O rio Congo serviu de motor da evolução divergente em macacos

Muito tempo atrás, uma população de macacos vivia no meio da selva, comendo abundantes plantas no solo e as vezes procurando por frutas raras nas arvores. Mas quando um braço raso do rio Congo se tornou volumoso, largo e profundo, cruzando bem no meio do território dos macacos, a população foi dividida em duas. Embora o Norte e o Sul do rio tivessem exatamente a mesma espécie de macacos, estavam agora fatalmente confinados a dois ambientes separados. Por evidência fóssil, sabemos que esses ambientes eram um pouquinho diferentes um do outro.

O que aconteceu ali foi que ao sul do rio havia fartura de plantas no solo e ao Norte do rio haviam grandes e ferozes gorilas. E a maioria dos pesquisadores acredita que essas duas pequenas diferenças fizeram que os grupos de macacos eventualmente fossem divididos em duas espécies: uma que era violenta e a outra que era super amável.

Como eles acabaram tão diferentes? Bem, se você fosse um macaco ao norte do rio, havia muito menos alimentos no chão que precisavam ser divididas com grandes gorilas selvagens. Então estes animais estariam mais inclinado a procurar por frutas nas árvores.

Os espécimes mais agressivos que os outros macacos do norte, provavelmente conseguiriam mais frutas quando as achassem. E encontrando mais fruta, estes animais teriam melhores chances de sobreviver, além de que também usariam essa frutas para atrair um parceiro em potencial. Por outro lado, um macaco amigável no Norte, provavelmente coletaria menos frutas e teria menos oportunidades de se reproduzir.

Mas ao Sul do rio, é mais provável que houvesse uma abundância de plantas no solo ao redor. E nenhum gorila. Então ser agressivo não renderia mais comida. Na verdade, em um lugar onde não há razão para lutar por comida, ser um idiota pode te fazer um excluído, um alvo mais fácil para predadores e bem mais improvável de encontrar um par.

Ser um macaco amigável no rico Sul, provavelmente renderia mais amigos, e portanto, seria menos provável de ser comido por um predador, e mais provável de se reproduzir. Depois de milhares de gerações, essas pequenas mudanças na vantagem de certos traços levaram a uma espécie completamente nova: o Norte do rio, na terra dos gorilas, estava cheia de macacos agressivos beligerantes que tendem a atacar forasteiros com que cruzam: os chimpanzés.

E o rico Sul lotado de símios boêmios gente-boa que adotam a amizade ao extremo, a ponto de que é mais provável fazerem amor do que guerra, estavam os bonobos.

Agora, nos não estamos totalmente certos de quanto os gorilas importaram em relação à vegetação. E podem ter havido outros fatores que contribuíram a essa divisão. Mas quando o Rio Congo cresceu, ele tornou os macacos em duas espécies: Uma que resolve seus conflitos brigando e outra que resolve com abraços.

Os gorilas são simpátricos com os chimpanzés em grande parte de sua área de distribuição e as duas espécies compartilham muitos itens alimentares; a lista de espécies alimentares dos gorilas pode se sobrepor à dos chimpanzés em até 100%.

Para começar a analisar a evolução divergente dos primatas na Bacia do Congo, é importante avaliar onde tudo isso começou. Estima-se que o Rio Congo tenha se formado há aproximadamente 1,5 a 2 milhões de anos, durante o período Pleistoceno.

Da mesma forma, estima-se que os bonobos e os chimpanzés tenham se separado de seu ancestral comum mais recente há aproximadamente 1 a 2 milhões de anos. Considerando isso, é fácil ver que os chimpanzés e os bonobos divergiram aproximadamente na mesma época em que o Rio Congo se formou.