James Lewis tinha uma vida aparentemente normal. Casado e com filhos, foi adotado quando tinha três semanas de idade. No entanto, sua história -e a da ciência- deu um giro em 1979. Resulta que tinha outro James no mundo praticamente "igual" a Lewis. Para os geneticistas do comportamento humano que durante muito tempo centraram seus estudos no debate "natureza versus criação", os gêmeos são as pessoas perfeitas para testar hipóteses sobre o que está (ou não) moldado pelas pressões da vida e o que é inato. |
No entanto, a maioria desses cientistas estudas essas particularidades a distância, através de estatísticas para descrever o comportamento das populações em vez dos indivíduos.
Segundo essas estatísticas (sempre em média), os gêmeos idênticos tendem a ser aproximadamente 80% iguais em tudo, desde a estatura até a saúde, o quociente intelectual ou inclusive as opiniões políticas. As semelhanças são em parte o produto de uma educação similar, mas a evidência da comparação de gêmeos elevou os pontos de maneira bastante convincente aos genes como a fonte de muitos dessas similitudes.
Grande parte da responsabilidade vem do estudo pioneiro que começou em 1979, o Minnesota Twin Family Study, que terminou em 1999 e foi realizado pelo psicólogo da Universidade de Minnesota, Thomas Bouchard. Um trabalho onde explicaram uma crônica do destino de 60 pares de gêmeos idênticos criados separadamente.
Alguns irmão mal tinham se encontrado antes de que Bouchard os contatasse, e no entanto, os comportamentos, as personalidades e as atitudes sociais que exibiam nas longas baterias de provas com frequência foram extraordinariamente similares. Ainda que existiram muitos casos surpreendentes, sem dúvida o dos "dois Jim" foi o mais insólito de todos.
Os Jim
Como dizíamos no começo, Lewis, de Lima, Ohio, foi adotado em 1940 quando tinha apenas três semanas. De fato, foi chamado de James por seus pais adotivos.
Daquela época Lewis recordava ter um cão chamado Toy. Como qualquer outro menino em idade escolar, desfrutava de algumas matérias mais do que outras, adorava matemática e tinha o dom para a carpintaria. Com o tempo casou-se com uma mulher chamada Linda. Mais tarde, ele e Linda se divorciaram, e se casou com uma mulher chamada Betty. Com ela teve um filho chamado James Alan Lewis, que trabalhava como segurança, dirigia um Chevrolet e fumava como um caapora.
O relato do que até agora era uma vida "normal" mudou no dia em que Jim recordou uma cena de sua mãe adotiva. Falando com algumas amigas o pequeno Lewis escutou ela mencionar o "outro bebê" que também se chamava James. Existia um gêmeo?
Com 39 anos, Jim foi ao cartório onde tinham um registro de sua adoção. Lá encontrou o registro, no mesmo dia de um outro James Springer. Assim foi como entrou em contato com a senhora Springer, em Piqua, que, ao que parece, tinha realmente um filho adotado que era seu xará. Em muito pouco tempo os dois James se conheceram. O que Lewis descobriu ficaria refletido no trabalho de Bouchard.
James Springer, de Piqua, Ohio, foi adotado em 1940 só três semanas após seu nascimento. Casualmente, foi chamado de James por seus pais adotivos, e também tinha um cão chamado Toy. Como qualquer outro menino em idade escolar, desfrutava da matemática e era bopm em carpintaria. Depois casou-se com uma mulher chamada Linda. Mais tarde, ele e Linda se divorciaram, e se casou com uma mulher chamada Betty. O casal teve um filho chamado James Allan Springer, que trabalhava como auxiliar do xerife, dirigia um Chevrolet e era um ávido fumante.
Dito de outra forma, James Springer e James Lewis não eram apenas gêmeos que até faz pouco não sabiam nada um do outro. Eram duas pessoas levando uma vida quase idêntica em dois pontos diferentes do planeta. Como demônios aconteceram todas estas coincidências?
Não só isso, quando se conheceram os irmãos descobriram que ambos sofriam de dores de cabeça devido a pressão alta, que eram propensos a comer unhas, e inclusive descobriram que fumavam a mesma marca de cigarros e passavam as férias na mesma praia da Flórida.
Alguns meses depois, a semelhanças entre amos gêmeos chegaram aos ouvidos de Thomas Bouchard e uma equipe de pesquisadores da Universidade de Minnesota, que convidaram ambos a visitar suas instalações para realizar uma série de testes. Não eram os primeiros. A equipe realizava um estudo em curso de gêmeos com a esperança de descobrir se a separação tinha algum papel no debate "natureza versus criação".
O estudo
Os pesquisadores publicaram o estudo histórico em 1979. Na decorrência de 20 anos, estudaram 137 pares de gêmeos: 81 pares de gêmeos idênticos, e 56 pares de gêmeos fraternos. Os "dois Jim" foram provavelmente os gêmeos mais fascinantes do estudo, mas não os únicos. Por exemplo, tinha um par de gêmeas que foram separadas aos 5 meses de idade, e que não voltaram a se ver até os 78 anos, o que as transformou no par separado mais longevo do mundo entrando para o livro Guinness.
Por sua vez, o estudo de Minnesota resultou em mais de 170 estudos individuais focados em diferentes características médicas e psicológicas. Em um deles, os pesquisadores tiraram fotografias dos gêmeos e descobriram que os idênticos se mantinham da mesma maneira, enquanto os gêmeos fraternos tinham diferentes poses. Outro estudo de quatro pares de gêmeos descobriu que a genética tinha uma influência mais forte na orientação sexual nos gêmeos que nas gêmeas.
Lewis e Bouchard.
O trabalho, pioneiro e histórico, concluiu que a genética tem um papel mais importante na personalidade do que pensavam anteriormente. O meio afeta a personalidade quando os gêmeos vivem separados, mas não quando criados juntos.
Seja como for, o trabalho de Minnesota deu aos cientistas um novo entendimento do papel dos genes e o meio no desenvolvimento humano. No futuro, os estudos de gêmeos buscariam vincular genes específicos com comportamentos específicos, bem como pesquisar a epigenética, o que ativa ou desativa os genes.
Por verdade, ainda que não haja dúvida de que os gêmeos Jim são parecidos em múltiplas formas, desde aquela data até agora se separaram levemente do estilo de vida compartilhado. Jim Lewis recentemente divorciou-se de sua mulher Betty e voltou-se a casar com uma mulher chamada Sandy.
Ninguém sabe ao certo se Jim Springer conhece alguma mulher chamada Sandy, mas Betty fica de orelha em pé logo que uma se aproxima.
Fonte: CBS News.
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Sinistro...
Já dizia o Silvio Santos: "Isto é incrível!"