Quando um urso-cinzento (Ursus arctos horribilis) pega um salmão, ele primeiro descasca e devora a pele, depois come o cérebroe ovas, se tiver. Mas então, é provável que ele abandone o resto do peixe e volte ao rio para pegar outro. Em média, os ursos abandonam cerca de metade de sua pesca anual. Mas por quê? Quer dizer, pegar peixes fora da piracema pode ser bem difícil; não parece fazer sentido desperdiçar todo esse tempo e esforço. Mas o urso está agindo muito mais logicamente do que podemos sequer imaginar. |
Porque o processo de aquisição de comida não é apenas sobre colocar as patas nela, é também sobre levá-la das patas para as mandíbulas e eventualmente para a barriga. E claro, isso é fácil para alguns animais e alguns alimentos; mas para outros, o processamento é tão difícil -ou mais difícil- do que colocar uma pata nele.
Para um urso na temporada da corrida do salmão, é fácil encontrar peixes; desmantelar o peixe é o que realmente toma tempo e energia. Algumas partes de um salmão valem mais a pena do que outras.
Os pedaços mais gordurosos do peixe, que são a pele, o cérebro e as ovas, são os mais ricos em calorias e mais fáceis de acessar. O resto da carne do peixe, que é muito mais magra e não tão gratificante, fica escondida em meio a espinhos perigosamente afiados que são realmente difíceis de separar. E para um urso, tempo é dinheiro; o tempo gasto processando alimentos é tempo não gasto pegando mais comida, fazendo bebês ou mantendo um olho nos inimigos.
O mesmo é verdade para criaturas como hienas-malhadas, lobos cinzentos, orcas, mosquitos, aranhas e raposas, cujas presas também levam tempo para desmantelar; quando há muitas presas para serem capturadas, esses animais geralmente matam mais presas do que conseguem comer, consumindo os melhores pedaços e deixando o resto intocado. Enquanto isso, um pelicano, que passa muito mais tempo procurando peixes do que comendo-os, comerá praticamente tudo o que puder pegar.
Geralmente, quanto mais tempo uma criatura tem para comer sua presa, mais frequentemente ela deve abandonar o que já pegou e tentar algo melhor. Claro, os animais não fazem matemática complexa para descobrir o que vale a pena. Essas decisões geralmente são movidas por instintos aprimorados ao longo de milhões de anos de seleção natural, suplementados por suas experiências passadas e informações que ganharam de outros.
E mesmo quando um urso decide que um salmão na pata não vale dois no riacho, esse peixe não é desperdiçado. A carne descartada é coletada por outros animais, e o que sobra é decomposto por criaturas ainda menores, criando uma paisagem rica em nutrientes que pode suportar ainda mais ursos.
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