No entanto, poucos dias depois, para não enfrentar filas, usei o auto-atendimento para depositar cheques e fiz um saque em espécie do crédito que me custou 5 reais. Na verdade, outro grande abuso.
Se analisamos ambas situações, algo está bem errado. Sou capaz de investir uma hora de minha vida por alguns míseros centavos, e ao mesmo tempo sou capaz de gastar 5 reais para poupar alguns minutos dela só alguns poucos dias depois. E se analisarmos, esta é uma atitude bastante comum
Este problema de lógica é muito comum na mente humana. Se perguntassem-nos se cruzaríamos a cidade para poupar 25 reais em um panela de pressão que vale 100, a maioria de nós diria que sim. Se perguntassem-nos se faríamos o mesmo para poupar 25 reais em um televisor que vale 1.000, a maioria absoluta diria que não. E o interessante é que estamos falando da mesma poupança.
Se uma viagem assim vale a pena ou não, desde o ponto de vista de uma mente lógica, só deveria depender de dois fatores: o valor de nosso tempo e o custo do combustível. No entanto, nosso cérebro não faz este tipo de proposição: se podemos poupar 25 de 100, pensamos logo em 25%. Se poupamos 25 de 1.000, então pensamos: - "Muito esforço para nada, só 2,5%". Mas a questão é que estamos falando de exatamente o mesmo valor poupado.
A maioria das pessoas não pensa em termos absolutos com esta classe de decisões, senão em termos relativos, de forma que somos capazes de distinguir mais do menos. Mas este sistema tem por sua vez a peculiaridade de ser não linear: a diferença entre 1 e 2 parece subjetivamente maior que a diferença entre 101 e 102.
Nosso cérebro está sob a influência do que se denomina Lei de Weber, que estabelece uma relação quantitativa entre a magnitude de um estímulo físico e como este é percebido. Foi proposta pela primeira vez por Ernst Heinrich Weber, e elaborada até sua forma atual por Gustav Theodor Fechner. A lei estabelece que: a menor mudança discernível na magnitude de um estímulo é proporcional à magnitude do estímulo.
E a explicação evolutiva para que tenhamos essa falha cognitiva é que nosso cérebro não foi desenhado para se relacionar com o dinheiro senão com a comida. Em certos âmbitos, seguir a lei de Weber faz sentido até certo ponto: armazenar mais dois quilos de trigo com relação a um ponto de partida de cem quilos não vai ter importância alguma se ao final toda quantidade superior a uns quantos quilos se estragar; o que importa é a diferença entre a inanição e a sobrevivência.
De forma que a próxima vez que decidir atravessar a cidade para comprar algo que está na promoção, a melhor coisa a fazer é calcular se tal esforço vale a pena, mas sobretudo fazer considerações se há realmente a necessidade de fazer aquela compra, já que o ser humano também é tentado a comprar qualquer coisa que esteja acompanhado da palavra promoção.
Fonte: Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind de Gary Marcus.
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Comentários
Tem que pesar MUITO os pros e contras, já vi muita gente em minha cidade, sair do bairro, de carro, pegar engarrafamento, ter que pagar estacionamento, pra comprar algo com uma diferença de 3, 4 reais, sendo que perdeu cerca de 45 minutos no transito, uns 2 reais de estacionamento (quando acha essas vagas mais baratas, senão paga mais) chega em uma farmacia por exemplo e compra um medicamento com essa diferença de 3 reais no preço e ainda acha q está na vantagem.... Acho uma estrema perda de tempo e dinheiro, pois se fizer as contas gastou até mais (juntando gasolina e estacionamento) e ainda perdeu um tempo tremendo...
Eu nunca pensei assim. sempre pensei em forma de tempo, se gasto x de tempo, e ganho y de dinheiro nesse tempo. entao o que economizo de dinheiro tem que ser maior que o tempo que perdi.
Por isso que nunca lavei meu carro, o que eu ganho em uma hora paga a pessoa que lava meu carro e ainda sobra muito dinheiro para lavar o carro mais umas 6 ou 7 veses. nao compensa eu lavar o meu carro e sim trabalhar nessa hora.
Alias, eu penso assim em tudo e sempre contrato servico de terceiros ao inves de eu mesmo fazer o que eu poderia fazer.
Eventualmente eu pago o que se chama custo de oportunidade.
Algo é mais caro, porem mesmo assim eu compro aleatoriamente na primeira loja que eu achar, pois assim nao perco meu tempo. a não ser que o valor do produto seja tao alto, que a diferença media de precos do mercado seja mais caro do que o que ganho em todo o tempo que vou perder procurando o preco mais barato.
Alias, o dinheiro se renova a todo mes, mas seu tempo somente se acaba ate que voce morra.
Que comerciante hoje dá um desconto de R$ 25,00 na compra de uma panela de R$ 100,00? Agora na compra de um produto no valor de R$ 1.000,00 é deveras mais fácil obter um desconto de R$ 25,00. Por esse motivo vale o esforço para comprar uma panela, mas não vale para comprar um televisor.
Certa feita, um amigo meu foi ao supermercado comprar carne para fazermos um churrasco em casa, comprou 4 kg de carne correspondente a R$ 58,25, no ato do pagamento deu R$ 100,00 e a balconista deu o troco R$ 41,00.
Ao chegar em casa percebeu que o troco estava errado, faltava 0,75 Centavos. Decidiu voltar ao supermercado, que fica a 3,5 km de casa, visto que o carro dele fas 7km com um litro de etanol, e o percurso de ida e volta ao supermercado dá exatos 7 km, ele gastou um litro de etanol para reinvindicar o restante do seu troco.
Ele conseguiu o troco mas teve um gasto adicional de R$ 2,00 com o combustível.
Com esse acontecimento, aprendemos que temos que agir pela razão e não pela emoção.
A pressa de querer algo me impede de economizar
Eu sempre gosto de pesquisar bem antes de comprar algo para não pagar mais caro mesmo em um produto de valor mais significativo. Mas realmente quando compro algo que custa uma valor mais alto o peso na consciência é menor se perco uma quantia baixa proporcionalmente ao valor do produto. Não sabia o nome disso. :P
Eu não tenho paciência de ir muito longe pra compra algo que é mais barato, mas que no final vai levar mais tempo do que devia e mi irritar e mi deixar cansada, prefiro pagar mais e levar logo o produto que eu quero pra casa sem estresse, isso é um defeito que eu tenho, outro dia deixei de comprar uma coisa que eu queria muito na internet só porque quando eu calculei o valor do frete, deu o dobro do valor do produto...
a filha do colega do meu pai ficou doente, ai o remedio aqui custa 15,60, ele ligou em TODAS as farmacias da minha cidade e o mais barato foi 15,35. Ele ligou numa cidade proxima (26km) e achou por 13
,99, ele pegou o carro, dirigiu ate la (sem carteira) comprou e voltou, achando que fez um bom negocio
Tem gente que por uma boa promoção sai até do País prá fazer compras em Miami, tá ligado?
No meu caso com fome e dinheiro no bolso comigo num tem miséria como vc não seu pão duro!
Pago logo e tá resolvida a conversa! :lol:
Também esbarro no quesito frete que o Moon falou, já deixei de comprar algo por 80, sendo que o valor do bem era 55 na internet e o frete 25, acabei comprando o mesmo por 100 em minha cidade... Mas não paguei o frete! :ma: :ma:
Sei lá... eu sou mão aberta pra caramba.
num gosto muito de ficar pesquisando não... é um defeito meu.
Se eu bater o olho em uma coisa e gostar eu levo... as vzs poucas lojas a frente eu acho mais barato... mas nem fico puto.
Eu acho que essa questão não tem apenas fatores cerebrais altamente complexos envolvidos. Há também o fator preguiça.
Eu já andei bastante para economizar um pouquinho, mas também esses dias, na hora da pizza, falei para a Dona Raposa: "ah, vamos pedir o refrigerante junto, se não eu vou ter que ir no mercado buscar".
No mercado, a gasosa é bem mais barata. Mas a minha preguiça e as condições climáticas me fizeram prezar o conforto.
E quando preciso comprar uma coisa pela internet, então? Várias vezes deixo de comprar uma coisa que quero muito só por causa do frete.
Sei lá. Cada palavra que digito aqui me faz lembrar de um novo fator e...
Nunca tinha me atentado a isso, mas com certeza já saí em desvantagem buscando lucro em algo.
Não sei, mas cruzo aqui para obter o First! :sha: