A nova “alface dourada” foi projetada para aumentar a nutrição

Graças a cientistas na Espanha, uma alface mais densa em nutrientes, e visualmente impressionante, pode em breve ser usada como uma ferramenta contra deficiências de vitaminas. O Instituto de Pesquisa em Biologia Molecular e Celular de Plantas (IBMCP) projetou geneticamente um novo tipo de "alface dourada" com 30 vezes mais nutrientes do que as folhas verdes comuns. Os resultados, publicados no Plant Journal, afirmam que o segredo do perfil saudável e da tonalidade dourada do vegetal é o betacaroteno, o pigmento que dá aos vegetais vermelhos, alaranjados e amarelos seus tons distintos.

Os humanos podem converter o betacaroteno em vitamina A, que promove o crescimento celular, a função imunológica, o desenvolvimento fetal e a visão. A biofortificação de vegetais de folhas verdes com carotenoides pró-vitamina A continua sendo desafiadora até o momento.

Por isso alterar a estrutura da planta não foi fácil. Para fazê-la produzir mais betacaroteno, os cientistas tiveram que alterar o citosol -o fluido nas células das folhas- sem interromper a fotossíntese, que usa clorofila para criar energia. Eles também modificaram as células das folhas da alface para armazenar betacaroteno extra sem danificar a planta.

A equipe do instituto espanhol não se propôs a projetar um novo cultivar de alface da moda; seu objetivo era combater a desnutrição. Embora a deficiência de vitamina A seja rara em países como o Brasil, é comum em nações em desenvolvimento, especialmente aquelas na África e no Sudeste Asiático. Sem o nutriente essencial, complicações na pele, no coração, nos pulmões e no sistema imunológico se tornam comuns.

A deficiência de vitamina A também pode resultar em deficiências visuais e cegueira. As crianças são especialmente suscetíveis a esses sintomas. Na verdade, o problema é a principal causa de cegueira em jovens no mundo todo. Cerca de 250.000 a 500.000 crianças perdem a visão por deficiências de vitamina A a cada ano, com metade delas morrendo dentro de um ano após perder a visão.

Os pesquisadores esperam que seu estudo seja o primeiro passo para reduzir o impacto das deficiências de vitamina A em todo o mundo.