Como água: 3 poemas de Bruce Lee (8 fotos)

Todos conhecemos o vídeo onde Bruce Lee nos recomenda "ser como água". Se ainda não viu, não perca no final do poste entenda porque ele é considerado um "grande" e porque até hoje sua morte se perde nas hipóteses daquela que foi uma das primeiras teorias conspiranoicas da história. Sua poesia, no entanto, é muito menos conhecida que filmes como "Operação Dragão" e, por isso, neste artigo compartilhamos três simples poemas do livro "Bruce Lee: Artist of Life", editado por John Little.

Bruce Lee é sem nenhuma sombra de dúvidas o mais famoso ator do cinema de artes marciais do mundo, além de um dos mestres mais respeitados: com um legado que inclui poucos mas incríveis filmes, um estilo de representar influenciado tanto pelo gestual teatro chinês como pelo glamour de Hollywood, além do desenvolvimento de seu próprio estilo de combate, o Jeet Kune Do.

Lee foi único no que fez, tanto que ao improvisar na sua primeira cena como o mordomo Kato do seriado Besouro Verde relegou o protagonista ao segundo plano. Muitos o conhecem como praticante de artes marciais, mas poucos sabem que ele escreveu o roteiro de seus filmes também teve tempo para descrever sua filosofia sobre a vida através de seus poemas.

No livro Bruce Lee: Artist of Life, John Little publica alguns poemas escritos por Bruce, além de informar o contexto o lugar onde escrevem estes poemas. Não se trata de poemas que descrevem simplesmente um estado emocional e subjetivo de seu criador, senão que buscam fomentar a meditação e a aprendizagem do praticante marcial.

Ao lê-los observamos verdadeiro tom didático, avançando através de paradoxos e termos contrapostos que nos revelam uma imagem que devemos imaginar em nossa própria circunstância; Bruce não apenas foi um notável artista marcial, senão um mestre em toda medida, que utilizava qualquer meio a sua disposição, antes que para ensinar, para aprender. Poucos sabem que Bruce tinha um título em filosofia, e seus poemas mostram ao mesmo tempo sua aguda vocação filosófica e sua sensibilidade para ilustrar complexos conceitos do Jeet Kune Do através da palavra.

O poema como luta ou a guerra como palavra, os poemas de Bruce Lee são tanto uma curiosidade para seus fãs quanto uma ferramenta de meditação para artistas marciais, pois se sabe que a espada e a pena não são ocupações irreconciliáveis, pois ambas requerem de talentos muito similares: a flexibilidade de pensamento, a velocidade de reação em frente às circunstâncias, o temperamento sossegado e tranqüilo, mas pronto para explodir, deixando que as coisas "sejam o que são, se movam como água ou repousem como um espelho".

Aqueles que sabem não falam;
aqueles que falam não sabem.
Detém tua lógica
Deixam que o agudo perca seu fio,
que as maranhas se resolvam,
a luz tempere-se
e a agitação se cale;
pois esta é a unidade mística
onde o sábio é levado
Não por afeto
nem por distância
nem por ganho ou perda
nem por vergonha nem por honra.
Por acordo geral, todo mundo
tem-no como o mais alto.

Não estabeleça nada com respeito a si mesmo.
Deixe que as coisas sejam o que são,
que se movam como água ou repousem como um espelho,
que respondam como um eco, passem velozmente à inexistência
e sejam discretas como a pureza.
Aqueles que ganham, perdem.
Não preceda os outros, segue sempre.

Em vida, um homem é macio, suave;
morto, inflexível e rígido.

Toda criatura, erva e árvores, em vida
têm plasticidade e maleabilidade também;
mas mortos se esmiúçam e secam.

O rigor inflexível vai da mão da morte,
e a maciez que cede acompanha à vida.

Os soldados inflexíveis não obtêm vitórias;
a árvore mais firme está mais preparada para o machado.

O forte e poderoso derruba-se em seu lugar;
o suave e flexível alça-se sobre todos eles.

Fonte: Open Culture.