Ainda que, a sua maneira, o dinheiro seja uma das invenções mais surpreendentes do talento humano, sobretudo se levarmos em conta o nível simbólico e de abstração que leva consigo, paralelamente tem uma das reputações mais sinistras que poderiam adjudicar a um elemento de nossa realidade. Desde certa perspectiva dinheiro é associado com a maldade, o egoísmo e outros comportamentos afins que falam de uma pobre qualidade humana. |
E conquanto isto poderia ser considerado unicamente um falso senso popular, um estudo recente da Universidade da Califórnia em Berkeley confirmou que, efetivamente, o dinheiro pode fazer com que as pessoas se tornem mais malvadas e menos empáticas com seus semelhantes.
No experimento realizado pelos psicólogos Paul Piff e Jennifer Stellar, voluntários universitários em pares jogavam o conhecido jogo Monopoly em uma sala fechada, mas com vigilância constante via vídeo, com a exceção de que as regras estavam manipuladas de tal modo que um deles tinha uma clara vantagem sobre o outro. Notaram que a princípio, o ganhador se sentia incomodado com a óbvia desigualdade, mostrando uma expressão que denotava a injustiça da situação.
Para surpresa dos pesquisadores, durante o jogo tudo mudava: o participante ganhador passou a experimentar uma incrível evolução em seu estado de ânimo com respeito a seu adversário: quanto mais dinheiro ganhava, pior se portava com o outro estudante, debochando dele e calculando pontualmente sua estratégia para seguir acumulando ganhos.
De acordo com os pesquisadores, estes resultados, apoiados por outros estudos realizados a respeito, evidenciam que as pessoas ricas são comumente mais egoístas e menos empáticas. Asseguram que ter mais riqueza deixa a pessoa ruim, que os ricos são menos empáticos e sentem menos compaixão que os demais, são menos éticos e mais desagradáveis, desumanos e malvados que pessoas com menos rendimentos.
Para Paul Piff, as pessoas abastadas tendem a privilegiar seus próprios interesses, sem se importar o comportamento que demonstram para o exterior perseguindo estes objetivos. Por sua vez Jennifer Stellar assegura que a pouca sensibilidade dos que gozam de uma posição tão acomodada pode ser explicada justamente porque em sua vida não tiveram que enfrentar grandes tribulações.
Por suposto, este tipo de pesquisa tem fortes detratores. Alguns assinalam que algumas das pessoas mais ricas no mundo, como Bill Gates e Warren Buffet, são os maiores filantropos da história da humanidade.
Outros asseguram que tais estudos tem como única motivação condenar àqueles que fazem parte do 1%, ou os mais ricos da sociedade. Ademais, argumentam que ninguém sabe na verdade o que ocorre primeiro em um sistema capitalista: se o dinheiro torna à pessoa menos honesta e má ou se estas são qualidades necessárias para poder subir na escala social e econômica e ganhar muito dinheiro. Por exemplo, Ray Dalio, um bem sucedido empresário estadunidense diz que - "Se você quiser ganhar mais dinheiro que a média do mercado, vai ter que pisar em alguém".
Fonte: New York Magazine.
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Comentários
o dinheiro eh igual alcool, quanto mais mostra quem realmente a pessoa é
Não somente o dinheiro que faz isso, como a abstração tambem. O mais famoso exemplo é o sujeito pacato e "inutel" que vira um troll flamejante, e sai torturando as pobres "almas" quando esta usando a abstração provida pela internet.
Isso lembra aquela experiencia que tinha um botão para dar choque na outra pessoa, quando não estamos vendo a outra pessoa, é mais facil apertar o botão e causar mal a ela. É a mesma coisa com a administração, quando se está na politica, são apenas numeros, não é claro que se voce mexer nos numeros afeta milhões de pessoas, então o sujeito não percebe o mal em diminuir a quantidade de lanches da escola ou a quantidade de escolas, são numeros apenas.
O que acontece com o dinheiro é a mesma coisa, voce obtendo grandes quantias não percebe o mal que a falta do dinheiro está fazendo em algum outro lugar. Na verdade, a falta do dinheiro não, a falta do recurso que ele representa.
O que eu acho a coisa mais maligna do dinheiro, é o fato de que na maioria das vezes voce pode trocar mais dinheiro por mais tempo (na verdade comprando as coisas que gastam menos tempo para ser feitas e entregues). E chegar em primeiro em muitas coisas, ser o primeiro não é apenas uma bobagem de foruns, é uma vantagem estratégica muito boa nos negocios.
Mas mesmo assim, o dinheiro não é o culpado disso, é só um fator agregavante, o culpado é o comportamento humano, o dinheiro é no máximo um multiplicador de maldade, mas não é mal por sí apenas.
O [cerumano] é malvado mesmo, de natureza
Que pesquisa mais miserável! O.O
E desde quando é novidade que, quando você está jogando jogos de tabuleiro e começa a se dar bem no jogo, consequentemente você se sente superior aos outros jogadores (com toda razão, pois você realmente está superior no jogo) e debocha da situação miserável que eles estão, comparado à sua ótima situação?
Como as pessoas se comportam durante um jogo de tabuleiro, nunca - ou muito dificilmente - deve influenciar no comportamento da sociedade em geral! Fico indignada com esse tipo de "pesquisa". ¬¬
"Se você quiser ganhar mais dinheiro que a média do mercado, vai ter que pisar em alguém."
Conheço uma frase parecida.
Dinheiro não faz ninguém malvado, o poder não corrompe. A pessoa é corrupta, a pessoa é malvada, o poder ou o dinheiro só é o veiculo para manifestar isto.
Há pobres bem malvados! Felizmente são pobres porque se fossem ricos c@g@v@m ainda mais em cima dos outros. Pior que rico é pobre que quer ser rico sem olhar a meios.
A Igreja, desde a época do Feudalismo, já se valia disso (como acham que ela conseguiu tantos adeptos e enriqueceu?), mas esse comportamento não acontece somente com o dinheiro: pode ser qualquer bem – material ou não – que cause sensações de prazer, satisfação ou poder, desde que a pessoa tenha alguma "inclinação psicológica" (valores morais, autoconfiança, autoestima e outros fatores estão envolvidos nisso).
http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=23581
^ Desse post que lembrei, uma pesquisa da mesma universidade.
"Você não vai conhecer ninguém de fato até que o mesmo tenha alguns trocados na carteira. Dinheiro não muda ninguém, só mostra como a pessoa é de fato."
Sr. Galego, cliente desde 1996.