Damien Hirst é conhecido por ser um dos artistas mais polêmicos do nosso tempo, responsável por obras sempre rodeadas de grande polêmica mais ou menos premeditada e com grande seguimento da mídia. Seu mais recente trabalho só contribui para sua reputação: em Capaneus, parte da série "Entomology" que Hirst trabalha desde 2009, apresenta centenas de espécies de insetos colocados em intrincadas formas geométricas e fixados com pintura doméstica brilhante. |
Considerando-se que muitas pessoas acham insetos, aranhas e escorpiões nojentas ou até mesmo assustadores, é justo dizer que Capaneus não é uma obra de arte para os fracos de coração. No entanto, considerando as últimas "obras-primas" de Hirst, que incluem um diamante incrustado em um crânio de bebê, e uma instalação onde as larvas eclodem, ao lado de um multidão de moscas que festejam a cabeça de uma vaca cortada em uma caixa de vidro, eu acho até que sua mais recente criação é um das menos controversas.
O estranho de tudo isso é que, diferente destes artistas geniais que vemos na nossa seção se arte, que ralam para caramba e em geral catam papel na ventania para comprar sua matéria prima, Damien é milionário, uma fortuna avaliada em 364 milhões de dólares conquistada vendendo estas bizarrices. O sujeito conseguiu até mesmo vender uma obra chamada ""casal morto fodendo duas vezes"", com um touro e uma vaca mortos flutuando em formol. Quem é que compra algo assim?
O seu trabalho mais polêmico e representativo foi o "The Physical Impossibility Of Death In the Mind Of Someone Living" ("Impossibilidade física da morte na mente de alguém vivo"), que nada mais era que um enorme tubarão tigre dentro de um cubo de vidro com formaldeído, vendido em 2004 como a segunda obra mais cara de um artista em vida, algo em torno dos dez milhões de dólares. Achou muito? Pois em Agosto de 2007, Damien vendeu por cem milhões de dólares, a obra "Pelo amor de Deus", que consiste num crânio com mais de oito mil diamantes incrustados. O valor desta transação é o mais alto pago até hoje pela "obra" de um artista vivo.
Segundo o site do artista Inglês, o título deste último trabalho deriva do "Inferno de Dante", que conta como o rei guerreiro Capaneus é atingido com raios e trovões pelas divindades irritadas quando é preso por desacato. Como o resto das obras da série "Entomology",Capaneus alude ao interesse de Hirst com o século XIX, seu fascínio com a história natural e a ironia envolvida em ter que matar alguma coisa para chamar atenção da mídia.
A obra com insetos de Damien Hirst se parece muito com uma mandala budista colorida quando vista de longe, mas basta se aproximar para ver a verdadeira natureza dos materiais usados para criá-la. Se você não é muito melindroso, há uma versão de alta resolução com zoom de Capaneus no site oficial do artista, onde você também pode assistir a um vídeo time-lapse do processo de making-of.
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Fonte: designboom.
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Comentários
Será que ele não tinha outros materiais menos insólitos pra fazer a obra não?
Visualmente ficou legal, mas que é meio nojento, isso é.
"O povo não consegue abstrair a essência das coisas", parece clichê algo assim, mas não resta outra expressão para objetivar o que eu quero dizer com isso. Se parar para ver a beleza dessa obra de arte, sua simetria, o jogo de luzes e perspectivas que as carapaças iridescentes desses artrópodes conseguem repassar por diferentes ângulos. Achei simplesmente fantástico, acho que seria o sonho de consumo de qualquer entomologista. E quanto ao blábláblá "OWNTi tadinho dos insetinhos que o cara matou pra pregar no papelão T.T" Falso moralismo? Hipocrisia explicita e clichê? SE TOCA, vai fazer protesto nú na frente de uma granja, pocilga, fazenda etc. a favor da vida das galinhas, reza pela alma da barata que matou ontem, vira carnívoro pra não comer platinhas que servem de alimento para os insetinhos. ¬¬'' Ou caso seja inteligente o suficiente pra fazer algo, mude uma lei, funde uma lei, preserve uma lei, conscientize as pessoas sobre a preservação e etc, para que carnificinas como essa não sejam mais vistas, mas chegar aqui e falar "WTF? barata no papelão?" Vão estudar, vão ser críticos...
Não gostei
Trabalho legal e bláblá, mas os caras devem fazer um processo pra só deixar a casca do inseto, por que se ficar do jeito que mata..enche de moscas, e o diabo a 4.. espero que tenham passado algum produto nesses insetos ae =/
A pergunta que não quer calar: Ele tirou a vida dos insetos ou utilizou os que já tinham morrido? Ninguém leva isso em consideração quando vai comprar uma "obra de arte" dessas? Apesar de odiar insetos, de um modo geral eu achei bacana pq é diferente e tem um grande impacto, mas é totalmente desnecessário!! :|
E é preciso tirar milhares de vidas para fazer arte?... Sei que são apenas insectos, mas estavam vivos, contribuindo para um ecossistema equilibrado. E agora são o quê? Objectos decorativos para apreciadores de pseudo-arte? Para o Damien Hirst deixo uma dica, prá próxima corta um dedo e cola no papel. Deve ser fantástico!! :fool:
Excelente para colecionadores de insetos.
Cheguei em casa e pesquisei o nome do filme...
Assistam "O mestre da vida" e entenderão o que eu falei ali embaixo.
A propósito, ao menos uma das espécies "imortalizadas" está ameaçada de extinção: o bezouro gigante africano (aquele grandão preto e branco.
Tanta vida desperdiçada pra atender a uma excentricidade destas. Cruel! Tem gente que quer de toda maneira pairar acima do senso comum, como se isto fosse sinal de superioridade, incondicionalmente. Chocar é o lema, mesmo que seja algo desprezível até pra quem o faz. Acho que o princípio destas aberrações está aí. É o mesmo que comer as cápsulas de ouro pra cagar brilhando. Ou encarar um prato nojento da china pra se sentir cosmopolita, descolado. A porta fica escancarada pra todo tipo de picaretagem. Lembrei de uma boa alegoria: aquela cena do Chaplin, nos "Tempos Modernos", em que ele canta embromeichon francês e o povo cai feito patinho... ou a antiga fábula da "Roupa do Rei"... sei lá.
Odiei ele.
Gosto de coisas mórbidas, mas nojentas não.
"Últimas "obras-primas" de Hirst, que incluem um diamante incrustado em um crânio de bebê, e uma instalação onde as larvas eclodem, ao lado de um multidão de moscas que festejam a cabeça de uma vaca cortada em uma caixa de vidro."
Gostei do seu estilo.
Semana necrológica no blog.
Ah por favor, qualquer um consegue fazer o que o cara fez de olhos fechados, basta ter uma noção de simetria e coragem pra encarar os bichanos...
Tem um filme que ilustra muito bem o que eu quero dizer, mas não lembro o nome do filme agora, quando eu chegar em casa eu pesquiso.
Mandalas são meio difíceis de fazer... as vezes acho que as pessoas não tem olhos artísticos, então não posso falar.
É sério, lido com arte todo dia, desenho estampas e ultimamente estou entrando no mundo das ilustrações e da pintura digital.
E eu em uma vida fazendo isso não vou ganhar o que um cara com um punhado de baratas coloridas ganhou...
Tem umas artes "diferentes" que eu acho legal, mas convenhamos, tem umas coisas bem forçadas. E não são poucas.
Sério, não gosto desses "pseudo-artistas" que estão invadindo o mundo por aí...
O pior de tudo é que eles ganham dinheiro que nem água, e eu só ganho depois de muito suor...
Tô pensando em catar umas britas lá em casa, colorir elas com guache, jogar numa cartolina cheia de cola, chamar de arte e vender por algumas centenas de milhares de dólares...