Qualquer seleção que apresente o melhor, ou o pior, de determinado âmbito, quase sempre será polêmico e discutível. Subjetivos como são os critérios qualitativos com que selecionam e excluem os melhores filmes, as piores receitas de cozinha, os melhores parques de diversão ou seja lá o que se queira limitar a um top 10. |
No entanto, no caso das "mulheres mais sexy do século XXI" publicada no número mais recente da edição nos Estados Unidos da revista GQ, a controvérsia origina-se em outro aspecto, pois conquanto já alguns acusariam à revista de coisificar a mulher, de reduzi-la a nada mais que seu aspecto físico, a sua voluptuosidade e sensualidade adaptadas a padrões específicos do desejo sexual, a lista incorre em outro equívoco está sendo considerado anacrônico, inaceitável para nossa época, que foi o de separar cuidadosamente estas mulheres de acordo com sua filiação étnica ou racial e deixar claro quando se trata da mulher indiana, chinesa ou do Sri Lanka mais ardente.
Estas notas, que não podem passar inadvertidas e pelo mesmo também não podem ser consideradas supérfluas, foram qualificadas de racistas e ofensivas, sobretudo em fóruns da Internet de língua inglesa, onde ao que parece é cada vez mais claro que a segregação étnica e racial é a norma da indústria do entretenimento.
O modelo de mulher branca, ocidental, caucasiana é vendido como o desejável, o aceitável em um mundo em que a única coisa que importa é a imagem -um mundo que, a estas alturas, se estendeu o suficiente para sobrepor em atividades para além da modelagem, do cinema, da televisão ou outras onde a aparência física é o mais importante-.
O curioso é que este tipo fenotípico não é nem sequer o majoritário em termos gerais. Se escolhêssemos 10 pessoas a esmo, de qualquer lugar do mundo, as caucasianas dificilmente atingiriam a metade delas. Então, por que seguem reverenciando desse modo seus traços fenotípicos como se tratassem dos ideais para alguém de origem asiática ou indiana ou africana?
Trata-se, sem dúvida, de um bom motivo de reflexão em torno do que consideramos belo e desejável.
Fonte: Shine.
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Comentários
Como não existe lista nenhuma que seja de aprovação unânime, essa aí, com certeza também o é.
Se é racismo ou não, eu ainda não decidi. Mas se as coisificam as mulheres, não creio que separar por raças seja um absurto tão maior.
hmm
Leia a matéria da fonte, Luke.
A crítica é que só delimitam a nacionalidade de algumas da lista, como se só pudessem ser bonitas nos países delas, enquanto Beyoncé e outras, embora com raízes não americanas, não tem essa definição, induzindo que a beleza destas são universais.
Houve um tempo em que ainda seria desconcertante marcar certos posicionamentos. Hoje, eles se impõem como verdade absoluta e mostram a face autoritária deste período em que vivemos, tão sofisticado em suas estratégias que, quase não há defesa para atitudes como esta, se auto-alimentando do subterfúgio da superficialidade. Pergunte ao cidadão mediano de qualquer país ocidental se a imprensa é livre, se há liberdade de escolha, se vivemos num mundo plural. Pelo menos numa destas questões a resposta será afirmativa, e provavelmente, naquelas em que for demonstrado alguma consciência, não será fácil detectar ou, ao menos descrever as razões para uma resposta negativa.
Beleza varia com o povo, logo faz completo sentido colocar essas coisas. É racismo para os falsos moralistas.
Uma lista deste tipo, depende sempre de quem a faz. O titulo correcto seria "mulheres mais sexy do século XXI segundo o editor da GQ dos EUA".
Há alguns anos, comentei num fórum sobre essa segregação – constantemente citam "modelo", "modelo negra" e "modelo asiática", dando a entender que são categorias que não podem concorrer juntas.
Essas listas nem deveriam ser importantes.
Achei a matéria: http://www.gq.com/women/photos/201302/sexiest-women-21st-century-gq-february-2013#slide=1
Parecem usar vários e extravagantes critérios.