Nascido em 1962, filho de um simples tecelão de Coimbatore, Arunachalam foi forçado a abandonar a escola aos 14 anos para sustentar sua família após a morte de seu pai. Durante anos, ele viveu na pobreza, trabalhando em vários serviços: operador de máquina, lavrador, soldador e vendedor, ganhando apenas para fazer face às despesas. Mas as coisas estavam prestes a mudar logo após seu casamento com uma mulher chamada Shanthi, em 1998. Ele descobriu que sua esposa usava trapos imundos (toalhinhas laváveis) durante o ciclo menstrual, porque eles não podiam se dar ao luxo de comprar absorventes higiênicos, e isso o perturbava muito.
- "Tudo isso aconteceu no começo do meu casamento", disse ele, falando a Al Jazeera. - "Para impressionar a minha nova esposa, eu gostaria de oferecer alguns pequenos presentes para ela. Um determinado dia, vi um trapo muito desagradável com algumas manchas de sangue. Então eu entendi que ela adotava métodos anti-higiênicos nos seus dias de período."
Foi quando decidiu que ele mesmo faria absorventes caseiros para que ela usasse em vez dos trapos. Os primeiros produtos experimentais de Arunachalam foram feitos de algodão; ele comprou um rolo de malha de algodão, cortou em tiras retangulares do mesmo tamanho de um absorvente comercial, e envolveu cada tira em uma fina camada de tecido de algodão. Infelizmente, sua esposa rejeitou estes lenços íntimos dizendo que eram inúteis.
- "Eu tive um feedback de que aquilo era muito ruim", disse ele. - "Ela me disse 'eu vou voltar para as minhas toalhinhas'." Mas Arunachalam não estava pronto para desistir, o fracasso de seu primeiro protótipo o estimulou a continuar tentando diferentes materiais e técnicas.
Ao longo de seus ensaios, Arunachalam enfrentou um novo desafio: ele tinha que esperar um mês inteiro para que sua esposa experimentasse cada protótipo. Foi então que decidiu contatar algumas estudantes de medicina em uma universidade próxima e entregou-lhes amostras grátis de suas invenções. Mas a menstruação não é um assunto discutido abertamente na Índia, e as mulheres eram tímidas demais para falar com ele sobre a sua experiência. Foi quando ele tomou uma decisão bastante incomum: testar os lenços nele mesmo.
Para fazer isso, o estoico Arunachalam construiu um útero falso com uma bexiga de borracha e um tubo e encheu-a com sangue animal. Ele amarrava a engenhoca em torno de seu quadril de forma que o sangue gotejasse pelo tubo em sua cueca cada vez que a bexiga fosse pressionada. Este novo arranjo lhe permitiu testar vários protótipos de absorventes, mas aconteceu um contratempo: ele começou a cheirar a sangue e suas calças estavam sempre manchadas. Os vizinhos pensavam que ele era um louco pervertido, e sua esposa, incapaz de tolerar as invencionices do marido, deixou-o e foi viver com a mãe.
- "Ela nunca mais voltou", disse ele. - "Recebi uma notificação de divórcio. Esse foi o primeiro prêmio que eu recebi pela minha pesquisa. "
O choque da separação não desanimou Arunachalam, obstinado como ele só, ainda estava determinado a completar o que se propôs a fazer. Na verdade, a sua missão tinha crescido na mesma proporção. Embora tenha iniciado apenas querendo ajudar a sua esposa, ele acabou descobrindo ao longo do caminho que apenas 10 a 20% das mulheres indianas tinham acesso a produtos de higiene menstrual. E ele queria ajudá-las.
Dois anos mais tarde, Arunachalam finalmente fez uma descoberta: ele percebeu que os fabricantes comerciais usam fibras de celulose derivadas de polpa da casca de pinheiro para fazer seus absorventes. Ele descobriu que estas fibras absorvem uma grande quantidade de líquido, mantendo a sua forma, e também que as máquinas importadas necessárias para fazer esses absorventes custavam em torno de gritantes 500 mil dólares. Assim, ele se deu uma nova tarefa: inventar uma máquina que produzisse os lenços higiênicos com uma fração do custo.
Quatro anos mais tarde, ele conseguiu inventar uma máquina simples e barata capaz de realizar todo o processo e inclusive o de esterilizar os absorventes com raios UV.
Logo depois Arunachalam levantou fundos para fundar a Jayaashree Industries, uma empresa que comercializa essas máquinas por 950 dólares a vários grupos de auto-ajuda do sexo feminino, conhecidos como SHGs, em toda a Índia rural. 1.300 dessas máquinas foram vendidas até agora para mulheres em 27 dos 29 estados da Índia, para produzir os seus próprios absorvente e vender o excedente.
Isso gerou emprego para as mulheres, 877 marcas locais estão atualmente fabricando absorventes higiênicos usando a máquina do Arunachalam. As máquinas também estão sendo exportadas para outros 17 países do mundo em desenvolvimento, mas ele se recusa a vendê-las a grandes corporações.
Por seu trabalho fenomenal e dedicação, Arunachalam recebeu vários prêmios, incluindo o Padma Shri, uma das maiores condecorações civis da Índia. Um documentário premiado de sua história foi feito em 2013, intitulado "Menstrual Man". E em 2014, a revista Time listou o perseverante indiano entre as 100 Pessoas Mais Influentes do Mundo. Mas talvez o melhor prêmio, segundo o próprio, foi que sua esposa, ouvindo falar de suas realizações, decidiu voltar para casa e viver com ele novamente.
- "Eu o vi falando na TV", disse ela, - "Li artigos sobre ele nas revistas. Encontrei seu número de telefone em uma revista e liguei algumas vezes. Ele me ligou e nos falamos depois de cinco anos. Agora estamos juntos de novo."
Um final feliz para uma história surpreendente.
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Comentários
Grande homem,inventor, inteligente, sem preconceitos! Sua esposa ignorante resolveu voltar p casa qdo viu que ele estava famoso!A Índia é um país que em algumas regiões vivem na IDADE MÉDIA
Esse homem está de parabéns! Um grande coração e amor ao próximo que ele tem! O lugar dele já está reservado no céu.
Deve gostar da mulher... eu mandaria pastar. :twisted:
Exemplo de empreendedorismo.