As equidnas podem ser uma das criaturas de aparência mais estranha da natureza. Assemelhando-se a um ouriço do tamanho de um pug com o focinho de um tamanduá, eles são uma das cinco espécies vivas de monotremados, os raros mamífero que põe ovos. Eles também estão envoltos em uma camada de espinhas rígidas e não têm a capacidade de suar. Características que deveriam matá-los nos desertos escaldantes da Austrália que eles chamam de lar. Em 2023, uma equipe de cientistas descobriu algumas das estratégias que a equidna utiliza para se manter fresca. |
Ela sopra bolhas de ranho e flexiona a coluna permitindo que libere calor em temperaturas que podem se aproximar de 40°C. A descoberta não é apenas interessante, ela pode ajudar os cientistas a conservar estes mamíferos misteriosos, cujas populações estão diminuindo em algumas áreas devido à perda de habitat e atropelamento por veículos.
As equidnas usam seus bicos alongados e garras poderosas para quebrar cupinzeiros, sugando os insetos com suas línguas longas e pegajosas. Quando ameaçados por predadores como gatos-selvagens, elas se enrolam como um tatu.
Os monotremados, que divergiram de outros mamíferos há milhões de anos, são incapazes de ofegar, suar ou lamber-se para se refrescar. As equidnas-de-bico-curto (Tachyglossus aculeatus), que vivem em todo o continente australiano, adotam um horário noturno para evitar o calor escaldante do verão. Se saírem durante o dia, elas se enterram debaixo das casas e ocasionalmente mergulham em bebedouros para pássaros, rios ou praias.
No entanto, mesmo com estas estratégias, os pesquisadores concluíram, a partir de estudos de laboratório, que temperaturas acima de 35°C devem cozinhar estes insetívoros espinhosos. No entanto, pesquisadores de campo observaram equidnas gingando a temperaturas de quase 40°C.
Para determinar como as equidnas superam o calor, os pesquisadores usaram uma câmera infravermelha para registrar equidnas selvagens em reservas naturais perto de Perth, na Austrália. Ao longo de um ano, os cientistas tiraram imagens infravermelhas de 124 animais, permitindo à equipe registrar suas temperaturas internas sem ter que capturá-las.
Observar estes animais na natureza é crucial, uma vez que os estudos de laboratório nem sempre reproduzem o mundo real. Nas imagens infravermelhas coletadas pela equipe, a maioria dos corpos das equidnas brilhava em tons de vermelho, laranja e rosa, sinais de vários graus de calor. Mas as pontas dos bicos eram geralmente de um tom escuro de azul marinho. Essa extrema disparidade térmica se deve ao seu ranho.
- "Quando ficam muito quentes, começam a expelir bolhas de muco que se rompem na ponta do bico", diz a autora do estudo Christine Cooper, zoóloga da Universidade Curtin.
À medida que o ranho evapora, ele carrega o calor, tornando o bico quase 10° mais frio do que outras partes do corpo da equidna. E como muito sangue passa pelo nariz alongado da equidna a estratégia também ajuda a resfriar o resto do corpo.
Outros animais também utilizam esse "resfriamento evaporativo". Cegonhas e abutres urinam nas pernas para se refrescarem, por exemplo, e os cangurus lambem os antebraços cheios de veias para mantê-los úmidos.
Mas as equidnas têm um truque adicional na manga. Suas espinhas, compostas por folículos capilares endurecidos e ocos, atuam como isolamento. Quando as criaturas estão com frio, os espinhos ficam retos ao longo de suas costas como um penteado eriçado, evitando que o calor escape. Quando quentes, os espinhos se levantam, permitindo que o calor se dissipe. É um isolamento muito flexível.
A equipe também encontrou evidências de que algumas áreas do corpo da equidna, incluindo a barriga macia e a parte interna das pernas, permitem que o calor escape. Se ficar frio, ela se enrola em uma bola para evitar a perda de calor dessas áreas.
Em estudos futuros, Christine e os seus colegas planejam modelar a quantidade de calor que a equidna perde à medida que o seu ranho evapora e os seus espinhos se deslocam. Isso poderia ajudar os pesquisadores a prever como este antigo grupo de mamíferos se sairá em um futuro mais quente.
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