Nós já pincelamos a história de Hiroo Onoda um par de vezes, mas agora, que temos fotos excepcionais, vamos falar dele com detalhes. Após os atentados atômicos de Hiroshima e Nagasaki, em 15 de agosto de 1945, o Japão anunciou sua rendição, trazendo um fim à Segunda Guerra Mundial. Mas para alguns, a guerra não tinha terminado. O tenente Hiroo Onoda tinha 22 anos quando foi enviado para a Ilha de Lubang, nas Filipinas, em dezembro de 1944. Como oficial de inteligência, recebeu ordens para interromper e sabotar os esforços inimigos, e nunca se render ou tirar a própria vida caso fosse necessário. |
As forças aliadas pousaram na ilha em fevereiro de 1945, e Onoda e três outros foram os únicos soldados japoneses que não se renderam nem morreram. Eles fugiram para as colinas, com planos de continuar a luta como guerrilheiros. O grupo sobreviveu a base de bananas, leite de coco e gado roubado, enquanto se envolvia em tiroteios esporádicos com a polícia local.
No final de 1945, o grupo começou a encontrar panfletos que anunciavam que a guerra havia terminado e ordenando que todos os holdouts -como ficaram conhecidos os soldados japoneses que se negavam a se render como consequência da firmeza do dogmatismo de suas convicções e medo a desonra- se rendessem. Após cuidadosa consideração, eles descartaram os folhetos como um truque, e continuaram a lutar.
Um dos companheiros de Hiroo se rendeu em 1950 e outro foi morto por um grupo de buscas em 1954. Seu último companheiro, o soldado de primeira classe Kinsichi Kozuka, foi baleado pela polícia em 1972, enquanto estavam destruindo um armazém de arroz em uma fazenda local.
Hiroo Onoda ficou completamente sozinho, e nessa época, quase 27 anos após o fim da Segunda Guerra, era considerado uma figura lendária em Lubang e adjacências.
A história do misterioso guerrilheiro chamou a atenção de um jovem aventureiro chamado Norio Suzuki, que tinha como objetivo na sua vida de explorador encontrar, na seguinte ordem: o Tenente Onoda, um panda, e o Abominável Homem das Neves. Em 20 de fevereiro de 1974, ele encontrou Hiroo nas selvas de Lubang usando um uniforme militar todo esfarrapado, e de forma improvável se tornaram amigos.
Suzuki disse a Hiroo que o Japão estava preocupado com ele, mas Hiroo respondeu firmemente que não se renderia a menos que recebesse ordens de um oficial superior. Suzuki então voltou ao Japão e, com a ajuda do governo, localizou o oficial comandante de Hiroo, o Major Yoshimi Taniguchi, que já era um homem idoso trabalhando em uma livraria. Taniguchi voou para Lubang, e em 9 de março de 1974, ele formalmente liberou Hiroo de seus deveres, quase 30 anos após o fim da guerra.
Três dias depois, o soldado entregou sua espada ao presidente filipino Ferdinand Marcos, e recebeu um perdão por suas ações nas décadas anteriores -ele e seus companheiros mataram cerca de 30 pessoas em sua longa guerra solitária-.
Ele voltou ao Japão e foi saudado como um herói, mas em abril de 1975, seguindo o exemplo de seu irmão mais velho Tadao, deixou o Japão e veio criar gado no Brasil. Casou-se em 1976 e assumiu um papel de liderança na Colônia Jamic, comunidade japonesa em Terenos, no Mato Grosso do Sul. Depois de ler sobre um adolescente japonês que havia assassinado seus pais em 1980, Hiroo retornou ao Japão em 1984 e fundou a Onoda Shizen Juku, um grupo de escolas e acampamentos educacionais para jovens, mas voltava com regularidade ao Brasil.
Quanto a Norio Suzuki, o aventureiro: pouco depois de encontrar o tenente, ele encontrou um panda em estado selvagem morto em uma avalanche no Himalaia em 1986, mas continuou sua caça ao Abominável Homem das Neves.
Hiroo Onoda faleceu de insuficiência cardíaca em 16 de janeiro de 2014, devido a complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele tinha 91 anos.
O tenente Hiroo Onoda, espada na mão, sai da selva na Ilha de Lubang depois de quase 29 anos de campanha de guerrilha, em 11 de março de 1974
Tenente Hiroo Onoda, em 1944
Norio Suzuki posa com Hiroo Onoda e seu rifle depois de encontrá-lo nas selvas da Ilha Lubang, em fevereiro de 1974
Indo ao encontro do presidente das Filipinas, em 11 de março de 1974
Hiroo Onoda oferece sua espada ao presidente Ferdinand Marcos para expressar sua rendição no palácio de Malacanan em Manila, em 11 de março de 1974
Hiroo Onoda ao chegar de volta em Tóquio, em 12 de março de 1974
Hiroo fala em um almoço do clube da imprensa em sua honra, em 25 de fevereiro de 1975
Onoda recebeu em 6 de Dezembro de 2006, a medalha de mérito Santos-Dumont da Força Aérea Brasileira. Na foto, em fevereiro de 2010, a Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul conferiu-lhe o título de "Cidadão sul-mato-grossense".
Fotos: Jiji Press / Getty Images.
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Comentários
Realmente LEALDADE EXTREMA , mas NÃO à um superior mas sim à sua NAÇÃO. O superior no caso lhe transmitiu uma ordem do Imperador , somente ele ( o superior ) que era seu conhecido poderia lhe retirar a ordem , mas a belíssima lealdade é sim ao País. E concordo , daria um excepcional filme .
Sempre que leio essa história fico impressionada, é muita lealdade a um superior. Daria um belo filme.