Pequeno rabisco de Michelangelo foi vendido por mais de 1 milhão de reais

No início do século XVI, o mestre renascentista Michelangelo rabiscou um simples pedaço de papel, que tem apenas algumas linhas, representa um bloco de mármore com a palavra símile (italiano para "semelhante"). No início deste mês, aquele desenho de 4,6 x 6 centímetro foi vendido na casa de leilões Christie por US$ 201.600 (1.033.000 reais), mais de 30 vezes sua estimativa baixa de US$ 6.000. Os esboços e pequenos bilhetes de Michelangelo há muito alcançam preços exorbitantes em leilões.

O esboço foi encontrado anexado no verso de outra obra, "Batalha de Gigantes", de um associado de Michelangelo. Quando essa peça foi vendida em um leilão da Christie, há quase 40 anos, o catálogo mencionava um pedaço de papel que se acreditava estar nas mãos de Michelangelo.

Especialistas confirmaram a autenticidade do papel quando ele foi redescoberto no ano passado. Dizem que provavelmente fazia parte de uma folha maior que apresentava muitos outros desenhos de blocos.

- "Eles eram destinados às pedreiras que lhe forneciam os blocos para fazer suas esculturas, ou aos transportadores desses blocos", disse Giada Damen, especialista em desenhos de antigos mestres.

Acredita-se que Michelangelo tenha feito o desenho na época em que trabalhava no teto da Capela Sistina, uma de suas obras mais célebres, entre 1508 e 1512.

Para determinar as estimativas pré-leilão, os especialistas olham para peças semelhantes que surgiram no mercado, tendo em conta tanto a passagem do tempo como todos os aspectos do objeto atual que o tornam singular. É sempre difícil atribuir valor a algo tão raro como isto.

Em 2008, outro diagrama de blocos de mármore do artista foi vendido na Christie por mais de £ 73.000 (475 mil reais), quando sua estimativa original era de 65 mil reais. Há dois anos, um esboço mais detalhado, que os especialistas chamam de "primeiro nu" do artista, foi vendido por 20 milhões de euros (109 milhões de reais).

O desenho recém-descoberto foi encontrado ao lado de uma carta de 1836 escrita por Cosimo Buonarroti, o último descendente direto de Michelangelo, por John Bowring, um diplomata britânico que mais tarde se tornaria governador de Hong Kong. Embora o esboço não esteja assinado, Cosimo escreve na carta que é de seu ilustre antepassado Michelangelo.

O artista destruiu muitos de seus esboços antes de sua morte em 1564. Apesar desses esforços, cerca de 200 folhas sobreviveram. A maioria delas é propriedade da Casa Buonarroti, um museu de Florença dedicado a Michelangelo, e a Christie estima que menos de dez estejam em mãos privadas.