Atenção, se você ainda não assistiu o filme, este artigo pode conter possíveis fragmentos de spoiler, ainda que após a sua leitura, quem ainda não viu o filme, possivelmente quererá sim ver.
Acreditam que nasceu na Pensilvânia em torno do ano 1779, mas seu passado não está tão bem documentado quanto as expedições que realizou ao longo de sua vida. Tudo o que se encontra sobre o passado de Glass são vagas referências que não podem ser confirmadas 100%, como, por exemplo, que fez parte da tripulação do corsário Jean Lafitte.
O que fica muito claro é que foi um hábil navegador, ótimo caçador, comerciante de peles, um "frontiersman" da época, pois naqueles anos dito negócio no "Novo Mundo" estava em plena expansão em frente aos russos que já estavam no Alasca.
A épica façanha de Hugh Glass começou em 1822 depois de ver um anúncio na Gazeta do Missouri, onde se lia:
- "Buscamos jovens empreendedores para subir o rio Missouri até sua nascente, onde terão emprego garantido por um, dois ou até três anos.
O anúncio foi feito pelo General de Brigada William Henry Ashley para recrutar homens que lhe acompanhariam na expedição às selvagens terras do noroeste dos Estados Unidos.
Como era de esperar de um anúncio sem letras pequenas, a realidade superava as expectativas de muitos dos homens que embarcaram em dita expedição, pois ao fato de ir a um lugar desconhecido se somavam outros perigos, como o clima austero e a hostilidade das tribos de indígenas da região, sobretudo os renhidos arikaras.
Todos esses homens que se alistaram ficaram conhecidos com o nome de "Ashley's Hundred" ("Os cem de Ashley") e entre eles estavam o ainda jovem Jim Bridger, John Fitzgerald (coadjuvantes desta história) e o próprio Hugh Glass.
Um ano mais tarde, a expedição do general Ashley encontrava-se não bem longe do rio Grand, em Perkins na Dakota do Sul, e Hugh Glass saiu para caçar sem companhia alguma. Durante o transcurso do dia, Hugh topou com alguns filhotes de ursos e sua mãe protetora. Sem tempo sequer para apontar seu fuzil, a agressiva ursa atacou Hugh dando-lhe golpes, garradas e mordidas. Ele defendeu-se como pôde até que chegaram dois de seus colegas da expedição, John Fitzgerald e Jim Bridger, que lhe ajudaram a matar à ursa. No condado de Perkins há um monumento onde, dizem, aconteceu o ataque.
Pese a que tenham matado a ursa, Hugh ficou bem machucado com numerosas feridas repartidas por todo o corpo, sobretudo nas costas. O general Ashley estava convencido de que em semelhante estado Hugh não sobreviveria muito tempo, de modo que decidiu deixá-lo para trás junto aos dois colegas que lhe salvaram da ursa, Fitzgerald e Bridger, para que lhe acompanhassem até o momento de sua morte e lhe proporcionassem uma sepultura cristã.
À espera de seu último suspiro, decidiram começar a cavar o túmulo, mas a situação complicou-se para Fitzgerald e Bridger quando avistaram um grupo de arikaras perto de onde se encontravam. De modo que, pensando que Hugh não tinha muito tempo e que os arikara podiam descobri-los, decidiram não esperar mais e "picaram a mula". Quando os dois homens alcançaram o general Ashley, informaram que Hugh tinha morrido e que haviam enterrado o homem.
Arrastando-se, Hugh decidiu não permanecer próximo ao rio Grand, já que os índios na área podiam localizá-lo facilmente. De modo que arrastou-se durante várias semanas até o rio Cheyenne, ao sul do rio Grand, onde preparou como pôde uma rudimentar balsa com troncos e ramos.
Durante o tempo que permaneceu só, se alimentou de raízes, bagas, frutos e restos de animais mortos deixados pelos animais carniceiros. Finalmente, acha-se, foi encontrado por índios pawnee não bem longe do rio Cheyenne, que lhe ajudaram a curar as feridas das costas. Em melhores condições que quando foi abandonado, Hugh Glass andou o trecho que lhe restava até o forte Kiowa.
Depois de chegar ao forte e após uma longa reabilitação, decidiu encontrar e vingar-se dos dois "colegas" que lhe abandonaram a própria sorte. Para Jim Bridger não fez nada porque era muito jovem -anos mais tarde, Bridger se tornou uma lenda do Velho Oeste e um notório contador de casos- e para John Fitzgerald -avô dos Kennedy-, ainda menos porque havia se alistado no exército, e matar um soldado americano era apenado com a morte. Mas dizem que Hugh foi atrás de Fitzgerald, deu lhe uns sopapos e o obrigou a devolver seu fuzil.
A história de Hugh parece tomar um respiro, até que, novamente sob as ordens do general Ashley, ele foi enviado junto a outros homens para explorar os territórios por onde decorrem os rios Powder, Platte e Laramie, quando também toparam com os encarniçados arikara.
Ninguém estranhará, logicamente, que foram exatamente eles, os arikara, que acabaram com a vida de Hugh em 1833, quando, depois de ser nomeado caçador do forte União, encabeçava uma travessia pelo rio Yellowstone.
Segundo conta a lenda, pouco depois da morte de Hugh Glass, os arikara tentaram fazer-se passar por "nativos amistosos" a serviço de uma companhia de caça. No entanto, um fuzil portado por um dos índios chamou a atenção de um dos caçadores da companhia... era o de Hugh. Os caçadores, que tinham Hugh como uma lenda viva, fizeram justiça com as próprias mãos e vingaram a morte de Hugh Glass.
Fonte: Storify.
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Comentários
Para nós Brasileiros não impressiona muito a vidado dito cujo, mas para os americanos deve fazer sentido!