Novo estudo revela a fonte do fedor horrível da flor-cadáver

Estar perto de uma flor-cadáver (Amorphophallus titanum) totalmente desabrochada é uma experiência que dificilmente alguém esquecerá. Além de ser fisicamente imponente ela pode atingir até três metros de altura e pode pesar até 75 quilogramas, dependendo do ambiente. A planta é notável por seu fedor nocivo, que não é diferente daquele de uma cova aberta cheia de carne podre. Agora, os cientistas estão mais perto de entender o processo químico por trás desse cheiro nojento, segundo um artigo publicado recentemente no periódico PNAS Nexus.

Pesquisadores das Universidades de Dartmouth e do Missouri prestaram atenção especial à flor-cadáver quando ela começou a florescer, um processo que ocorre a cada vários anos. A planta da Dartmouth foi examinada em 2016 e novamente em 2022. Um sinal da floração iminente e do odor resultante é o aumento da temperatura do caule central da planta, conhecido como espádice, que pode subir 20 graus acima do ambiente.

Durante esse processo, a equipe coletou amostras que poderiam usar para sequenciamento de RNA, bem como análise. Conforme a flor desabrochava, ela fabricava tanto metionina, um tipo de bloco de construção para compostos fedorentos como dimetil dissulfeto e dimetil trissulfeto, quanto putrescina, o mesmo produto químico encontrado na carne em decomposição.

Por que uma planta precisaria cheirar como um frigorífico quebrado? A flor-cadáver não está realmente preocupada em repelir humanos, mas sim em atrair insetos como besouros-de-esterco para polinização. Essa é a razão evolutiva para seu aroma pútrido.

Acredita-se que o botânico italiano Odoardo Beccari tenha descoberto a flor enquanto explorava a ilha indonésia de Sumatra em 1878. Ela rapidamente se tornou infame ao chegar à Europa, tanto por seu cheiro, que teria deixado doente um artista encarregado de pintá-la para a posteridade, quanto por sua apresentação inegavelmente fálica.

Enquanto muitas pessoas gostariam de evitar uma flor-cadáver em plena floração, outras sentem a necessidade de saciar sua curiosidade sobre o quão ruim ela fede. Em 2021, um viveiro em Alameda, Califórnia, levou uma flor-cadáver em toda sua glória vil para um posto de gasolina para que o público em geral pudesse sentir o cheiro. Mais de 1200 pessoas apareceram.

Mais recentemente, o repórter do Guardian Henry Belot visitou um espécime florescente no jardim botânico de Geelong, na Austrália. O cheiro, ele escreveu - "...atinge você como um soco na cara." Os visitantes o compararam a carne podre, queijo Limburger, alho, peixe podre e pés fedorentos, tudo junto e misturado.