Durante uma importante celebração do calendário em 889 d.C., o Líder K'ak' Upakal pode ter-se sentado no topo do seu palácio ornamentado e observado o centro movimentado em que ajudou Chichén Itzá a tornar-se. A idade de ouro da cidade maia iria durar mais que a própria vida de K'ak' Upakal, mas ele não podia ter adivinhado as crises que estavam por vir. Um século antes, a guerra e o fracasso da agricultura forçaram os Maias a abandonar numerosos colonatos da América Central. Isto mudou o centro da sua civilização para o norte, para o Iucatã mais quente e seco. |
Durante o início do século IX, cidades como Chichén Itzá, Izamal e Uxmal expandiram-se. Mas Iucatã apresentava os seus próprios desafios. As águas superficiais eram escassas e a rocha calcária da região absorvia rapidamente a chuva.
Isto obrigou muitas cidades de Iucatã a recolher a água da chuva em cisternas. Mas a terra em torno de Chichén Itzá estava repleta de poços naturais, onde o leito rochoso desmoronado revelava um suprimento abundante de água subterrânea doce.
Por causa deste acesso à água doce, quando a seca se apoderou de Iucatã no início do século X, Chichén Itzá sobreviveu para se tornar a cidade maia mais poderosa. As pessoas imigraram de centenas de quilômetros de distância e, no seu auge, a população de Chichén Itzá teria chegado a 50 000. A cidade veio a refletir uma cultura internacional diversificada em todas as esferas da vida.
O seu desafio passou então a ser sustentar uma grande população em um ambiente imprevisível. Durante o século X, após a morte de K'ak' Upakal, o governo de Chichén Itzá mudou de um foco exclusivo no rei para um sistema mais flexível, que também incluía conselhos governantes da elite da cidade.
Ao contrário dos reis maias tradicionais, que reforçavam a sua legitimidade com guerras destrutivas e monumentos dispendiosos, os novos governantes concentraram-se muito no crescimento econômico. Canalizaram o poderio militar da cidade para estabelecer comércio de longa distância e domínio político.
Os guerreiros mercantes viajavam dos portos costeiros e capturavam bens valiosos. Usando obsidiana, ouro, cobre, turquesa e jade de várias partes da América Central e do Norte, os habitantes de Chichén Itzá elaboraram ferramentas afiadas e ornamentos preciosos.
Eles comercializavam alimentos, têxteis, penas, minerais e metais, por vezes usando grãos de cacau como moeda. E transportavam marisco da costa para complementar as culturas de base cultivadas localmente na cidade. A agricultura era essencial para a sobrevivência de Chichén Itzá. A arquitetura e as práticas religiosas da cidade refletiam esta importância ao acompanhar o tempo, o movimento dos corpos celestes e os ciclos agrícolas.
Enquanto a cidade crescia, os seus cidadãos construíram uma vasta plataforma para apoiar novos templos, pirâmides, altares, campos de jogos e colunatas. Os construtores alinharam cuidadosamente um templo redondo para marcar solstícios, equinócios e a passagem do planeta Vênus, um avatar de Kukulcán, o deus da serpente emplumada. Kukulcán tornou-se a deidade central de Chichén Itzá e a sua adoração transformou a cidade em um centro de peregrinação religiosa. Os arquitetos projetaram uma pirâmide escalonada e um templo dedicado a Kukulcán que se eleva a 30 metros de altura, e possui quatro escadas com um total de 365 degraus, cada um representando um dia no ano solar.
Está orientada para que, em torno de cada equinócio, o sol poente crie sombras parecidas a serpentes que deslizam pelas balaustradas, evocando o deus serpente. Vários edifícios apresentam representações da Montanha das Flores, o reino sagrado do paraíso habitado por deuses e ancestrais. E governantes de todo o mundo foram empossados no Grande Campo de Jogo de Chichén Itzá sob os auspícios de Kukulcán e na presença de milhares de espectadores.
No entanto, a idade de ouro de Chichén Itzá não durou para sempre. Por volta de 1020 d.C., ocorreu uma seca intensa que durou quase um século. Em um esforço para acabar com o desastre, as pessoas faziam oferendas a divindades da chuva em cavernas e poços naturais próximos, que eram vistos como entradas para o submundo aquático dos deuses.
Apesar das vantagens naturais de Chichén Itzá e da engenhosidade do seu povo, a cidade não conseguiu sustentar-se nesta seca prolongada. A população caiu a pique durante o século XI e muitas pessoas reinstalaram-se na costa. No final da seca, surgiu a nova cidade de Mayapan e substituiu Chichén Itzá como a principal cidade de Iucatã.
No entanto, Chichén Itzá nunca foi totalmente abandonada ou esquecida. Quando os "exploradores" espanhóis chegaram séculos depois, era ainda uma pequena capital local de uma província maia. O nome original de Chichén Itzá foi preservado e as suas antigas construções de pedra ainda estavam de pé, como acontece até hoje.
Chichén Itzá hoje é um dos sítios arqueológicos mais visitados do México. Foi estimado que só no ano de 2022 o local recebeu cerca de 2,6 milhões de visitantes. Essa popularidade muito se deu graças a sua escolha como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo em 2007. Esse título foi abraçado pelo governo e pelas agências de turismo locais, resultando em uma grande quantidade de publicidade para impulsionar o turismo local. O local tem como parte de seus visitantes comuns aqueles hospedados nos resorts de Cancún.
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