E se o apocalipse for silencioso?

Muitos filmes de terror lidam com o fim da humanidade com guerra, desastres naturais, doenças, alienígenas ou seres sobrenaturais, mas e se isso acontecesse sem sangue, pânico, heroísmo ou qualquer ação? E se andássemos lentamente em direção à nossa própria destruição tão gradualmente que simplesmente a aceitássemos? E se, em vez de lutar por nossa última chance, simpatizássemos com nossos destruidores? Como se fôssemos um sapo sucumbindo na água que ferve lentamente?

De alguma forma, esse cenário é ainda mais assustador do que um apocalipse violento, porque existe a possibilidade de que já estejamos fazendo essa caminhada lenta para a síndrome do sapo fervido e morre quando a água ferve. Quentinho e feliz.

O curta-metragem "Quiet Apocalypse" do youtuber brasileiro fã de terror Insolitum escolhe um cenário para o fim das coisas que é parecido a isso: um horror cósmico tanto para os predadores quanto para as vítimas.

Mas mesmo que todas essas mortes tenham vindo de alguma outra fonte, a miséria que abre a porta para a aceitação da desgraça é mais terrível do que as próprias mortes. Ele conseguiu transmitir essa ideia em menos de dois minutos, e agora posso ter problemas para dormir.

O desafio maior, nesse mundo de mudanças constantes, está na humildade de atuar de forma coletiva. Precisamos estar atentos para que não sejamos como os sapos fervidos. Pulemos fora, antes que a água ferva. O mundo precisa de nós, meio chamuscados, mas vivos, abertos para mudanças e prontos para agir.

Insolitum diz que não usou nenhuma inteligência artificial para fazer o curta, senão que só se serviu de várias imagens de estoque que compôs em modelos 3D no Blender e Zbrush. Ele já tinha composto a trilha sonora há algum tempo, que seria usada em outro projeto, mas no final, ficou perfeita para este vídeo.