Fudai é uma vila de 2.600 pessoas no nordeste do Japão. Como muitas cidades semelhantes, depende da pesca e da agricultura. Mas, apesar de sua aparência modesta, Fudai virou manchete internacional após o devastador terremoto e tsunami de 2011 que atingiu o Japão. A cidade ficou praticamente ilesa, e tudo graças a um homem: Kotoku Wamura, que morreu vários anos antes da tragédia. Kotoku foi prefeito de Fudai de 1945 a 1987. Testemunhando a reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, ele também estava profundamente ciente da ameaça perene que os desastres naturais representavam para a área. |
O homem determinado já havia vivenciado dois tsunamis em 1896 e 1933, que mataram 439 pessoas.
- "Quando vi corpos sendo desenterrados das pilhas de terra, não sabia o que dizer. Não tinha palavras", escreveu Kotoku sobre o último tsunami em seu livro "Uma Luta de 40 Anos Contra d Pobreza".
Acredita-se que Kotoku também tinha conhecimento sobre as "Rochas Tsunami" locais e sabia o tipo de dano que sua vila enfrentaria se uma grande onda atingisse a cidade novamente.
O devotado prefeito jurou nunca deixar isso acontecer novamente. Em 1967, seu governo construiu um paredão de 16 metros para proteger casas atrás do porto de pesca. A altura levantou algumas sobrancelhas, mas o ceticismo real surgiu quando ele lançou um projeto ainda maior. Sua ideia? Uma comporta, tão alta quanto o paredão, para a enseada onde a maioria das pessoas vivia. Seria equipada com painéis que poderiam ser levantados para permitir que o Rio Fudai desaguasse na enseada e abaixados para bloquear tsunamis.
A construção ocorreu de 1972 a 1984, três anos antes dele deixar o cargo. Teve um custo de 3,56 bilhões de ienes (140 milhões de reais), dividido entre o governo da província e o governo central. O projeto foi visto como um capricho do prefeito; não que as pessoas se opusessem às comportas, mas o tamanho o fazia parecer extravagante. Isso foi até 11 de março de 2011, quando um terremoto de 9,0 graus desencadeou ondas de 20 metros de altura em Fudai.
Embora parte da água do oceano tenha transbordado, o tsunami causou danos mínimos às casas atrás do paredão. A maior vítima de Fudai foi seu porto exposto, onde o tsunami destruiu barcos, equipamentos e armazéns.
- "Custou muito dinheiro. Mas sem ele, Fudai teria desaparecido", disse o pescador Satoshi Kaneko. A única vítima da cidade foi um pescador que foi além da barreira para verificar seu barco após o terremoto.
Kotoku morreu em 1998, aos 88 anos, então ele não estava por perto para ver como sua amada cidade foi poupada graças à sua determinação. No entanto, as consequências do tsunami levaram as pessoas a visitar seu túmulo para prestar suas homenagens.
Em sua aposentadoria, Kotoku Wamura se apresentou diante dos funcionários da vila para se despedir:
- "Mesmo que você encontre oposição, tenha convicção e termine o que começou. No final, as pessoas entenderão", disse ele.
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