Jornalista poderá receber 40 chicotadas por usar jeans na televisão

Para o mundo que eu quero descer 9872. Dezenas de mulheres manifestaram-se na terça-feira em frente a um tribunal na capital do Sudão em apoio a uma mulher que poderia ser condenada a 40 chicotadas por usar calças em público, em um caso que se converteu em uma prova para as leis locais de indecência.

Lubna Hussein, ex jornalista e representante de imprensa das Nações Unidas, foi detida no início de julho junto com outras 12 mulheres durante uma festa em um restaurante de Jartum, e foi acusada de cometer um ato indecente.

Os grupos de mulheres queixaram-se de que as leis não tem uma definição clara sobre vestimenta indecente, deixando que a decisão sobre prender ou não a uma mulher fique a cargo da consideração individual dos oficiais de polícia.

Na terça-feira, as manifestantes gritavam e levavam cartazes e fitas na cabeça com a mensagem "Não regressemos à idade da pedra", gritando lemas contra as leis que proíbem roupas consideradas indecentes.

Hussein disse que o juiz adiou seu caso até 7 de setembro.

- "Querem comprovar com a ONU se tenho imunidade ante um processo. Não sei por que estão fazendo isso, já que fui demitida do meu cargo na ONU. Acho que só querem postergar o caso".

O batalhão de choque da polícia avançou sobre a multidão para tentar dispersá-los. Um agente chegou a disparar para o ar, segundo uma testemunha.

Os processos por indecência feminina não são raros no Sudão, onde há uma grande brecha cultural entre o norte, majoritariamente muçulmano e de orientação árabe, e o sul, principalmente cristão.

Mas Hussein atraiu a atenção ao dar a publicidade a seu caso, posando em fotografias com sua grande calça verde e convidando os jornalistas para fazer campanha contra os códigos de vestimenta impostos de forma esporádica na capital.

Seu caso suscitou um amplo apoio de grupos de mulheres de Jartum, ainda que também haviam homens entre os manifestantes na última terça-feira.