Os diferentes estudos econômicos publicados anualmente, como a Lista Global de Riqueza Hurun ou o Relatório Global de Saúde, medem o estado dos ativos das pessoas mais ricas do planeta, mostrando quais os países ou cidades que têm os vizinhos mais ricos e prósperos. No entanto, estes estudos não mostram as diferenças que existem entre o 1% da população que constitui os ultra-ricos e os 50% da população mais pobre. O Relatório Mundial sobre Desigualdade, centra-se na forma como diferentes países praticam a distribuição desta riqueza. |
Acredito que uma imagem geral da desigualdade de riqueza no mundo vale mais do que mil palavras: 1% da população mundial controla 38% da riqueza global, enquanto os 50% mais pobres da população possuem apenas 2% do total. A distância entre esse 1% e o resto fala por si só.
Existem diferentes formas de definir o rendimento dos indivíduos e, portanto, múltiplas formas de medir a desigualdade. O mesmo vale para a riqueza. Ao fazer comparações internacionais dos níveis de rendimento ou de desigualdade de riqueza, é essencial medir os mesmos conceitos em todos os países para evitar conclusões enganosas.
Os dados deste estudo e os resultados dos índices de referência da pobreza, como o coeficiente de Gini, fornecem resultados diferentes, porque medem parâmetros diferentes -disparidade salarial, diferença de riqueza, etc.- Embora divirjam nos fatores levados em consideração, apresentam desigualdade na distribuição da riqueza e não são mutuamente exclusivos. São lados diferentes da mesma moeda.
Nem os dados do coeficiente de Gini nem os do Relatório Mundial sobre a Desigualdade indicam a riqueza ou pobreza global de um país, mas sim a diferença entre o 1% mais rico da população e os 50% mais pobres.
Os dados do estudo revelam a enorme lacuna na distribuição da riqueza em alguns países da América Central e Latina. A Fundação Sol publicou este mapa representativo abaixo que mostra visualmente os dados do Relatório Mundial sobre Desigualdade na América Latina.
Destaca-se o caso do Chile, com a riqueza altamente concentrada no 1% da população ultra-rica, que controla 49,8% do total, enquanto os 50% mais pobres apresentam um déficit de -0,6%, o que denota pobreza extrema.
Se expandirmos a gama de riqueza para os 10% mais ricos da população, a acumulação de riqueza aumenta para 80,4% do total. De acordo com estes dados, o Chile seria o país do mundo com a maior desigualdade de riqueza entre o segmento mais alto e o mais baixo da população.
O Brasil segue muito de perto, com um percentual de 48,7% nas mãos de 1% da população ultra-rica, enquanto os 50% mais pobres controlam 10% da riqueza total. Ao contrário do Chile, se expandirmos o quadro para os 10% da população mais rica, eles controlam 59% do total, o que indica que a maior parte desta riqueza está concentrada na população ultra-rica, existindo mesmo um fosso entre milionários e ultra-ricos.
Sem sair do continente americano, o México oferece um dos maiores índices de desigualdade do mundo, com o México tendo 47,9% da riqueza do país nas mãos de 1% da população, enquanto os 50% mais pobres registram uma dívida de -0,2%. Tal como no caso do Chile, se abrirmos o quadro aos 10% mais ricos, a acumulação de riqueza passa para 78,7%, marcando um fosso entre a metade mais pobre e a mais rica, mas não tanto nos diferentes níveis de riqueza.
O Peru também se destaca pela hiperdesigualdade entre os diferentes segmentos populacionais. A sua população mais rica acumula 45% da riqueza total do país. Os restantes países do continente estão entre 25% e 35%, valores considerados médios para o mundo como um todo. Os Estados Unidos, por exemplo, registram que 34,9% da riqueza está nas mãos do 1% mais rico , enquanto os 50% mais pobres retêm 1,5% da riqueza total. O Canadá continua com 25,2% da riqueza nas mãos dos mais ricos e 5,8% na população mais pobre.
O seguinte gráfico animado mostra os impérios, dinastias e países mais ricos do mundo por PIB entre 1600 e 2100. Ele usa dados históricos até o ano atual e então se baseia em projeções estatísticas do Banco mundial. Se tudo correr de acordo com ele, a China deve superar os Estados Unidos em 2037; na sequência, em 2067, a Índia passará a ocupar o segundo lugar. Nosso país alcançou o melhor lugar na lista em 2010, sétimo lugar, para depois afundar de vez, sendo superado inclusive por Bangladesh.
A distribuição desigual da riqueza não é algo exclusivo do continente americano. A África do Sul e a Rússia são os campeões (para o pior) em termos de desigualdade na distribuição da riqueza.
O caso da África do Sul é especialmente alarmante, com 55% da riqueza nas mãos de 1% da população, enquanto a metade mais pobre tem um déficit de -2,4%.
Na Rússia, 47,7% da sua riqueza está nas mãos de oligarcas que fizeram fortuna à custa de órgãos governamentais, enquanto os 50% mais pobres estão satisfeitos com 3,1% da riqueza total do país.
Na China, a distribuição da riqueza é mais escalonada. O percentual nas mãos dos mais ricos é de 30,5%, 67,8% para os 10% mais ricos da população e 25,8% para o segmento intermediário que representa 40% da população. Os 50% mais pobres controlam 6,4% da riqueza.
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