Em meados dos anos 1800, o desenvolvimento de novas e empolgantes formas de comunicação, como a fotografia e o telégrafo, foi considerado milagroso. Essa tecnologia também coincidiu com um novo movimento religioso se tornando popular nos EUA e na Europa: o espiritualismo ou espiritismo. Os espiritualistas acreditavam que, por meio do uso de um médium, o contato com os mortos era possível. Durante a sangrenta Guerra Civil Americana (1861-1865), a crença no espiritualismo cresceu muito porque muitas pessoas queriam entrar em contato com seus entes queridos mortos. |
Foi nessa época que William Mumler, um fotógrafo amador de Boston, afirmou que podia fotografar fantasmas. Ele e sua esposa Hannah, ela mesma uma fotógrafa profissional e médium espiritualista, criaram um rebuliço em Boston vendendo esses "retratos espirituais" e atraíram a atenção de espiritualistas e céticos. Fotógrafos profissionais da cidade investigaram o método de William repetidamente, mas não conseguiram descobrir como ele fazia seu truque.
Depois que acusações de fraude se acumularam em Boston, os Mumlers se mudaram para Nova York, a capital fotográfica dos EUA na época. Ali, William foi rapidamente preso por acusações de fraude, e seu julgamento foi sensacionalizado em jornais de Nova York. A promotoria até levou o safardana de circo P.T. Barnum para testemunhar contra William. Mas, assim como os fotógrafos em Boston, ninguém conseguiu identificar com segurança seu método, e ele foi absolvido.
Desde a chegada dos filmes fotográficos, a sobreposição de fotografias é um processo relativamente simples, mas naquela época o processo usado era o de placas de colódio e ninguém conseguia explicar como ele fazia as sobreposições.
Após o julgamento, algumas fontes relataram que ele caiu em desgraça e morreu sem dinheiro, enquanto outras afirmam que o seu negócio decolou nessa altura, devido à publicidade do julgamento. De fato, quando o julgamento terminou, o negócio de fotografia de espíritos dos Mumlers prosperou.
Eles fotografaram americanos proeminentes, incluindo Mary Todd Lincoln e William Lloyd Garrison, e até mesmo receberam pedidos pelo correio de pessoas que não podiam visitar seu estúdio. O canal do Youtube Vox visitou o historiador de processos fotográficos Mark Osterman para demonstrar como William poderia ter usado dois negativos, impressos simultaneamente com um pouco de prestidigitação, para enganar testemunhas e fazê-las acreditar que seus "fantasmas" eram reais.
A fotografia mais famosa de William aparentemente mostra Mary Todd Lincoln com o "fantasma" de seu marido, Abraham Lincoln. O pesquisador paranormal Melvyn Willin, em seu livro "Ghosts Caught on Film", afirma que a foto foi tirada por volta de 1869, e que William não sabia que sua modelo era Lincoln, acreditando que ela fosse uma tal de Sra. Tundall. Melvyn afirmou que William não descobriu quem ela era até depois que a foto foi revelada.
William continuou trabalhando com fotografia e mais tarde descobriu um processo pelo qual placas de fotoeletrotipia poderiam ser produzidas e impressas tão facilmente quanto xilogravuras -conhecido como "Processo Mumler"-. Ele morreu em 16 de maio de 1884, e seu obituário se concentrou em suas contribuições fotográficas em geral, fazendo apenas uma referência passageira ao escândalo anterior da fotografia espiritual na última linha.
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