dueto com o macho. Como exemplo podemos citar o bem-te-vi, o joão-de-barro, a saracura-do-brejo e a seriema.
Em geral, em muitas espécies o canto é aprendido quando a ave é jovem e para aprender direito, os juvenis precisam ouvir o canto dos adultos e por isso não é incomum ver canários-da-terra ou belgas cantando como curió. Já em outras, o canto é totalmente inato, ou seja, a ave canta sem nunca ter escutado o canto da própria espécie.
Se você está se perguntado: -"Qual é a vantagem de imitar o canto de outra espécie? Além de exibir proeza para as fêmeas, confunde os reais donos das vozes que acham que o território já está ocupado. O gaturamo-verdadeiro, mais conhecido como bonito-lindo e a sabiá-do-campo, por exemplo, imitam várias vozes e o seu território fica praticamente livre de espécies concorrentes para a exploração dos recursos alimentares da família.
Ambas as epécies possuem um canto próprio com chamados inconfundíveis. O problema chega quando um pássaro aprende o canto de outra espécie e esquece o próprio. Isto está acontecendo com o melífago-regente, outrora abundante no sudeste da Austrália, agora está listado como criticamente ameaçado de extinção. Seu problema: esqueceu-se do próprio canto ao imitar uma outra espécie de melífago, e com isso também não sabe mais seu canto de acasalamento. O e resultado é que hoje existem menos de 300 indivíduos adultos na natureza.
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