As portas são estreitas e baixinhas e para entrar é preciso abaixar a cabeça. Mas atrás do exterior rochoso simples está uma casa, completa com quartos distintos, uma chaminé e móveis aconchegantes. Duas coisas se tornam óbvias: apesar do ar frio do inverno, é relativamente agradável por dentro. E as marcas nas paredes ásperas -sinais repetidos cinzelamentos- indicam que a casa exigiu um esforço sobre-humano para ser construída. Estas casas-caverna foram escavadas na rocha por trabalhadores agrícolas migrantes que precisavam desesperadamente de moradia. |
Em 1855, um aglomerado de casas como estas foi construída em Langenstein, uma vila de cerca de 2.000 habitantes em Halberstadt, perto das montanhas Harz, na Alemanha. Cinco das 10 cavernas foram cuidadosamente preservadas e agora estão abertas aos visitantes.
Helmuth Scholle, membro da associação Langensteiner Höhlenwohnungen, oferece passeios regulares por esses bairros curiosos. Estas não são as primeiras casas em cavernas da região, uma outra montanha da região, próxima de onde ficava o castelo de Langenstein, o Altenburg, havia cavernas naturais onde as pessoas moraram por volta de 1787 até 1916, com endereços postais e tudo mais. Uma dessas cavernas também foi preservada e está aberta ao público.
A Alemanha passou por uma rápida industrialização e urbanização durante o século XIX. Ao mesmo tempo, a população mais do que dobrou, e as apreensões de terras e o desemprego foram generalizados. Juntamente com a emigração, as taxas de migração interna aumentaram dramaticamente e a população rural mudava-se com frequência em busca de meios de subsistência mais seguros.
Em meados do século, havia um notável agricultor e político na região que expandiu sua fazenda consideravelmente, e precisou de agricultores para trabalhar para ele por um longo prazo. Trabalhadores rurais tinha ao montes, mas em meio à falta de moradia, não havia lugar para elas morarem.
Foi quando o conselho local encontrou a formação da cordilheira de arenito macio nos arredores da cidade. Como sabiam das antigas cavernas, surgiu a ideia de deixar que os trabalhadores residissem em cavernas. Como a quantidade de cavernas naturais não era o bastante para abrigar tanta gente, algumas famílias começara a esculpir sua casa em rocha sólida.
Os trabalhadores passavam o dia todo no campo e à noite trabalhavam em suas casas. Em média, cada família demorou um ano e meio para concluir suas moradias. Além do salário, eles receberam o direito de residir nas casas que construíram enquanto vivessem.
As famílias mobiliaram suas cavernas com móveis rústicos e usavam lâmpadas de sebo para iluminar e lenha para cozinhar. Eles eram criativos, construindo calçadeiras, misturadores, batedeiras e outros aparelhos de madeira para torrar cevada e café.
O último morador dessas cavernas morreu em 1910. A propriedade não foi transferida para seus descendentes, então [as cavernas] passaram a ser propriedade do município. Posteriormente, elas foram usados como porões de armazenamento até a reunificação alemã em 1990, ou compradas por indivíduos que construíram casas regulares em seu lugar. Infelizmente uma dessas cavernas foi preenchida com concreto e uma nova casa foi construída no topo.
Hoje, as cavernas históricas de Langenstein são cuidadas pelo Langensteiner Höhlenwohnungen, uma organização que consiste em 10 membros dedicados da região. Até 2010, o grupo funcionava como um simples coletivo. Eles agora operam a partir de um edifício que foi construído no local de uma antiga caverna. É propriedade do município e a associação pode utilizar o espaço gratuitamente.
Curiosamente, mas por razões inteiramente práticas, os habitantes das cavernas deixavam as ovelhas pastarem no telhado. Na época, os animais impediam o crescimento da vegetação, o que, de outra forma, teria causado o colapso do teto. Há até um ditado local rimado cativante sobre essa história:
- "In Langenstein, in Langenstein, da schieten de Schaape in Schornstien rein", cujo significado é: - "Em Langenstein, em Langenstein, as ovelhas cagam nas chaminés."
Fonte: Atlas Obscura.
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