Não há dia de pular treino de perna nesta trupe de dança ucraniana

O hopak, popularmente conhecido como a "Dança Nacional da Ucrânia" requer uma boa quantidade de tempo para aprender e uma quantidade degradante de movimentos físicos para praticar. Tanto, que só de ver, muito provavelmente você irá ficar com dor nas batatas das pernas. No entanto, os dançarinos, de uma forma aparentemente sem esforço, parecem ter as juntas elásticas, uma incrível força muscular e resistência quando fazem estes movimentos incríveis da dança com um sorriso no rosto, que faz parte da arte performática do hopak.

O nome hopak é derivado do verbo hopaty que significa "pular" , bem como da exclamação correspondente hop! que pode ser proferido durante um salto como expressão de surpresa ou alegria, similar ao nosso urra""

O Hopak desenvolveu-se inicialmente como uma dança social cossaca, e era praticado nas terras da atual Ucrânia a partir do século XVI. Embora o Zaporizhian Sich, o governo e proto estado semiautônomo dos cossacos, que existiu entre os séculos 16 e 18, geralmente desaprovasse diversões e desvios do treinamento militar, tais regulamentos eram ignorados quando cossacos retornavam vitoriosos após a batalha, e reuniam músicos com seus instrumentos, enquanto outros participantes dançavam até raiar o dia.

Este hopak comemorativo era realizado apenas por participantes do sexo masculino, visto que ocorria em um ambiente exclusivamente masculino. Os artistas eram mercenários jovens e barulhentos, e não dançarinos profissionais. Como tal, os passos de dança executados eram predominantemente improvisados, refletindo o sentido de masculinidade, heroísmo, zoeira, velocidade e força dos intérpretes.

Os passos exibidos incluíam muitos saltos acrobáticos. Muitas vezes as lutas do campo de batalha eram reencenadas em pantomima, com espadas, lanças ou outras armas reais, enquanto os dançarinos atacavam inimigos invisíveis. Essas danças não estavam vinculadas a ritmos específicos e os dançarinos podiam mudar o andamento a qualquer momento.

Essas danças festivas diferiam muito em caráter das danças rituais mais antigas, como o khorovod, que havia sido anteriormente as obras coreográficas dominantes nas terras rutenas. A distinção principal era o gênero dos participantes, todos homens, em oposição às danças rituais predominantemente femininas.

Com a elevação do status de cossaco na região, o hopak começou a se popularizar nas aldeias de seu domínio. Ao contrário das danças exclusivamente masculinas encontradas no Sich, essas danças eram mistas, com meninos e meninas dançando juntos movimentos comemorativos.

Embora o papel principal fosse mantido pelos atores masculinos, elementos estruturais começaram a ser acrescentados, como formas circulares e pares movendo-se juntos em formação. Esses desenvolvimentos provavelmente derivaram da história coreográfica das danças rituais na área.

Nenhuma das danças executadas pelos cossacos nessa época foi registrada, mas historiadores registraram o fato dos cossacos dançarem dessa maneira, e outros relatos históricos comprovam isso e que também faziam tais movimento como aquecimento antes da batalha.

Mais tarde, escritores como Ivan Kotliarevsky e Taras Shevchenko incorporaram o hopak e os cossacos dançantes em suas obras. No entanto, com a queda do Sich no século 18, a dança sobreviveu apenas em seu formato de aldeia mista, como uma dança comemorativa.

Conquanto em seus primórdios esta dança fosse exclusividade masculina, na atualidade não faz mais distinção entre gêneros como podemos apreciar nos vídeos deste post, ainda que os passos femininos sejam mais suplementares, ou seja, são mais graciosos e incorporam poucas acrobacias.

Depois que danças semelhantes ao hopak começaram a ser apresentadas nos palcos no século XVIII, trupes dramáticas profissionais começaram a incorporar esta dança popular em seu repertório. Essas apresentações apenas incorporavam o hopak em uma obra maior.

O problema é que estas apresentações roubavam o show maior e a plateia ia ao teatro para vê-los e não a obra principal. Como dá para imaginar trupes começaram a se apresentar em shows exclusivos que reuniam os passos cossacos autênticos de aldeias, representando com mais precisão a tradição cultural ucraniana.