Os maridos tambem apanham

Aproximadamente três de cada 10 homens já apanharam de sua parceira em algum momento da vida, indicou um dos poucos estudos sobre violência doméstica e saúde masculina.

- "Muitos homens são vítimas de violência doméstica, ainda que não escutemos falar nisso", disse a Reuters Health o doutor Robert J. Reid, da Universidade de Washington, em Seattle, coautor do estudo.

- "Com freqüência, eles não o mencionam e os médicos não perguntamos. Queremos que esses homens saibam que não estão sozinhos e que existem recursos disponíveis", acrescentou.

A equipa dirigida por Reid tinha analisado num estudo prévio a prevalência e as conseqüências para a saúde da violência doméstica contra mulheres filiadas a um plano de saúde. Neste novo estudo, publicado no American Journal of Preventive Medicine, a equipa analisou 420 homens filiados ao mesmo plano.

Os pesquisadores perguntaram aos participantes se eles já haviam sofrido algum tipo de abuso físico e não físico, como ameaças contra sua segurança, condutas controladoras (por exemplo, com quem poderiam se reunir e onde poderiam ir) e similares.

- "Não estamos falando de discussões ou desacordos menores", explicou Reid.

14,2% cento dos homens entre 18 e 54 anos disse que tinha sofrido violência por parte do parceiro nos últimos cinco anos, enquanto 6,1% tinha sofrido no ano anterior.

As taxas caiam entre os homens com mais de 55: 5,3% tinha sofrido violência nos últimos cinco anos e 2,4% nos 12 meses anteriores.

30,5% dos homens com menos de 55 anos e 26,5% dos com mais disseram que já foram vítimas de violência doméstica em pelo menos uma vez na vida e aproximadamente metade da violência sofrida tinha sido física.

Os homens não costumam terminar a relação após apanhar em casa; a maioria dos expostos a violência não física teriam padecido em múltiplas ocasiões, com freqüência durante vários anos e com o mesmo parceiro. Mas na maioria dos casos, a violência física durou menos de um ano.

A equipe ainda observou que os homens que sofreram violência doméstica tinham mais problemas mentais e emocionais que o resto, em especial os mais idosos.

Durante a entrevista, Reid disse que era bem possível que uma percentagem da violência sofrida seja uma conseqüência de atos violentos dos próprios homens, o que o estudo não pôde responder. E reiterou que a intenção deste estudo não foi desmerecer a violência doméstica contra as mulheres.

- "Ainda devemos prestar muita atenção à violência contra as mulheres, mas não podemos fechar os olhos ao constatar que a violência doméstica está tomando vários rumos: contra as mulheres, as crianças e os homens e queremos e devemos acabar com isso em todas suas formas", assinalou.

Reid recomendou que toda pessoa exposta a violência doméstica, inclusive os homens, recorra às linhas de atenção a vítimas de abuso.