Diante da bronca e protestos de alguns apaixonados, em fevereiro de 2008 falávamos de um estudo confirmando que o amor dura no máximo 4 anos. Agora, os resultados parciais de uma pesquisa que já vem sendo realizada há 15 anos com 1.761 casais mostra que, em média, o impulso da felicidade do casal recém-casado dura no máximo um par de anos, quando então ambos voltam ao estado de felicidade prévio (algo que também não é tão drástico quanto parece). |
Este extensivo estudo avaliou muitos parâmetros que determinam a existência do amor entre duas pessoas, desde a paixão sexual até a "adaptação hedônica", as razões pelas quais duas pessoas se unem em um compromisso que de início parece autêntico e duradouro e, no entanto, com a passagem dos anos, corre o risco de debilitar-se e, pior, desaparecer por causa da rotina.
Quando os casais casados atingem a marca de dois anos, a mudança natural do amor apaixonado pelo amor companheiro é interpretado erroneamente como incompatibilidade e infelicidade. Para muitos, a possibilidade de que as coisas possam ser diferentes -mais excitantes, mais gratificantes- com outra pessoa, é difícil de resistir. A percepção de que o seu casamento já não fornece a carga de felicidade anterior é, então, um convite para a separação: evitam a previsibilidade em prol da descoberta de novidades e as oportunidades para o prazer imprevisível. Assim acabam se separando sem experimentar os meles do amor companheiro.
Longe da fantasia e sedução próprios deste tema, o fenômeno está determinado por um fator que os pesquisadores denominam adaptação hedônica, um tipo de racionalização da novidade que também se aplica em outros âmbitos como o trabalho, as roupas recém adquiridas ou o lugar desconhecido onde passamos a viver. Conforme escreve Sonja Lyubomirsky na resenha do New York Times:
"A adaptação hedônica é mais provável quando experiências positivas estão envolvidas. É cruel, mas verdadeiro: estamos inclinados, fisiológica e psicologicamente, a encarar as experiências positivas como um fato estabelecido. Movemos-nos muito em direção ao belo. Casamos com um casal bonito segundo a nossa expectativa. Galgamos nosso caminho para a topo de nossa profissão. Que emocionante! Por um tempo. Depois, como se estivessem impulsionadas por forças autônomas, nossas expectativas mudam, multiplicam-se ou se expandem e, conforme isto acontece, começamos a considerar como realizadas as circunstâncias anteriores."
Paixão e excitação sexual são particularmente propensas a adaptação hedonista. Diversos estudos já demonstraram que homens e mulheres ficam menos excitados depois de terem visto uma e outra vez as mesmas imagens eróticas ou se verem envolvidos em semelhantes fantasias sexuais. A familiaridade pode ou não gerar desprezo, mas pesquisas sugerem que gera indiferença. - "O primeiro beijo é mágico. O segundo é íntimo. O terceiro é rotina."
Assim mesmo, há razões evolutivas e práticas pelas quais o amor não pode se manter veemente por tanto tempo, pois a obsessão chegaria a níveis patológicos que nos impediriam de realizar as outras tarefas de nosso cotidiano. Curiosamente, o estado da paixão guarda uma enorme semelhança, psicologicamente, com o vício e o narcisismo, entre estas a circunstância de que se não se detém, termina por gerar amplos danos.
Os biólogos evolucionistas acreditam que a variedade sexual é adaptativa, e que evoluiu para evitar o incesto e a endogamia em ambientes ancestrais. A idéia é que, quando nosso cônjuge torna-se tão familiar para nós como um irmão -quando nos tornamos família- deixará de ser sexualmente atraente. Por outro lado, a diferença entre a maneira em que um homem e uma mulher concebem o sexo dentro de uma relação, obedece a ideia de que sexo apaixonado nas mulheres depende bem mais do que a ideia de novidade no homem.
A boa notícia é que a perspectiva a longo prazo sobre o casamento traz benefícios incalculáveis. A pesquisa mostra que a felicidade conjugal atinge um dos seus pontos mais altos durante o período logo após os filhos saírem de casa. O ninho pode ficar vazio, mas também cheio de possibilidades para os parceiros se redescobrirem outra vez.
Talvez os resultados e as conclusões resultem em polêmica, ainda mais sob o argumento da impossibilidade de generalizar em temas deste tipo por causa da dificuldade para medir as reações relacionadas com as emoções, mas ao menos vale a pena conhecer o estudo para refletir sobre nossas próprias relações, ou a falta delas.
Fonte: NY Times.
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Comentários
O meu amor nunca vai se realizar
O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Ele dura o que tiver de durar, não há necessidade de medir tempo ou intensidade.
O amor dura pouco porque não é cultivado e porque quem ama cegamente espera que o amor seja sempre igual. O amor é mutável, e é um sentimento com uma designação muito genérica.
Elbereth, também acho isso. Como o Kleyton D'Ávila comentou, tem gente que idealiza demais (amor e pessoas a quem amamos).
A paixão vem e vai, o respeito, consideração, amizade e tal são importantes pra que o amor seja eterno enquanto dure.
Diell, muito obrigada.
Quando penso em amor, em estar com alguém pro resto da vida, eu sempre lembro da minha família.
Não sou feliz com minha família o tempo todo. Tem dias, as vezes meses, que fico de saco cheio deles, que não sinto nada demais. Estão ali e ali continuarão. Nos respeitamos, nos ajudamos, e pronto.
Tem períodos que todo dia me sinto grata por tê-los comigo, e sua presença me traz uma enorme felicidade.
Imagino que, com meu hipotético futuro marido, vai ser assim também. Não precisarei estar com aquela paixão o tempo todo. Basta saber que é ele que quero ao meu lado, e que, se continuarmos juntos mesmo nos períodos difíceis, sem perder o respeito e a consideração, mesmo a amizade... então poderemos voltar a sentir aquela alegria que a presença do outro traz.
Paixão é prazer.
Amor é necessidade.
Paixão pode terminar sem maiores consequências.
Amor geralmente provoca uma grande gama de sentimentos quando está a beira do abismo.
Amor na verdade é algo mais projetado para existir do que realmente existe, há uma ideia ampla e geral de que amor tem de ser "verdadeiro" e "interminável", acho que essa idealização é o maior problema.
Amor é uma coisa, paixão/atração sexual é outra... Isso sim tende a diminuir com o tempo, amor verdadeiro não.
Esqueci de dizer, amor também pode fazer mal à pessoa quando um ou outra são mal resolvidos.
Momento piegas by Tyr
Não acho que seja tão preto ou tão branco assim a linha que delimita esse tal "amor" (por motivos pessoais tenho aversão á usar aspas, mas já que não tem jeito...) e também creio que dá pra ter tons cinzas nessa história, como de uma coisa intensa pra algo mais brando e que dure mais. Tipo, uns 50 tons! ( Clim! - Barulho da registradora pela merchandising ^^ )
Quanto aos outros sentimentos, acho que o mundo já anda azedo demais pra dar atenção á eles.
Boa noite cambada!
Ai ai, esse tal de Deus... Algum dia desses o vejo por ai e tiro satisfações com ele.
A resposta é muito simples. É porque não é amor. Aquilo que chamam de amor é simplesmente atração física, simpatia, transferência afetiva e outras coisas. O amor verdadeiro jamais acaba, e este só Deus é e só Ele pode repartir por meio de seu filho Jesus.
Concordo com a Angelina, quanto à raiva (e não acredito em amor, somente em interesse e desejo).
Amor, assim como a felicidade, são ilusões.
Já a raiva ou o medo são sensações quase tão tocáveis como o cimento, sendo assim, muito melhor usa-las e cita-las.
A palavra amor, ou o sentimento nos remete à poesia porque nos faz bem. É tão melhor amar.
Já o medo ou a raiva, ambos poderosos também, nos deixa amargos, faz menos bem.
Concordo V
E o medo é maior , a raiva.. Pior!
Por isso são emoções tão admiráveis.
Não sei para que tanto poetismo na palavra amor. Amor é só... isso.
Eu amo, sou amado e amarei. Mas amor não me faz fornecer energia ao planeta, não move nem uma bolinha de tênis imagine o planeta :lol:
Falando serio, essa coisa de amor ser poderoso... medo também é poderoso se for o caso.
eu sou uma rapariga de 22 anos e o meu namorado tem 24.
conhecemo-nos e começamos a namorar em 2006 e tem durado ate agora,nao nos pensamos em casar porque o casamento nao significa nada para nós.
mantemos uma relaçao de 6 anos pelo amor incondicional,somos bastante jovens e passamos a adolescencia juntos,por isso acredito piamente que é possivel o amor durar para sempre.
o primeiro beijo foi magico,o segundo foi intimo e o terceiro foi antes do quarto. beijos para voces e acreditem no amor incondicional
Elbereth
Adaptação hedônica é a maneira como nos habituamos a certas situações e com o tempo perdemos o interesse.
Muitas vezes desejamos demais algo ou alguém, ficamos felizes quando conseguimos e após passado um tempo aquilo ou aquela pessoa não nos dá a mesma "quantidade" de felicidade do início. Perde o encanto, vira rotina, deixa de ser novidade. Então voltamos a ser felizes o mesmo "tanto" de antes.
A sensação da paixão nos traz uma quantidade de felicidade intensa e por isso qdo ocorre a adaptação hedônica alguns a confundem como infelicidade e sentem a necessidade de correr atrás de outra paixão.
Esse prazo de dois anos creio que é uma estimativa que mostra uma tendência que pode variar de pessoa pra pessoa.
Daí...dinheiro não traz felicidade também.
Não o tempo todo. rsrs
8O
''Continua sendo imutável, imensurável e a mais poderosa força na Terra.'' 2V
Em tempo:
"As pessoas podem não querer admitir, mas a amizade é uma das formas mais comum de amor". Mesmo não sendo muito bem encarada pelos caçadores de verdadeiras emoções intensas.
Dizem que o amor está diminuindo. Eu digo: besteira. O amor continua igual. Ele ainda é grandioso, reconfortante e atemporal.
O problema é que as pessoas confundem as coisas. Qualquer 'gostar' um pouco mais encorpado e já dizem que é amor. Não condeno quem confunde. Não é lá muito fácil discernir o verdadeiro amor.
Mas ele está em pequenas coisas, e também nas coisas imensas. Está em todos os lugares, dentro de nós.
Continua sendo imutável, imensurável e a mais poderosa força na Terra.
Nos primeiros momentos tem muita paixão, mas com o tempo quando ela arrefecer, ou apaga de vez ou sobra algo.
tem casos que dura bem menos, tipo semana ou dias :wink:
... estou me sentindo burra, não entendi muito bem esse troço de adaptação hedônica, e o que tem a ver com os 2 anos... alguém pode me ajudar? por favor?
Sei lá.... pra que dois anos??? o mundo está acabando mesmo!
fujam para as colinas!!! :lol:
Não.... não sei.
Obrigado admin, agora estou preso em um loop de teenager angst.
Sempre vi que durava cerca de 2 anos, mas utilizavam o termo paixão.