Por que as igreja etíopes são cercadas por bosques?

A Etiópia está quase completamente esgotada de sua cobertura florestal. No início dos anos 1900, quase 45% cento do país era coberto por florestas, mas a demanda por terras agrícolas para alimentar a crescente população do país viu essa floresta ser gradualmente sacrificada por cultivos, até que mais de 90% dessa vasta floresta tropical desapareceu. As matas restantes não são contíguas, mas espalhada em dezenas de milhares de pequenos bosques, principalmente na parte norte do país. No centro desses bolsões verde-claros de biodiversidade está quase sempre uma Igreja Ortodoxa Etíope Tewahido.

As igrejas na Etiópia sempre foram cercadas por pequenos bosques. Os moradores acreditam que a floresta protege a sacralidade da igreja. A copa das árvores, dizem eles, impede que as orações se percam no céu. As florestas são tão antigas quanto as próprias igrejas, plantadas pelas comunidades locais ao mesmo tempo em que as igrejas estavam sendo construídas.

Isso faz com que alguns desses oásis férteis tenham mais de 1.500 anos. As florestas são protegidas pelos administradores religiosos e pelas comunidades ao redor delas, tornando esses padres, monges, freiras e discípulos os improváveis guardiões das últimas florestas restantes de seu país.

O número exato de florestas de igrejas não é conhecido. De acordo com algumas estimativas, há cerca de 35.000 bosques sagrados nas proximidades do Lago Tana e das terras altas do norte, e cerca de 1.400 somente na Zona Sul de Gondar. Eles variam em tamanho de cinco acres a bem mais de mil. O padre é geralmente responsável por manter a igreja em seu centro, enquanto os moradores locais usam os ecossistemas florestais para lenha, mel, água doce e pastagem de gado.

Os etíopes reverenciam as florestas, mas, sem que eles saibam, suas ações têm danificado o frágil ecossistema. Eles levam o gado para as florestas para pastar, que pisoteia e come mudas. Na falta de alternativas, às vezes os próprios padres usam a madeira para consertar sua igreja, fazer carvão para as atividades da igreja e esculpir utensílios sagrados. Plantas da floresta são comidas ou usadas para fazer tinturas. Galhos e arbustos caídos são vendidos como lenha.

Desde o início dos anos 2000, ecologistas florestais e locais, Alemayehu Wassie, e sua associada americana, Margaret Lowman, têm encorajado os moradores locais a amar e proteger essas florestas, e até mesmo ampliá-las, se possível. Alemayehu e Margaret sugeriram construir muros baixos de pedra ao redor das matas para manter os animais errantes longe.

Trabalhando com os líderes religiosos, foi decidido excluir o gado construindo muros de pedra seca ao redor das florestas. Portões de entrada foram incluídos e as pessoas foram autorizadas a entrar e sair somente por caminhos estabelecidos. Os muros baixos eram semelhantes em construção aos muros do cemitério interno.

Os moradores locais ajudaram a coletar pedras de seus campos, o que por sua vez ajudou suas colheitas removendo as pedras dos campos, e também ajudaram a construir muros ao redor das florestas de suas igrejas locais.

A solução simples provou ser tão eficiente que, em poucos anos, os bosques prosperaram notavelmente. Em florestas intactas, a qualidade da água é melhor do que nos campos ao redor, mudas de árvores sobrevivem com mais frequência e as próprias matas estão repletas de vida, mais importante, os polinizadores que são importantes tanto para o crescimento das florestas quanto para a agricultura ao redor delas. Impressionados com os resultados, muitos padres começaram a expandir os muros externos para persuadir as florestas a crescerem mais.

Mas os sonhos de Alemayehu são maiores. Seu próximo plano é conectar de alguma forma alguns desses fragmentos distantes de florestas e reconstruir a vasta floresta tropical que antes cobria a província. É um projeto ambicioso, mas ele está otimista.