Os funiculares são um meio de transporte estranho, mas, ao mesmo tempo, são um dos mais eficientes em termos energéticos. O sistema consiste em dois carros contrabalançados presos nas extremidades de um longo cabo que sobe uma encosta e passa por uma polia e depois desce. Então, quando um carro sobe, o outro desce. O peso das duas composições se contrabalança, de modo que apenas uma quantidade mínima de energia é necessária para puxar o carro em ascensão, o que geralmente é fornecido na atualidade por um motor elétrico. |
Alguns funiculares históricos tornaram o sistema ainda mais eficiente em termos energéticos, utilizando a água como força motriz. Este meio de transporte foi criado em meados do século XIX como uma alternativa às ferrovias, como meio de vencer grandes declives.
Esses funiculares possuem tanques de água construídos sob o piso de cada carro que podem ser enchidos ou esvaziados para pesá-los apenas o suficiente para permitir o movimento. Normalmente, os tanques ficam vazios no início da viagem.
Após o embarque dos passageiros em ambos os vagões, o operador da estação superior é informado da quantidade de passageiros que entraram no vagão ascendente. Ele então sabe a quantidade exata de água que precisa ser colocada no tanque do carro superior para torná-lo mais pesado do que o carro na parte inferior da colina.
Uma vez alcançado um desequilíbrio suficiente, os freios são liberados e o funicular é acionado exclusivamente pela gravidade. Ao final do trajeto, o carro que desce é esvaziado de água e o processo se repete.
Muitos funiculares movidos a água foram posteriormente equipados com motores elétricos. Felizmente, alguns ainda operam até hoje. Alguns exemplos de funiculares hidráulicos ainda em funcionamento são a Ferrovia do Morro Lynton e Lynmouth, em North Devon, Inglaterra, em funcionamento desde 1890; o Funicular do Bom Jesus do Monte em Braga, Portugal, em funcionamento desde 1882; o Elevador Leas em Kent, Inglaterra, em operação desde 1885; o Nerobergbahn em Wiesbaden, Alemanha, em operação desde 1888; o Elevador do Morro Saltburn em North Yorkshire, Inglaterra, em operação desde 1884, e o Funiculaire Neuveville-St.Pierre em Friburgo, Suíça, em operação desde 1899.
Este último é de particular interesse, pois utiliza águas residuais provenientes de uma estação de esgoto para alimentar o funicular.
A Ferrovia do Morro Lynton e Lynmouth também é única. A maioria dos funiculares movidos a água precisa que a água seja bombeada colina acima para encher os tanques na estação superior, mas na Lynton e Lynmouth a água é descartada e a água doce é retirada de um rio próximo, sem necessidade de bombeamento.
A Ferrovia do Morro Lynton e Lynmouth é um dos três funiculares totalmente movidos a água do mundo. Os outros são o Funicular Bom Jesus do Monte, em Braga, Portugal, e o Funiculaire Neuveville-St.Pierre, em Friburgo, Suíça.
Pouca gente tem conhecimento, mas o primeiro funicular do mundo foi construído no Brasil em 1867 com o aval de Dom Pedro II. Para superar a grande altitude da serra do mar de São Paulo sem criar um trecho demasiadamente longo, os engenheiro da Ferrovia Paulista Railway adotaram um sistema funicular, hoje conhecido por Primeiro Funicular da Serra construído em Paranapiacaba.
Esse sistema vencia os 800 metros de altitude da Serra por meio de 4 planos inclinados, com 10% de inclinação, totalizando um percurso de 8 quilômetros. A cada plano, a composição trocava de máquina para prosseguir viagem.
O mais famoso funicular do mundo não mais existe hoje: o Funicular do Monte Vesúvio que foi um grande sucesso em sua época, por permitir que os passageiros subissem comodamente ao cume do vulcão e desfrutassem da bela vista. No entanto logo as pessoas voltaram a sua prática de subir ao Vesúvio caminhando.
Os proprietários do transporte decidiram contratar o obscuro compositor Luigi Denza para criar um jingle comercial que ajudasse a recuperar a popularidade do funicular. Aí nascia a música mais chiclete de todos os tempos: "Funiculì funiculà".
O mais curioso desta história é que grandes compositores, como Richard Strauss e Nicolai Rimski-Korsakov, acharam que a canção era de domínio público do folclore italiano e colocaram parte dela em suas obras.
No início Luigi não deu muita importância ao saber que um compositor alemão tinha incluído-a em uma de suas obras. Mas logo apareceu mais um, e outro e outro... Luigi processou todo mundo. Ele e toda a sua família viveram dos direitos autorais da canção por 70 anos.
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