200 passageiros aguardam desde maio cruzeiro zarpar ao redor do mundo com cabines de US$ 900 mil

Embora parecesse que depois da pandemia os cruzeiros de luxo iriam acabar, nos últimos tempos aconteceu o contrário. Na verdade, os preços das cabines dispararam e até as mais excelentes cadeias hoteleiras oferecem viagens marítimas ultra-exclusivas. E entre todas as ofertas, uma se destacou das demais. O Odyssey do Villa Vie Residences deveria embarcar na primeira viagem de um cruzeiro ao redor do mundo de três anos em 30 de maio. No entanto, não está indo como planejado para gesgosto dos 200 passageiros que comprarm uma passagem.

O navio, que tem mais de 30 anos, chamava-se Braemar e era propriedade da Fred Olsen Cruise Lines, mas a empresa comprou-o em dezembro passado e rebatizou-o de Odyssey. O navio estava programado para partir em maio, em uma viagem planejada de 1.301 dias, onde visitaria 147 países em sete continentes, incluindo destinos como França, Brasil, México e Japão, de acordo com o itinerário do Villa Vie Residences.

A ideia de uma viagem de 3 anos e meio ao redor do mundo em um luxuoso navio de cruzeiro rapidamente atraiu muita gente. Na verdade, e para nos dar uma ideia do barco, o site Villa Vie Residences informa que o custo de aquisição de uma cabine pode variar entre 560 mill reais e 5,7 milhões.

Os passageiros tiveram a opção de adquirir sua cabine diretamente, em vez de pagar uma diária pelo quarto, como em um hotel tradicional. Ao fazer isso, eles podiam continuar morando no navio quando a viagem de três anos terminasse. Muitos desses compradores disseram hoje à mídia que pagaram seis dígitos com a intenção de viver a bordo em tempo integral durante a vida útil esperada de 15 anos do navio.

O Odyssey do Villa Vie Residences chegou a ILha Queen, na capital da Irlanda do Norte, para ser equipado antes de sua partida programada em 30 de maio para a primeira etapa de três anos. No entanto, ainda não arrancou devido a problemas com os lemes e a caixa de velocidades. Isto significa que os cerca de 200 passageiros do cruzeiro à volta do mundo ficaram retidos em Belfast durante mais de três meses.

Conforme explicado por Sebastian Stokkendal, gerente de marketing da Villa Vie Residences, a empresa está - "...comovida com a magnitude do que é necessário para reviver um navio de 30 anos que está inativo há quatro anos".

Neste momento, o navio ainda está atracado no estaleiro Harland & Wolff, em Belfast, que é mais conhecido por ser o local onde foi construído o Titanic. As centenas de passageiros aos quais foi prometida felicidade mudaram de humor desde maio. Curiosamente, são autorizados a permanecer no navio durante o dia, mas têm de desembarcar todas as noites por razões de segurança durante os trabalhos de reparação, altura em que são transferidos para hotéis em Belfast ou outras cidades europeias.

Além de frequentar os diversos bares da cidade e fazer amizade com os irlandeses, muitos têm aproveitado o tempo livre para visitar destinos próximos e não tão próximos. Sim, alguns viajaram para lugares tão diversos como a Groenlândia ou as Ilhas Canárias. Por vezes, e presumimos que para evitar reclamações, algumas destas viagens são organizadas pela própria empresa de cruzeiros.

O surrealismo da situação é tal que um dos passageiros até encontrou tempo para regressar para casa, na Austrália (duas vezes), durante a espera. Enquanto isso, o diretor executivo do Villa Vie Residences, Mikael Petterson, disse esta semana que espera com todas as suas forças que o Odyssey zarpe em breve, ou o mais rápido possível.

- "Quando você é o primeiro a fazer algo, você encontra contratempos. Mas com certeza estamos conseguindo e mesmo que cheguemos atrasados, vamos zarpar", finaliza o executivo. Curiosamente, Mikael trabalhou anteriormente como CEO da Life at Sea, uma linha de cruzeiros que em 2023 também cancelou planos para uma viagem semelhante ao redor do mundo.