Singularidades extraordinárias de animais extraordinários: Casuar-do-sul (19 fotos)

Pergunte a uma criança de dez anos qual a maior ave do mundo. Há boas chances de que saiba a resposta certa: Avestruz. Questionado sobre a segunda maior, as chances de que responda Emu já são bem menores. Já o terceiro lugar no ranking de tamanho é quase certo que poucos, inclusive adultos, saibam a resposta: o casuar-do-sul, uma espécie ameaçada e também classificada como a ave mais perigosa do mundo.

Estas grandes aves não voadoras, estão distribuídas pelos bosques tropicais densos da Indonésia, Nova Guiné e nordeste da Austrália, preferindo elevações aproximadas dentre 500 metros na Nova Guiné e os 1.100 metros na Austrália.

Esta ave estranha tem uma reputação de dar medo e a primeira vista remete-nos a uma espécie criada em um "Jurassic Park" da atualidade, inclusive é chamada de dinossauro vivo. Com um grande elmo (uma crista que indica idade e dominância) posicionado na sua testa, acredita-se que existam apenas 1.500 destas criaturas misteriosas sobrevivendo em estado selvagem.

Apesar de que existam poucos animais na natureza, há um monte de lembretes para os motoristas que passam por seu habitat. Isso deve se ao fato de que conquanto os casuares-do-sul sejam animais tímidos e escolham fugir quando confrontados -podem correr a velocidades de até 50 km/h através da densa floresta tropical- e que prefiram se alimentar de frutas (pequenos vertebrados e invertebrados, quando necessário), eles podem mutilar ou matar pessoas quando se sentem encurralados.

Os casuares-do-sul estão no topo da lista do Livro Guinness dos Recordes das aves mais perigosas para o homem e talvez seja esta sua maior singularidade.

O maior espécime encontrado até a atualidade tinha 85 kg e 1,9 metros de altura.

Mas normalmente, esta espécie estende-se desde os 1,27 até 1,7 metros de comprimento e 1,5 a 1,8 metros de altura. As fêmeas costumam pesar em média 58 kg, enquanto os machos oscilam entre os 30 e poucos kg.

Nas selvas os casuares são uma grande fonte de mistério. Muitas pessoas viram suas pegadas e excrementos, ou inclusive ouviram seu canto -que pode ser ouvidos a quilômetros de distância-, mas é muito muito raro vê-los na natureza. Algumas poucas pessoas que tiveram a chance perderam a vida ou ficaram seriamente feridas.

É bastante irônico que um das maiores aves da face da Terra tenha guardado tão bem seus segredos: conhecemos muito pouco da história deste magnífico animal.

Outra característica extraordinárias destes animais é que, além de muito rápidos, também podem nadar. Tanto os casuares quanto os primos emus possuem 3 dedos em cada pata. No caso dos primeiros, o dedo que fica na parte interna tem uma garra longa e afiada de até 10 cm, que mais parece um punhal, que pode causar feridas letais: uma patada de um casuar pode estripar muitos adversários.

A temível garra da ave, que cobrou muitas vidas humanas, é tão afiada que em alguns povoados indígenas de Papua, é usada como ponta de lança.

Os casuares são em essência animais solitários, que se acasalam na época de cria, mas que fora da temporada, vivem solitários. O macho incuba de 4 a 8 ovos durante 50 dias em um ninho no chão da selva, um colchão de material herbáceo de 5 a 10 centímetros de espessura e até um metro de largura.

Somente o macho encarrega-se tanto de incubar os ovos quanto de cuidar dos pintinhos, aos quais acompanha durante aproximadamente um ano, momento em que retorna a sua vida solitária. A fêmea só bota os ovos

O canto que mais se escuta nestas aves é um profundo "chug-chug", mas durante o cortejo, o macho se aproxima da fêmea ululando um "bu-bu-bu", ao mesmo tempo em que a rodeia enquanto incha e faz crepitar sua garganta.

Este animais são muito agressivos entre si, e a maioria dos encontros entre exemplares selvagens observados fora da época de reprodução, terminam em brigas e morte. Por sua distribuição acreditam que é um animal territorial.

Constituem uma parte vital do ecossistema de seu habitat já que dispersam sementes de mais de 70 espécies de árvores das quais se alimentam, uma tarefa excessiva para qualquer animal das selvas, mas que estas aves promovem facilmente.

Os povos da Nova Guiné mantêm em cativeiro exemplares de três espécies de casuares: suas plumas são usadas para decorar penteados ou preparar adornos para o nariz, e é também considerado um banquete para os locais.

Na atualidade, a maioria das autoridades consideram o casuar comum como espécie monotípica, mas já foram descritas várias subespécies. No entanto, é muito difícil confirmar a validade destes dados devido às variações individuais, relacionadas com a idade, as relativamente escassas variações dos espécimes disponíveis e dos locais que sabem que existiram trocas de casuares vivos durante centenas, inclusive milhares de anos, alguns dos quais provavelmente podem ter escapado ou introduzido deliberadamente em regiões afastadas de sua origem.

Esses animais foram objeto de comércio no sul da Ásia durante ao menos 500 anos. Quando desenvolveram as plantações de açúcar no final do século XIX, as populações de casuares reduziram enormemente. Também devido a perda do habitat, a faixa limitada, e a caça excessiva em algumas zonas, o casuar é avaliado como Vulnerável dentro da Lista Vermelha de espécies ameaçadas. Uma pena, um animal que pode desaparecer sem que saibamos nada dele.