Como tantos outros insetos alados aquáticos, as cerca de 4000 espécies de efeméridas do mundo enchem os céus para o seu ritual reprodutivo anual. Estes voos ocorrem por cima de todo o tipo de corpos de água doce da Terra, com exceção da Antártida e de algumas ilhas remotas. Mas quer as efeméridas (Ephemeroptera) que se reproduzem sejam a efemérida-gigante (Hexagenia limbata) ou a minúscula Paracloeodes minutus, ou as milhares de espécies pelo meio, o seu tempo alado será breve. Muito breve, daí seu nome. |
Para a maioria das efeméridas, a idade adulta dura cerca de um dia. E para algumas espécies, é apenas uma questão de minutos. Isto não é porque são todas devoradas por predadores, embora sejam a comida favorita de muitos peixes, pássaros e insetos maiores. Pelo contrário, esta vida adulta abreviada é uma parte natural do seu ciclo de vida. Um olhar atento nestes insetos revela que abandonaram a boca funcional e o sistema digestivo.
Sem essas entranhas ocupando espaço, os corpos das efeméridas armazenam mais ovos com algumas espécies produzindo até 12.000 por indivíduo. Esta adaptação é essencial para a sobrevivência das efeméridas, visto que poucas atingem a idade adulta, e menos ainda se reproduzirão com êxito. Na maioria destes voos, as efeméridas machos formam enxames dançantes, através dos quais as fêmeas se movimentam até que um macho as agarre para um acasalamento no ar.
Algumas populações exclusivamente femininas podem reproduzir-se sem se juntarem à dança, usando um processo chamado partenogênese para produzir descendentes viáveis sem a ajuda de um macho. Pesquisas recentes sugerem que algumas populações de efeméridas podem até alternar entre estas duas formas de reprodução.
Mas, independentemente de como os ovos são fecundados, a fêmea deposita-os sobre a água, ou debaixo dela, e morre imediatamente. Isto pode parecer uma existência tragicamente breve. E mesmo o nome científico das efeméridas, Ephemeroptera refere-se à sua vida incrivelmente curta. Mas, durante séculos, os pescadores suspeitaram que as efeméridas vivem muito mais tempo do que este voo curto.
Em 1681, os cientistas finalmente concordaram com os seus amigos pescadores, com um relato publicado sobre o ciclo de vida completo das efeméridas. Quando chega a hora certa, os ovos eclodem. Consoante o tipo de efemérida, isso pode acontecer até alguns meses após a produção dos ovos, ou mesmo antes deles terem deixado o corpo da mãe.
Mas sempre que o ovo se abre, a efemérida que sai lá de dentro rapidamente encontra o seu caminho para a água doce, e é nesta fase aquática das ninfas que as efeméridas passam a maior parte da sua vida, habitando nos rios, nos riachos, nas lagoas, nos lagos e outros locais com água limpa e doce. A maioria das espécies de efeméridas permanece nesta fase de ninfa e alimenta-se debaixo da água durante quase um ano inteiro.
Na verdade, algumas espécies vivem como ninfas até dois anos antes de se metamorfosearem no seu estado adulto alado. Um ano é muito tempo para uma criatura tão pequena se manter viva. Assim, para sobreviver e prosperar, as espécies de efeméridas têm uma grande variedade de hábitos e formas corporais correspondentes.
As achatadas são suficientemente planas para aderirem às superfícies apesar da força de uma corrente, enquanto as aderentes obtêm o mesmo feito com ventosas e garras. Outras espécies são nadadoras, rastejadoras ou perfuradoras. Um dos grupos mais notáveis são as efeméridas escavadoras, espécimes de grande porte que usam as patas, as presas e uma concha na cabeça para escavar túneis em forma de U.
Nestas habitações lamacentas, as ninfas usam as brânquias abdominais para acelerar a água através da sua toca, filtrando-a em busca de comida ao longo do caminho. Depois de se metamorfosearem, os enxames adultos podem ficar tão grandes que aparecem nos radares meteorológicos como se fosse chuva. Independentemente de como se adaptaram, cada espécie única desempenha um papel essencial no seu ecossistema.
Além disso, quase todas as efeméridas são um alimento básico das dietas dos peixes de água doce e, como ingerem as menores partículas do seu ambiente, as efeméridas também são muito sensíveis à poluição da água. Na verdade, os cientistas podem dizer muito sobre a saúde de um corpo de água com base nas espécies de efeméridas que encontram.
Se não encontram nenhumas efeméridas, normalmente é uma indicação de que algo está errado. Portanto, da próxima vez que virem um enxame de efeméridas sobre um lago, uma ponte ou uma fonte de um parque, lembrem-se que a sua curta dança aérea significa que existe um mundo saudável abaixo da superfície.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences por cientistas da Universidade de Notre Dame, em South Bend, Indiana, Estados Unidos, descobriu que o número desses insetos, especialmente abundantes no norte da bacia do rio Mississipi e nos Grandes Lagos, caiu vertiginosamente. Entre 2012 e 2020, as populações do inseto caíram mais de 50% em todo o norte do Mississippi e no Lago Erie, provavelmente devido à poluição e à proliferação de algas.
Essas populações cada vez menores significam muito, porque, como dizíamos, esses insetos representam um importante elo na cadeia alimentar, servindo de alimento para diversos predadores. Além disso, transferem quantidades abundantes de nutrientes da água para a terra, um valioso serviço ecológico.
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