Em 2007, uma ONG chamada Amigos das Bibliotecas das Aldeias Africanas perguntou ao fotógrafo David Pace se ele gostaria de clicar algumas aldeias remotas em Burkina Faso. A organização tinha acabado de conquistar o status de ONG e precisava de algumas fotos das bibliotecas que tinham construído. Ele não tinha idéia no que estava me metendo ou o que estava fazendo, mas os fundadores eram seus amigos e achou que era uma coisa boa. |
A primeira biblioteca que David fotografou estava localizada na pequena aldeia de Bereba, com um população de cerca de 5.000 habitantes. Não tinha eletricidade e nem água corrente, e fotografar lá, que incluiu trabalhar com um tradutor francês, foi bem complicado. Mas David caiu imediatamente de amores pelo lugar e começou a ver coisas interessantes para onde quer que olhasse.
- "A paisagem é muito simples. É tudo muito claro e é uma região agrícola onde nada realmente se destaca. Se você tivesse que ir para lá como turista, você diria que não há nada lá", disse ele. - "Fiquei fascinado pela forma como as pessoas vivem, como se vestem, como se movem em torno da paisagem. Quanto mais tempo passava por lá, mais descobria pequenas áreas bonitas onde eu poderia fazer fotografias."
David sabia que tinha que voltar. Entre a primeira e a segunda viagem, ele passou 11 meses aprendendo francês. Desde então, ele volta para Bereba a cada ano em média por dois meses para trabalhar na série de projetos que mostram a vida cotidiana na aldeia.
- "Eu aprendi muito sobre como é viver na aldeia e quero compartilhar isso com as pessoas aqui. Muitas das nossas concepções sobre a África estão equivocadas", disse ele. - "Nós nunca realmente sabemos como é a vida no dia-a-dia."
Quando fica em Bereba, David mora em uma casinha na periferia da aldeia ao longo de uma estrada de terra onde as pessoas caminham para seus sítios e campos de cultivo de manhã e à noite. Uma noite, a mais ou menos cinco anos atrás, David começou a tirar fotos quando as pessoas passavam.
- "A primeira foto que eu fiz, era de uma menina, talvez com 9 ou 10 anos que tinha ido buscar lenha. Ela estava caminhando na estradinha com um feixe de lenha na cabeça. A pilha tinha quase metade da altura dela. Parecia um chapéu escultural incrível. Isso me surpreendeu. Eu corri e peguei a minha câmera e tirei uma foto", disse ele.
Uma vez que ele começou a andar pelas redondezas e prestar mais atenção, David começou a perceber um fluxo mais ou menos constante de pessoas que vêm e vão a pé, em suas bicicletas e motocicletas, ou em carroças puxadas por burros ou bois, todas as tardezinhas um pouco antes até pouco depois do pôr do sol. Às vezes, eles carregam lenha, outras vezes cestas ou panelas cheias de alimentos que colheram. Na maioria das vezes já está um pouco escuro quando esta procissão começa, então David começou a usar um flash, que deu as fotos, de sua série "Sur La Route" ("Na estrada") um jeitão mais surreal, cinematográfico até.
Antes de David chegar, as câmeras não eram muito comuns na aldeia. A maioria das pessoas ia até um "retratista" local, que faz fotos formais de bebês e fotos de família. David disse que levou algum tempo para que as pessoas se acostumassem a ter um fotógrafo digital por ali.
- "Foi um pouco difícil no primeiro ano, eles não estavam acostumados a ter alguém tirando fotos por outras razões do que para si. No início, não sabia exatamente o porque eu estava fotografando e o que iria fazer com as fotos. O primeiro ano eu simplesmente estava lá, levava uma conversa de 15 minutos com a ajuda de um tradutor antes que eu pudesse tirar uma foto", disse ele.
Agora, no entanto, tudo mudou; as pessoas procuram o fotógrafo com seus filhos perguntando se ele pode fotografá-los. E as pessoas que passam na frente de sua casa no fim de tarde, param e fazem pose para que David fotografe.
- "Quando estou com minha câmera, eles param, eu tiro a foto e eles seguem em frente. Às vezes eu nem preciso dizer nada."
Fonte: Slate.
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Comentários
coloridas as roupas
Eu tive a mesma impressão que Marron. As fotos e os semblantes das pessoas transmitem uma paz, um viver sem pressa. As fotos são relaxantes.
Outro mundo...
C'eat la vie en passant....
Bom.
Esse lugar transmite uma paz...