Com suas manchas encantadoras e corpos vermelhos brilhantes, as joaninhas são bem difíceis de não serem notadas. Estamos acostumados a vê-las sozinhas, catando pulgões sugadores de seiva no jardim. Mas em certas épocas do ano, as joaninhas do hemisfério norte, sobretudo a convergente (Hipodamia convergens) vão para as colinas para se reunir em grupos enormes, chamados de "belezas", aglomerando-se em camadas com vários corpos de espessura. Essa visão impressionante, quase misteriosa é típica da joaninha-convergente, cujo alcance cobre grande parte da América do Norte. |
As pessoas adoram joaninhas. E ver tantas em um só lugar é fascinante. Cientistas acreditam que o comportamento evoluiu como uma forma de uma espécie solitária se reproduzir e lidar com um suprimento limitado de alimentos no inverno. Depois de engordarem, e antes de se deitarem para o inverno, essas joaninhas se reunem para cuidar de alguns negócios finais, ou seja, o acasalamento.
Ironicamente, joaninhas-convergentes, que na verdade são besouros, não são nomeadas por esse comportamento. A palavra "convergente" em seu nome se refere às linhas brancas características atrás de suas cabeças.
As joaninhas passam a maior parte do ano em plantações ou em plantas de jardim doméstico, alimentando-se de pulgões. Quando o tempo começa a esfriar, no entanto, os pulgões morrem no frio. Na Califórnia, joaninhas passam a maior parte do ano em plantações no Vale Central, ou em plantas de jardim doméstico, alimentando-se de pulgões. Quando o tempo começa a esfriar, no entanto, os pulgões morrem no frio.
Com a comida se tornando escassa, as joaninhas decolam, voando direto para cima. O vento as pega e as carrega em seu caminho, em direção às colinas e cadeias de montanhas costeiras. Elas são literalmente jogadas nas montanhas. No começo, elas se espalham e usam uma combinação de dicas visuais e cheiro para começar a se encontrar.
Feromônios deixados para trás nas montanhas por agregações anteriores levam esses recém-chegados direto para os melhores locais de inverno. Um tipo de produto químico vem até mesmo dos pés das joaninhas. Onde quer que elas andem, deixam um rastro químico. Esses locais estão cobertos por ele.
Beleza de joainhas em Urubici, na Serra Catarinense.
À medida que as joaninhas chegam uma a uma, a beleza aumenta. Embora essas reuniões possam parecer tornar as joaninhas mais visíveis e, portanto, mais vulneráveis a predadores, o oposto provavelmente é verdade, dizem os cientistas. Seus números mais altos servem para ampliar a transmissão de alerta por sua cor vermelha.
Dentro das belezas de joaninhas, o movimento é desordenado e imprevisível, não hierárquico como em uma colmeia ou formigueiro. Cientistas acham que as fêmeas, cerca de metade da população, todas elas anteriormente não acasaladas, podem estar selecionando parceiros em meio ao caos.
Finalmente, os besouros se agacham no subsolo, entrando em "diapausa" ou hibernação profunda. Mudanças químicas nos corpos das joaninhas impedem que elas congelem ou sequem. Elas podem ficar no subsolo com segurança, mesmo cobertas de neve, por até três meses.
Quando a primavera chega, as temperaturas diurnas mais altas estimulam os agregadores adormecidos a se aventurarem e retornarem para casa, onde uma dieta de pulgões os aguarda.
Ocorrem belezas no Brasil: Sim de São Paulo para baixo, quando os invernos são muito rigorosos e os pulgões morrem, elas precisam se aglomerar e hibernar. Antigamente era bem comum ver belezas de joaninhas-vermelhas (Cycloneda sanguinea) inclusive nas serras de Minas Gerais. A vermelha, sem nenhuma mancha, deveria ser a mais comum do país, mais infelizmente a joaninha asiática (Harmonia axyridis), a vermelhinha com pintas pretas que vemos hoje em dia, está se espalhando pelo Brasil e invadindo os habitats da vermelha.
A joaninha-asiática entrou na América do Sul pela Argentina, no início dos anos 1990, quando foi introduzida em Mendoza para fazer controle biológico de afídeos em plantações de pêssego, ou seja, como instrumento para combater pragas agrícolas. Hoje ela é enctrada inclusive no nordeste brasileiro.
Ela não é considerada uma praga (por enquanto), mas o estudo de seu alcance é importante para tentar mensurar os impactos da dispersão no território, especialmente porque ela já criou problemas em outros países. Na França, com invernos rigorosos, elas precisam formar belezas, invadem as casas e chegam a pousar sobre alimentos açucarados.
Nos Estados Unidos e no Canadá, as joaninhas asiáticas se tornaram uma dor de cabeça para alguns produtores de vinho. Quando se espalharam pelas plantações, começaram a ser acidentalmente processadas com as uvas, deixando a bebida com um sabor que lembrava muitas vezes pimentão e aspargo.
Em um estudo de 2016, pesquisadores descobriram que os sabores vegetais eram reflexo da presença de metoxipirazina na bebida, um composto produzido pelas joaninhas. Batizado de "mancha de joaninha", o problema desencadeou uma série de medidas de controle dos insetos em plantações dos dois países.
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