A primeira coisa que chama a atenção (e muita) quando alguém visita a sala de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa é algo desconcertante: uma cabeça humana solitária conservada perfeitamente em um vaso. Quanto mais você cavouca sobre a história, mais insólita a coisa vai ficando. Trata-se da cabeça de Diogo Alves, que muitos dizem que foi o primeiro assassino em série de Portugal e o último homem enforcado, ainda que realidade e ficção se misturam nesta história. |
Contam que Diogo Alves nasceu em Galiza em 1810 e viajou a Lisboa ao pouco tempo para trabalhar nas casas dos mais endinheirados da capital portuguesa. Esta migração para o sul era comum para muitos galegos que buscavam trabalho, no entanto, Diogo se deu conta muito cedo de que uma vida criminosa seria bem mais rentável.
De 1836 a 1840, o homem transferiu seu lugar de trabalho ao Aqueduto das Águas Livres. Com quase um quilômetro de comprimento, o aqueduto estendia-se pelo vale de Alcântara, o que permitia que tanto a água como os habitantes dos subúrbios chegassem à cidade pela paisagem rural. Ali, Diogo levou à morte muitos agricultores roubando o pouco dinheiro que tinham.
Aqueduto das Águas Livres. Via: Wikimedia Commons
Segundo os livros de história, o homem repetiu esta sequência até 70 vezes nos três anos que esteve ativo na região. Posteriormente, o assassino fixou-se em outros objetivos, formou uma quadrilha e começou a atacar residências particulares. Finalmente, após irromper na casa de um médico e assassinar as pessoas que ali estavam, as autoridades conseguiram por fim prendê-lo e o sentenciaram à forca em fevereiro de 1841.
Ilustração de Diogo Alves
Aqui é onde os fatos da história de Diogo com frequência se confundem. Não foi o último homem em ser executado e ninguém acha que foi o primeiro assassino em série. Em qualquer caso, foi executado em 1841.
Enquanto hoje reconhecem que a frenologia, disciplina desenvolvida pelo médico alemão Franz Joseph Gall no século XVIII, é uma pseudociência, naquele tempo suas premissas eram simples e suas conclusões absolutamente revolucionárias: o cérebro guardava todos os aspectos da personalidade de um indivíduo em áreas fisicamente diferentes, e a forma do crânio refletia esta organização interna.
Uma ilustração século XIX típica sobre frenologia: Na década de 1820 os frenólogos afirmavam que podiam medir as "protuberâncias" do crânio das pessoas para predizer os traços de sua personalidade.
As peculiaridades da personalidade, incluída a propensão criminosa, podiam ser sentidas, apalpadas e medidas diretamente no crânio do indivíduo (segundo Gall). Assim foi como um cadáver "notoriamente malvado" como o de Diogo Alves chamou a atenção de frenólogos em Portugal, que pediram que sua cabeça fosse cortada e preservada para a posteridade -diziam que a fonte de seus impulsos criminosos poderia ser estudada em profundidade no futuro-.
Foi assim que a cabeça foi ficando... ficando... e ficou até nossos dias. Mas há que avisar algo se você ficou curioso pelo assunto e pensa em visitar a referida instalação: a parte da universidade onde atualmente repousa a cabeça de Diogo só está aberta para estudantes e geralmente não é acessível para o público em geral.
Fonte: Atlas Obscura.
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Comentários
credo....deus me dibre entrar lá e ver esse trem horrível
Sinistro...