Recentemente tive a oportunidade de bater pernas uns dias pelas ruas de São Paulo, especialmente pelas diferentes linhas de metro que percorrem o subsolo da cidade. Apesar de viver em uma cidade grande e cosmopolita como Joinville, uma das coisas que mais me surpreendem em Sampa é a velocidade com que andam os pedestres, inclusive superando a velocidade que eu desenvolvia quando andava com certa pressa. |
Detesto São Paulo, ali vivi os piores 3 anos da minha vida como estagiário e desenhista técnico. Detesto esta correria das pessoas que parecem sempre estar atrasadas para o último encontro de suas vidas. Inclusive, no aeroporto, escutei uma senhora balbuciar com ar de desaprovação quando tomei a sua frente:
- "O que este homenzarrão veio passear logo aqui?"
Esta característica dos paulistanos adquire ares macabros na hora de entrar no metrô, é um verdadeiro "deus me acuda!". Se você der mole, neguinho te patrola. Se esperar o próximo comboio com a esperança de que venha menos lotado, você não vai a lugar nenhum. O pior é que continuam andando mesmo quando estão nas escadas rolantes. Andar de escada rolante é uma arte, a gente para, vira, olha as pessoas e o ambiente durante o interregno. Mas até que ponto tudo isto são percepções idiossincrásicas de um viajante ou de um turista eventual? Será que agora andamos mesmo mais depressa do que antes?
Segundo uma análise realizada em 2007 com pedestres de 34 cidades do mundo, o cidadão comum anda quase a 4,5 quilômetros por hora. É uma velocidade considerável. Sobretudo se levarmos em conta que há dez anos, o fazia a uma velocidade 10% menor. De fato, em cidades como Dinamarca, as pessoas inclusive falam 20% mais rapidamente do que há dez anos.
Estes dados contrastam, no entanto, com os recolhidos por Bill Bryson em seu livro sobre os EUA, "Crônicas de um país bem grande", no qual refere que o americano médio usa o carro inclusive para ir comprar pão, ainda que a padaria seja na esquina.
Bill conta que esta vadiagem não é nada estranha nos Estados Unidos, pois um pesquisador da Universidade de Berkeley concluiu que 85% dos americanos são essencialmente sedentários e que 35% o são totalmente. O americano médio caminha menos de 120 quilômetros ao ano: pouco mais de 2 quilômetros por semana, menos de 330 metros ao dia.
Caminhar rápido é uma excelente forma de queimar calorias, ainda que seja preferível correr, segundo a conclusão de pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley de Califórnia depois de um estudo realizado durante 6 anos com 15.237 pessoas que caminham habitualmente e 32.216 que correm várias vezes por semana.
Segundo a pesquisa, a perda de peso e a variação no Índice de Massa Corporal(IMC) pode chegar a ser 90% superior por cada hora dedicada a correr em vez de caminhar, conforme publicado na revista especializada Medicine & Science in Sports & Exercise.
Enfim, ao menos parece que esta correria toda que vivemos nas cidades grandes se converte em uma vantagem para nossa saúde cardiovascular. Será, entretanto, que viver em uma adrenalínica São Paulo correndo adiante dos usuários do metrô para não ser atropelado não aumenta o estresse até níveis insustentáveis? Será que toda essa agitação não nos obriga a viver aceleradamente perdendo o gozo de uma vida contemplativa e serena? Será?
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Comentários
Estou contigo: respeito, mas odeio São Paulo e o que representa. É um absurdo o ruído e a movimentação até as 02, 03 da manhã, quando diminui. Para dali a 2 horas começar tudo de novo. Um horror. Quanto mais longe viver de lá, melhor.
Que velocidade em sao paulo? Só tem gente lerda aqui.
Eu nao consigo entender como esse povo consegue ser tao lerdo. Me sinto como se estivesse com as pernas amarradas quando tem alguem na minha frente na rua.
Fora a quantidade de pessoas que nao respeita a esquerda livre no metro.
Não sou naturalmente de São Paulo, logo, estou naquele time dos que quando chegaram aqui nada entenderam. Venho de uma cidadezinha do interior, onde todo mundo tem tempo de sobra (que um dia comentarei o quando detesto, já que produz futilidades demais)
Então era estranho as pessoas passarem e não falarem bom dia, não se cumprimentam, etc. Mas isso não é falta de educação. Isso é falta de tempo e total descompromisso com a vida alheia. Quem gosta de vida alheia é esse pessoal do interior que deixei pra trás, que tem tempo demais pra isso.
Aqui o tempo é curto e tudo é longe e as pessoas saem de casa preocupadas com seus afazeres.
Às 8:hs da manhã 99% da população está tentando chegar no horario em seus trabalhos, escolas, etc.
Mas se você pegar alguém que está parado e perguntar como chegar a algum lugar, ele responderá cordialmente. E responderá seu bom dia.
O mesmo acontece com os desconhecidos em comum, como aqueles que pegam o ônibus todo dia junto com você. Conheço vários e vamos conversando todo dia, sabemos um pouco da vida do outro, mas não sabemos onde o outro mora e nunca convidamos um ao outro pra um churrasco ou uma cervejinha.
Assim é um pouco de São Paulo. Espero que não leve a mal as observações.
Eu realmente sinto falta da época em que eu morava próximo da faculdade e do trabalho. Só pegava carro fds, pra fazer compras, pra sair... o resto era tudo a pé, era ótimo.
Hoje, no entanto, eu moro sozinha, tenho todo meu apartamento e uma cadela fofa e mijenta pra cuidar sozinha, além de não contar com a ajuda dos meus pais.
Não tem como a minha vida não estar mais corrida, apesar de ter suas vantagens, também.
Duas coisas contribuíram recentemente para eu correr menos e viver mais.
1 - Me mudei para mais próximo do trabalho (10 minutos a pé). Antes perdia 3h por dia andando de ônibus.
2 - Comecei a me deslocar mais de bicicleta. Por incrível que pareça, dá pra ir com mais facilidade em muitos lugares e em alguns casos mais rápido do que o ônibus.
Agora tenho mais tempo pra tomar chimarrão com a esposa enquanto brigo com o meu computador.
Já vivi em modo velocidade 5 por muito tempo, mas um probleminha de saúde me fez repensar o que eu queria da vida. Hoje, trabalho como Assistente social das 07 da matina às 12, depois disso, tento voltar a uma atividade que deixei em segundo plano, a escultura e o entalhe em madeira... serve para relaxar e desacelerar. Próximo plano é voltar a jogar vôley ou (pasmem) surfar... como aqui só temos rio, e eu não tenho mais corpinho pra prancha... (quem sabe um pranchão), estamos em um projeto de fazer prancha de standup de 10 pés com garrafas pet, pra aproveitarmos as belezas e delícias do nosso Araguaia.
Algo que eu detesto, sobretudo quando estou com pressa. V
Aqui no interiorrr, as pessoas andam muito devagar, dá raiva, tem que desviar, e ainda ficam parando no meio da calçada para conversar ao inves de "estacionar" no canto e não cortar o fluxo.
As pessoas tambem dirigem muito devagar aqui, e mesmo assim aqui tem o dobro de acidentes, em relação ao numero de habitantes.
Ou será que eu gosto de correr e sou rapido demais para onde moro.
Saudades de ser criança e ter q correr apenas pra não ser pego no pique-pega.
trabalho bem no centro Rio de Janeiro é sempre uma correria , eu sempre estou com pressa, as conduções são "puro estresse" lotadas, e eu tenho que pegar duas conduções todos os dias para ir trabalhar, pego 1° ônibus e depois o trem ( só de pensar q vou "espremida" ) . Tudo isso bem rápido, pq quando eu voltar tb sou dona de casa, esposa...afff ou seja sempre to com presa .
pra mim virou mania andar com pressa. Moro perto do trabalho e não tenho horário para entrar, mas mesmo assim estou sempre correndo rs.
Não, Luke... Me expressei mal, desculpe. O que quis dizer é que agora sou responsável pela minha família como mantenedor, e não como mantido, quando morava com a minha mãe...
Bom, filhos não estão nos planos. Se vier, tudo bem. :wink:
nos bons tempos paulistanos, grosso modo, eu desenvolvia a fantástica velocidade de 6 km/h medida no olhometro atravessando o viaduto do chá com o relogio do itaú bem à frente. são paulo era (é) fantástica, mas, como de resto, depende dos olhos de quem vê. vejam a relatividade das coisas: outro dia, em um dos sete semáforos existentes na cidade onde trabalho, um cidadão quase queimou a buzina do seu golzinho quadrado e tunado por conta de uma fila de uns 20 carros para atravessar o dito cujo. a razão de tanta pressa é que o farol abria e passava a fabulosa quantidade de 5 carros por vez. é estressante tres minutos de farol! No caso específico da capital acredito serem as distâncias e a taxa de ocupação o fator da pressa: nos bons tempos quem morava longe residia em santo amaro ou no sapopemba com mais 6,5 milhões, hoje mora neste mesmo local, práticamente no centro, com mais 11,5 milhões, com as mesmas ruas e avenidas e um metrozinho xinfrim para os padrões civilizados. mas é são paulo.
p.s. santa cecília ainda tá no centro. diferentona, mas tá. o ipiranga também.
Ganhar tempo – faz tempo que não sei o que é isso.
Moon, tem um/a filho/a? :o
Eu não sabia...
As pessoas tem mais coisas para fazer hoje que antes, então acho normal acelerar um pouco.
Eu não vou nem falar do Rio porque... auehuaeh
Sei que é triste, nível São Paulo ou talvez pior, pois é ridiculamente mais quente e desconfortável.
E quanto a ser mais corrido, diria que pra mim não é, porque, além de meus compromissos se darem em horários onde o fluxo de pessoas é reduzido, não dependo - felizmente - de transporte rodoviário. Sem contar que sempre gostei de chegar com antecedência aos lugares, justamente porque sou lento por natureza e odeio ficar correndo ou apreensivo por causa de horário. Resumindo: me adapto para que minha lombeira reine soberana.
Olha, os paulistas que me desculpem, mas o que falta em SP é educação, mesmo. E não adianta dizer que não, porque quando estive lá fiquei estarrecido com a falta de cortesia de todo mundo.
Sobre minha vida... Trabalhar, eu trabalho pouco, admito. Mas estudo pra caramba e isso também toma quase todo meu tempo. Depois de casar também ganhei várias responsabilidades de pai de família, principalmente para apagar incêndios (resolver problemas elétricos, hidráulicos, furar paredes, essas coisas).
Agora com a minha mãe longe, acabo tendo que me desdobrar quando quero ir lá. O mesmo com as visitas ao meu irmão.
Quer dizer, tem mais coisas para fazer, então acaba ficando corrido. Por isso votei em "Sim".
Sim... antigamente eu andava tropeçando nas coisas, e antes disso eu engatinhava....
O que é? Eu tenho só 16 anos :ma:
Moro em SP, acho que a correria se deve a duas coisas, a logística e hje a tecnologia. Qdo tem treinamento na matriz da minha empresa tenho que sair as 7 da manhã para chegar as 9 hras (preciso atravessar a cidade praticamente), aqui em sp tdo é longe... Com a facilidade de comunicação devido a tecnologia, agora vc está em um lugar, de repente recebe uma msg ou ligação e precisa estar em outro local urgente, acho que é isso, é por isso que detesto celular pq me acham onde eu estou kkkkk
Esse post leu minha mente.
Justamente hoje eu sai e me estressei com a movimentação, como sempre.
E sempre que é assim, eu fico repensando minha vida toda, dizendo que não quero levar essa vida apressada , como eu vou aguentar... Enfim.
Poxa, admins esteve por São Paulo...Imagine só, eu ver Sir. Luisão por ai!
Eu não corro quando saio em horários vazios. Correria ainda menos se morasse mais próximo dos lugares que preciso ir.
O que me incomoda mesmo é o tempo que perco no trânsito todo dia (totalizando 3h, em média), mesmo fora do horário de pico é impossível não pegar congestionamento em certos pontos
Aqui, só se anda de madrugada ou domingo de manhã
Bem mais que antes, mas é só o começo.
À medida que obtemos "facilidades" que nos permitem ganhar algum tempo (descobrir um atalho para chegar mais cedo no trabalho, por exemplo), sentimos a necessidade de aproveitar esse tempo extra obtido em outras atividades (o qual, em teoria, deveria ser utilizado para "respirarmos" um pouco), com as quais nos comprometemos, o que gera uma bola de neve de correria e estresse.