O povo creek, nativo americano do grupo muscógui, que primitivamente habitava os territórios onde hoje estão os estados da Geórgia e do Alabama, eram consideradas uma das 5 tribos civilizadas e foi assim que Sarah, seu pai, sua mãe e seus cinco irmãos receberam amplos hectares de terrenos em Taft, Oklahoma, no meio do processo de consagrar-se como Estado.
Evidentemente que as terras oferecidas pelos organismos oficiais não eram de grande valia e inférteis para a lavoura. As melhores parcelas foram reservadas para os homens brancos e ameríndios de "sangue autêntico" que também se instalaram na região.
A família Rector.
Dizem que os Rector logo se adaptaram a nova vida e viviam com relativa comodidade econômica, mas o pai de Sarah estava farto de pagar os impostos anuais por direito de propriedade das terras da pequena, algo em torno de uns 30 dólares ao ano. Aquele "brejo" com poços de águas escuras e fétidas era improdutivo, de modo que tentou se desfazer do terreno mais de uma vez, sem sorte.
Foi quando alguém sugeriu que aquilo poderia não ser apenas barro e a família decidiu chamar a Standard Oil Company para que fizesse testes de viabilidade no solo. Encontraram a mina do tesouro, um tesouro negro que em fevereiro de 1911 produzia 2.500 barris de petróleo ao dia. Isso rendia em torno de 300 dólares ao dia, o equivalente hoje a 8.000 dólares. Logo Sarah ganhou, claro, o apelido da "menina negra mais rica do mundo". E nada foi mais como antes.
A tentativa de separação legal e a fama
Para começar, quiseram separá-la legalmente de seus pais. Naquela época, os índios nativos, os adultos negros e as crianças de qualquer etnia deviam ter um tutor ou guardião branco respeitado para os trâmites econômicos e administrativos.
Sarah, como menina de sangue misto, não era listada entrava em nenhuma dessas categorias, mas houve muita pressão pára que a custodia passasse para as mãos de um homem branco da região, amigo da família e muito respeitado pela comunidade.
Também os jornais começaram a criar notícias falsas sobre o caso, e publicaram infâmias sobre a família, dizendo que era uma imigrante branca injustamente sequestrada pelos Rector que fora forçada a viver na pobreza, entre farrapos, com problemas de salubridade e sem receber educação.
Com o tempo, e devido a seu nível de renda, a Legislação do Estado declarou-a uma pessoa branca, coisa que lhe servia entre outras coisas a considerá-la com boa saúde (achavam que os negros tinham uma pior saúde congênita) para viajar nos vagões de primeira classe.
Mas não foram somente os políticos e mídia que focaram preocupadíssimos pelas condições de vida e pela autêntica procedência de Sarah Rector, senão que muitos homens descobriram que esta menina de 12 anos era o maior amor de suas vidas, com real interesse conjugal. Sério!
Dezenas de homens enviavam cartas, flores e outros presentes a sua casa, e ela chegou mesmo a receber propostas de casamento de diversas procedências, inclusive cartas de respeitados homens alemães que haviam escutado notícias sobre a "beleza" da garota.
A história pouco sabe dos sentimentos desta menina por aquele então, mas sim é sabido que a pressão externa acabou sendo mitigada, em parte graças à intervenção de Washington para que a família pudesse viver sua vida a sua maneira. Os Rector foram morar no Kansas e viveram uma vida confortável em uma casa com quartos para cada membro da família e inclusive compraram um automóvel.
A casa dos Rector.
Posteriormente a menina terminou seus estudos no segundo grau, e quando completou 18 anos já tinha amealhado uma fortuna de mais de um milhão de dólares, que investiu na bolsa, em novas terras, uma pensão, uma panificadora e um restaurante, por onde passaram vários artistas como Count Basie e Duke Ellington.
Ela logo se casou com um homem local, chamado Kenneth Campbell, de cuja cerimônia participaram apenas o padre, seus pais, a mãe e a avó paterna do noivo. O casal teve três filhos antes de se divorciar em 1930.
O craque de 1929 e a Grande Depressão da década de 30 causaram o cataclismo em suas finanças, assim como ocorreu a tantos outros americanos, mas ela conseguiu manter uma economia folgada que lhe permitia ter uma vida social ativa que, segundo contam, incluía noites de festa e muitas multas por excesso de velocidade.
Sarah Rector faleceu em 22 de julho de 1967, aos 65 anos. Seus restos mortais foram enterrados no cemitério da cidade de Taft, sua cidade natal. Já aos olhos de todos, uma mulher negra com plenos direitos (mais ou menos).
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