A mandioca (Manihot esculenta) pode ser realmente reconhecida como o alimento do terceiro mundo, pois entre os 25 maiores produtores da macaxeira não existe nem um país do primeiro. Nativa do Brasil, populações selvagens da M. esculenta subespécie flabellifolia, que se mostrou ser a progenitora da mandioca domesticada, estão concentradas no centro-oeste do Brasil, onde provavelmente foi domesticada pela primeira vez há não mais de 10.000 anos. Formas das espécies domesticadas modernas também podem ser encontradas crescendo na natureza no sul do Brasil. |
Via: Instituto Internacional de Agricultura Tropical
A mandioca foi introduzida na África durante o período de comércio de escravos proliferado por exploradores e colonizadores portugueses no século XVI. Por volta do mesmo período, também foi introduzido na Ásia através da troca colombiana por comerciantes portugueses e espanhóis, plantados em suas colônias em Goa, Malaca, leste da Indonésia, Timor e Filipinas.
Com seu alto potencial alimentício, tornou-se um alimento básico das populações menos abastadas do mundo. O milho e a mandioca são agora alimentos básicos importantes, substituindo as culturas nativas africanas em lugares como a Nigéria, Congo, Angola, Tanzânia, entre muitos outros.
Via: David Monniaux - Wikimedia/CC BY-SA 3.0
A mandioca também se tornou uma cultura importante na Ásia. Embora seja um alimento básico valioso em partes do leste da Indonésia, é cultivado principalmente para extração de amido e produção de biocombustível na Tailândia, Camboja e Vietnã.
Hoje o maior produtor mundial é a Nigéria, seguida de Tailândia, Indonèsia e Brasil. No entanto, sua importância para o país aumentou no final do século XIX, quando mais nigerianos escravizados retornaram à sua terra natal e introduziram técnicas de processamento. Ao longo dos anos, tornou-se uma importante cultura de sustento econômico e alcançou o status de maior produtor do mundo, com produção registrada de 63 milhões de toneladas métricas em 2021 e é uma cultura comercial de grande importância para a Nigéria.
Mas a maior parte da mandioca que a Nigéria cultiva nunca sai do país, então o país pode perder bilhões em desafios comerciais globais que afetam toda a sua cadeia de suprimentos, da fazenda à fábrica, pois a mandioca precisa ser processada em menos de 48 horas ou apodrece, mas a maioria está a centenas de quilômetros dos cultivos.
Devido ao solo irregular, as máquinas e os tratores não conseguem alcançar muitos campos de mandioca e, como ela é colhida manualmente com variedades de sementes que não produzem tantas raízes, os agricultores têm alguns dos piores rendimentos do mundo. Só para que se tenha uma ideia a mandioca nigeriana rende em torno de 10 toneladas por hectare, quando no Brasil está perto de 40 toneladas.
Fufu. Via: Adobe
Em perspectiva, com este rendimento a Nigéria poderia estar produzindo hoje mais de 240 milhões de toneladas métricas. Por isso especialistas dizem que a Nigéria pode estar perdendo bilhões em exportações de produtos lucrativos derivados da mandioca, sobretudo o etanol.
Garri (farinha).
Os desafios ao longo de toda a cadeia de abastecimento do país causam centenas de milhões de dólares em deterioração da mandioca. O canal do Youtube Insider Business conversou com uma empresária local, Yemisi Iranloye, que acha que tem a solução. Ela introduziu variedades de sementes de maior rendimento e mudou as fábricas de processamento para mais perto das plantações. Agora, seus agricultores ganham quatro vezes mais por seus produtos, e sua fécula de mandioca e sorbitol conquistaram clientes como Nestlé e Unilever. O modelo de Yemisi poderia ser o caminho para a Nigéria se alimentar e lucrar com as exportações?
O aumento dos preços do trigo devido à guerra na Ucrânia aumentou o interesse pela farinha de mandioca e também pelo etanol, o biocombustível valioso também usado na produção de cerveja, vinho e produtos farmacêuticos. Alguns estimam que a produção de etanol de mandioca sozinha poderia render bilhões ao país, mas o problema final é que a maior parte da produção atual do país é consumida localmente como fufu ou garri (farinha). Ou seja não dá para adotar a produção de etanol e outros produtos se a mandioca é um importante alimento básico para milhões de habitantes. Complicado!
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