No verão de 1964, um estudante de pós-graduação chamado Donald Rusk Currey pediu permissão para cortar uma árvore que repousava na encosta de uma montanha do Parque Nacional da Grande Bacia, no estado norte americano de Nevada. Por que o jovem pesquisador fez tal solicitação? Há "vários relatos" das circunstâncias, de acordo com autoridades do parque. Em uma versão da história, Donald precisou derrubar a árvore para recuperar sua broca, que havia ficado presa quando ele tentou coletar uma amostra do núcleo do pinheiro-bristlecone (Pinus longaeva). |
Em outra versão estranha da história, ele determinou que precisava de uma seção transversal completa para conduzir uma análise abrangente dos anéis da árvore para determinar a sua idade.
- "Podemos nunca saber a verdadeira história do que aconteceu", escreveu o parque. - "Mas sabemos de uma coisa com certeza: Donald tinha permissão do Serviço Florestal para cortar a árvore."
Agora conhecida como Prometeu, a árvore está localizada no Pico Wheeler, no leste de Nevada. Depois de cortá-la, Donald levou uma amostra de volta para seu quarto de hotel. Armado com uma lupa poderosa, ele passou uma semana contando anéis.
- "Eu sabia que era uma árvore bem velha", disse ele em 1998. No entanto, ele não sabia a idade dela e presumiu que havia árvores mais velhas crescendo nas proximidades. Por fim, Donald determinou que a árvore que acabara de matar tinha quase 5.000 anos, uma das árvores mais antigas já registradas.
Os pinheiros-bristlecone da Grande Bacia são algumas das árvores mais longevas do mundo. Esse fato pode ser surpreendente para aqueles que assumem incorretamente que a vida útil de uma árvore está sempre correlacionada com seu tamanho. A primeira foto desta coleção, por exemplo, mostra Matusalém, cuja datação determinou que ele tem hoje com 4.849 anos.
Os pinheiros-bristlecone atingem no máximo cerca de 6 metros de altura. São árvores retorcidas e pequenas sem folhas, nada parecidas com as majestosas sequoias. Elas crescem muito lentamente e estão equipadas para sobreviver em ambientes hostis. Mesmo depois de sofrer danos extensos, os galhos sobreviventes ainda conseguem prosperar.
Mas por que diabos esses pinheiros são tão retorcidos? A resposta se deve na madeira do longaeva, que é tão densa e resinosa que é particularmente resistente ao ataque de insetos. Pela mesma razão, é quase impermeável ao ataque fúngico ou a qualquer outra irritação potencial que o ambiente possa infligir.
- "Os bristlecones crescem por cerca de 1.000 anos, e então a casca começa a morrer de um lado e as folhas começam a cair", disse Tom Harlan, pesquisador do Laboratório de Pesquisa de Anéis de Árvores da Universidade do Arizona. - "Portanto, a árvore não consegue sustentar os galhos diretamente acima dessa área, e eles morrem. Logo, você fica com uma pequena tira de casca, que sustenta toda a folhagem. Pode ter apenas cinco centímetros de largura, mas o pinheiro ainda é considerado uma árvore saudável e em crescimento."
Essas árvores incríveis nem sempre tiveram esse aspecto. Quando jovens, seus galhos eram lisos e retos, como a de qualquer outro tipo de pinheiro. Mesmo quando a morte chega, as raízes, tão fortes e densas, podem suportar o cadáver durante séculos. Este galhos secos que parecem sem vida continuam fotossintetizando e regulando a água... ainda há vida.
Para muitos desses pinheiros, a morte é um processo prolongado. Quando grande parte do tecido vascular da árvore finalmente morre, ainda deixa para trás uma faixa de material vivo. O que restou de Prometeu está de pé até hoje.
No entanto, pode haver problemas para as três espécies de pinheiros longaeva. Como tem uma taxa tão baixa de reprodução e regeneração, teme-se que a mudança climática possa impossibilitar que ele mantenha seus números. No entanto, enquanto as mudas continuarem a brotar há, afinal, esperança. Talvez em alguns milhares de anos estes jovens brotos estejam contando outras histórias.
Também vale a pena notar que descobrir a idade de uma árvore não é tão fácil. A dendrocronologia, ciência da datação por anéis de árvores, só surgiu no final dos anos 1800. O processo é mais complicado do que apenas contar anéis, pois cada anel não corresponde necessariamente a um ano.
- "Vários estudos ilustram como a contagem de anéis leva a conclusões incorretas tiradas de datações imprecisas", segundo o Laboratório de Pesquisa de Anéis de Árvores da Universidade do Arizona. - "Dendrocronologistas exigem a atribuição de um único ano civil a um único anel. Várias técnicas são usadas para cruzar datas de amostras de madeira para garantir datações precisas."
Ao longo dos anos, muitos foram tocados pela história de Donald, que ajudou a anunciar novas maneiras de pensar sobre a conservação de árvores. Hoje em dia, os bristlecones em terras federais são protegidos e suas localizações são um segredo de estado. Uma árvore tão velha quanto Prometeu provavelmente não teria o mesmo destino.
- "Isso não vai acontecer de novo", disse Anna Schoettle, ecofisiologista da Estação de Pesquisa das Montanhas Rochosas. - "Mas acho que foram relapsos na época, porque era apenas uma árvore, e a mentalidade era que as árvores eram um recurso renovável e que elas cresceriam novamente."
Donald quase certamente não derrubou a árvore mais velha do mundo. Desde a década de 1960, pesquisadores identificaram árvores que podem ser mais velhas que Prometeu, embora muitas dessas alegações não tenham sido verificadas. Além disso, há florestas nas Montanhas Brancas da Califórnia, e em outros lugares, onde as árvores atualmente de pé são provavelmente muito mais velhas que a Prometeu. Nós simplesmente não sabemos sobre elas ainda.
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