Conhece o homem mais odiado na internet?

Hunter Moore, 26 anos, poderia facilmente ser denominado hoje como "o inimigo público número um na internet". Não ocorreu melhor ideia a este jovem do que criar uma página na internet, Is Anyone Up.com, que se tornou o tormento de muitas pessoas graças a que publicava fotografias, sem o consentimento de mulheres e homens, com conteúdo adulto. Sua página baseava-se em uma "porno-vingança", isto é, convidava as pessoas para que enviassem imagens de seus ex-nus, bem como detalhes sobre porquê mereciam aparecer no site.

No final de 2010, Hunter lançou sua página, cuja ideia original era escrever a respeito de suas experiências com mulheres e ilustrá-las com fotografias próprias. No entanto, Moore logo descobriu o que quase todo blogueiro sabe: é muito comum que recebamos links com fotos comprometedoras de ex para que sejam publicadas como forma de vingança. Moore também se deu conta que publicar fotos de nus amadores de gente despeitada era um ótimo negócio, já que a página atingiu cerca de 300 mil visitas ao dia e rendia, graças à publicidade, ganhos de dezenas de mil dólares ao mês.

O trabalho era muito fácil. Ele recebia e publicava as fotos das pessoas, que incluíam nomes e apelidos, endereço e inclusive suas contas em redes sociais como Facebook, Twitter, Tumblr e Linkedin. Não conforme, os internautas ainda podiam arremeter contra as vítimas deixando comentários ofensivos sobre sua aparência física e sobre sua história.

Não obstante, nem tudo foi um mar de rosas, já que Hunter Moore também enfrentou o ódio das pessoas que foram expostas em sua página. O barraco foi tão grande que invadiram sua casa, foi apunhalado com uma caneta por uma mulher, o que lhe rendeu uma cirurgia e uma grande cicatriz; as redes sociais vetaram seu site e vem recebendo ameaças de processos milionários, inclusive de morte.

Mas Hunter ignorou todas estas mostras de ódio, e ante os processos dá risada, já que a lei não pode castigá-lo. Moore não é legalmente responsável pelo conteúdo enviado pelos usuários a seu site, graças à Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações de 1996 , uma lei federal americana que protege os servidores da internet de reclamações legais derivadas de terceiros, incluída a difamação ou invasão de privacidade.

De modo que ante esta situação, Hunter, seguiu humilhando publicamente às pessoas. Em uma entrevista para a BBC, ele declarou o seguinte:

- "As pessoas acham que sou completamente babaca e que o que faço é imoral, mas sinto que estou educando as pessoas sobre como usar tecnologia. Estou pouco me fodendo quando dizem que é triste por ferir ou arruinar a vida de alguns, é entretenimento para outros pô! Na boa? Ao final do dia o que as pessoas querem mesmo é ver como seus amigos trepam".

Ademais assegurou que em um dia ruim recebia no máximo umas 25 propostas de publicações, mas em um dia de movimento de gente descorneada podia receber até 250. Ainda que também deixe claro que nunca aceita imagens de menores. - "Isto é muito foda"" declara.

Durante estes 16 meses que sua página esteve em funcionamento, Moore publicou fotos de um montão de pessoas, entre elas o baixista de um grupo de pop-punk, jogadores de hockey, de futebol, um finalista do American Idol, mães jovens, militares estadunidenses, etc. Mas o que ele menciona que mais chama a atenção dos usuários é evidenciar a vida de professores.

- "Obviamente damos as pessoas o que elas querem ver. Eu não costumava publicar fotos de professoras na página, mas depois me dei conta de que aí é de onde vinha o tráfego bom. Tenho que pagar minhas contas" ri.

- "Definitivamente isto poderia afetar a vida de alguém", admitiu, mas se justificou dizendo, "Sou só um homem de negócios".

Moore assegura que muitas pessoas entraram em contato pedindo que retirasse as fotos, mas ignorou todas as petições, exceto a de uma mulher cujo advogado apelou a uma lei criada para defender os donos de direitos intelectuais a eliminar conteúdo; pois a foto era um autorretrato, o direito intelectual pertencia à mulher em questão e por isso foi apagada do site.  Hunter assegura que:

- "Olha, eu só me aproveitei dos erros dos outros e sei que é uma espécie de negócio meio sujo, mas se não fosse eu, alguém mais o faria. Tudo o que fiz foi ganhar dinheiro com fotos de gente pelada".

Com as burras cheias e cansado das broncas que contraiu com sua página, decidiu vender o domínio, não sem antes publicar uma carta na qual agradece o apoio de seus seguidores e fala de seus próximos planos, como a de um novo projeto em We party for a cause, uma ONG que organiza festas beneficentes e onde se apresenta como DJ.

Fonte: BBC Mundo.