A proposta de igualdade racial, também chamada cláusula de igualdade racial, foi proposta pela delegação do Japão na Conferência de Paz de Paris de 1919, celebrada depois da Primeira Guerra Mundial. Tratava-se de uma emenda a um dos artigos da Carta da nova Sociedade de Nações proposta pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson, em a que pediam o reconhecimento da igualdade racial. |
Desde o princípio a delegação japonesa, presidida pelo político liberal Makino Nobuaki, não foi tratada como um igual pelos Quatro Grandes (França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Itália), apesar de ter fazer parte do bando aliado vencedor. Não só colocaram Makino no canto extremo da mesa de negociações, senão que seus membros tiveram que suportar comentários humilhantes e piadas imbecis -o presidente francês Georges Clemenceau, por exemplo, se queixou de ter que estar junto aos "feios" japoneses em uma cidade cheia de loiras atraentes—.
Por conseguinte, o Japão não foi incluído no Conselho dos Quatro e sua opinião só foi requerida quando se trataram temas relacionados com a Ásia e o Pacífico.
Junto com o objetivo de consolidar a posição predominante que tinha atingido o Japão na Ásia Oriental no curso da guerra, a delegação japonesa estava encarregada de conseguir que no Pacto da nova Sociedade de Nações se incluísse a chamada "cláusula de igualdade racial", que consistia em introduzir uma disposição de não discriminação baseada em no princípio de igualdade de todos os países e o trato justo de seus cidadãos. De fato, os japoneses apenas pretendiam uma declaração geral, não uma série de medidas concretas.
A proposta da cláusula de igualdade foi discutida pela comissão da Conferência encarregada da futura Sociedade das Nações. A oposição maior foi feita pela Grã-Bretanha, junto com a Austrália.
E quando no curso do debate o britânico Lord Balfour argumentou que na Constituição dos Estados Unidos reconheciam que "todos os homens são criados iguais", ele respondeu que não achava que um homem da África central fosse criado igual a um europeu.
Quem se opôs de forma mais veemente foi o premiê australiano, Billy Hughes, defensor de uma Austrália Branca, que chegou a fazer piadas sobre o canibalismo em referência aos povos do Pacífico.
Depois do debate o chefe da delegação japonesa Makino pediu que votassem a proposta e conseguiu que fosse aprovada por onze votos dos países representados de um total de dezesseis -Grã-Bretanha e Estados Unidos decidiram se abster-, o que constituía uma ampla maioria. Mas então o presidente norte-americano Woodrow Wilson, que encabeçava a comissão, opinou que o decisão devia ser anulada porque vários países se opunham e não tinham conseguido a unanimidade. A cláusula foi recusada.
O episódio criou a impressão de que Japão era um nação bastante boa para que pedissem sua ajuda, mas não para ser reconhecida como uma igual, conclui o historiador David Stevenson, depois.
Como prêmio de consolação, o Japão ficou com a posse de todas as ilhas do Pacífico, ao norte do Equador, antes pertencentes à Alemanha, mas a recusa da cláusula de igualdade racial ia ser recordada durante décadas pelos nacionalistas japoneses e cobraria eu preço. A discriminação racial sobre o povo japonês sempre existiu e foi o principal motivo para a deterioração das relações entre Ocidente e Japão.
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Comentários
Tanto que na segunda guerra mundial, a população de descendência nipônica residente nos Estados Unidos foi levada para campos de concentração, e os de origem alemã não!